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Petição quesitos perícia médica: o que são prazos e como elaborar

Petição quesitos perícia médica: o que são prazos e como elaborar

A perícia médica é uma peça central em ações judiciais que envolvem a saúde física ou mental das partes, seja em problemas de invalidez, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais ou outros litígios que exigem uma análise especializada. 

Quando o direito e a medicina se encontram no âmbito jurídico, o parecer técnico atua como a ponte entre esses dois mundos, traduzindo a linguagem científica para auxiliar na tomada de decisões legais justas e justificadas. É nesse contexto que entram os quesitos, perguntas diretas e objetivas que orientam o perito a responder pontos-chave do caso.

A relevância desses questionamentos vai além da simples formulação de dúvidas: eles têm o poder de guiar a perícia médica, moldando o escopo e o foco do relatório investigativo.

A clareza, assertividade e profundidade com que eles são desenvolvidos podem ser determinantes para que o juiz compreenda aspectos profissionais e faça a escolha correta.

Neste artigo, exploraremos o conceito de questionamentos em análise médica, quem pode formulá-los, o momento ideal para sua exposição, a importância de sua estruturação precisa, e, finalmente, forneceremos um modelo de petição para a elaboração de quesitos em perícia médica.

O que são quesitos em perícia médica?

Os quesitos em uma perícia médica são perguntas objetivas e metódicas planejadas pelas partes envolvidas em uma demanda legal. Essas partes podem ser o autor, o réu ou até mesmo o próprio juiz, visando direcionar e orientar o trabalho do profissional de saúde.

Essas ponderações esclarecem pontos notáveis e específicos do caso, permitindo que o perito retorne com informações detalhadas, que a autoridade jurídica usará como base para tomar uma determinação fundamentada.

Em outras palavras, eles funcionam como uma espécie de roteiro, assegurando que o perito verifique devidamente todos os aspectos relevantes da ocorrência, principalmente os relacionados ao bem-estar dos demandantes.

Em processos que envolvem consulta técnica, como os de indenização por acidente de trabalho, invalidez ou doenças ocupacionais, a complexidade dos temas abordados exige um nível de especialização que foge ao conhecimento jurídico convencional. 

É nesse ponto que os quesitos ganham pertinência, permitindo uma maior clareza no processo. Eles ajudam os participantes a traduzirem suas dúvidas e preocupações jurídicas em inquirições claras, que o analista, com seu conhecimento científico, poderá responder adequadamente.

Além disso, eles não apenas ajudam a explicitar fatos, mas também a evitar interpretações incorretas ou superficiais do laudo avaliatório. 

Quando bem formulados, eles abordam diretamente as temáticas essenciais para a demanda, como a existência de nexo causal entre um acidente e uma lesão, o grau de incapacidade da parte, ou a possibilidade de reabilitação. 

Dessa forma, os questionamentos ajudam a moldar o escopo da avaliação, garantindo que os principais pormenores sejam tratados com o devido rigor.

Quem pode formular quesitos para o perito?

A elaboração de quesitos para o perito pode ser feita por diferentes figuras dentro da ação judicial:

  • Autor: a parte que ajuizou a ação pode criar indagações que ajudem a sustentar sua versão dos fatos. Por exemplo, em um caso trabalhista que discute a incapacidade para o trabalho, o autor pode redigir interrogações que explorem a relação entre a ocorrência sofrida e a incapacidade decorrente.
  • Réu: o envolvido que se defende no processo também tem o direito de formular seus quesitos. Aqui, o objetivo é geralmente indagar a versão do autor e revisitar características que possam contestar ou minimizar a alegada relação entre o evento e o dano.
  • Juiz: o magistrado, de ofício, pode preparar tópicos que considerar pertinentes para elucidar pontos cruciais na ação, mesmo que os participantes não tenham apresentado interrogações. Isso ocorre frequentemente quando o tribunal percebe lacunas nas questões que os envolvidos formularam.

Além disso, os assistentes técnicos nomeados pelas partes podem colaborar na elaboração dos questionamentos. Como possuem conhecimento especializado, são capazes de sugerir perguntas que esclarecem melhor os aspectos analíticos e científicos da ocorrência.

Quando apresentar quesitos em perícia médica?

A apresentação dos quesitos em uma perícia médica pode ocorrer em três momentos diferentes: antes, durante e após a perícia, sendo que cada um tem relevância estratégica no andamento do processo. Vamos explorar cada uma dessas fases abaixo.

Antes da Perícia

A fase mais comum para o envio dos quesitos é antes da realização da avaliação clínica, ou seja, no início do processo. 

Nesse estágio, os interessados recebem um prazo para protocolar suas interrogações junto à autoridade legal, que as enviará à autoridade designada para o caso.

Apresentar tópicos antes da verificação é uma oportunidade definitiva, pois o perito ainda não finalizou o processo e seguirá as perguntas direcionadas para formular seu parecer.

Caso não façam neste momento, as partes podem perder a chance de explorar problemas fundamentais.

Durante a Perícia

Embora seja menos comum, é possível que, durante a perícia, surjam novas dúvidas ou questões que não foram antecipadas nos tópicos iniciais. 

Assim, os advogados podem solicitar ao técnico que responda a novos quesitos durante o procedimento de avaliação.

No entanto, essa possibilidade vai depender da aceitação do juiz e da disponibilidade do profissional em atender a novas indagações fora do limite de tempo inicial.

Após a Perícia

Em situações excepcionais, quesitos podem ser criados após a conclusão da inspeção, principalmente se o parecer avaliatório exposto pelo perito não for suficientemente claro ou mostrar inconsistências. 

Assim, as partes podem requerer uma ampliação da análise ou solicitar esclarecimentos adicionais com base nos itens formulados após a apresentação do laudo.

Cabe lembrar que essa fase é mais restritiva e depende da autorização judicial, podendo ser considerada uma tentativa de complementação do trabalho analítico já realizado.

Qual é a importância dos quesitos na perícia médica?

Os quesitos têm uma função essencial na perícia clínica e, por consequência, no desfecho de ações processuais que envolvem situações de saúde, acidentes ou invalidez. 

Isso porque atuam como o fio condutor da análise técnica, certificando que a autoridade aborde os detalhes mais significativos do caso com clareza e objetividade.

A importância das ponderações está diretamente ligada à precisão e extensão das informações que o relatório pericial trará para o processo, influenciando tanto a argumentação das partes quanto a sentença final do árbitro. Outras razões, são:

  • Orientam o perito: os quesitos são o guia que o avaliador segue para realizar sua análise. Sem perguntas claras e bem elaboradas, o perito pode deixar de abordar assuntos importantes, resultando em um laudo incompleto ou insuficiente para o veredito;
  • Ampliam o entendimento técnico: como o juiz não tem conhecimento em medicina, os questionamentos são uma ferramenta para traduzir as dúvidas jurídicas em inquirições metódicas que serão respondidas por um especialista;
  • Influenciam diretamente o laudo pericial: o desfecho da inspeção será determinado pela forma como o técnico responde aos tópicos. Um quesito mal formulado pode gerar respostas vagas, enquanto quesitos bem elaborados fornecem uma base sólida para a decisão forense;
  • Facilitam a defesa e argumentação: indagações bem preparadas dão à parte a oportunidade de direcionar o exame analítico para detalhes específicos de seu interesse, reforçando sua tese ou enfraquecendo a tese da parte adversa.

Como elaborar bons quesitos para perícia?

Elaborar bons questionamentos para a consulta clínica é uma etapa estratégica e técnica que pode afetar diretamente o resultado de um processo jurídico.

A assertividade das perguntas redigidas ao perito pode determinar a qualidade e a relevância do relatório, que, por sua vez, servirá de base para a sentença do juiz. 

  1. Seja claro e objetivo

O quesito deve ser direto ao ponto, sem ambiguidade. Por outro lado, inquirições mal formuladas podem levar a conclusões evasivas ou imprecisas.

  1. Use linguagem técnica quando necessário

Embora seja importante evitar jargões complexos, em avaliações analíticas que lidam com aspectos médicos, certos termos são necessários. Isso garante que o perito entenda corretamente o que está sendo ponderado.

  1. Pergunte sobre a relação de causa e efeito

Em muitos contextos, deve-se questionar sobre a relação direta entre o evento que deu origem à ação (acidente, doença, etc.) e a condição do autor. Por exemplo: “A patologia apresentada pelo autor decorre diretamente do acidente mencionado?”

  1. Inclua perguntas sobre prognóstico e reabilitação

Em análises que envolvem incapacidades temporárias ou permanentes, é relevante indagar sobre o prognóstico do paciente e a possibilidade de recuperação total ou parcial.

  1. Formule perguntas sobre o grau de incapacidade

Em demandas que envolvem incapacidade laboral, por exemplo, é válido indagar sobre o grau de incapacidade (total, parcial, temporária ou permanente) e como ela afeta as atividades do cotidiano.

Modelo de petição – quesitos de perícia médica

Um modelo de petição bem estruturado auxilia o perito a abordar todas as dúvidas e fatores de interesse na perícia

Dessa forma, ele serve como um ponto de partida para que juristas de ambas as partes planejem suas perguntas de maneira técnica e eficiente. Assim, assegura que todos os aspectos impactantes sejam devidamente explorados pelo especialista nomeado.

A seguir, veja um modelo básico de petição para exposição de quesitos em perícia médica. Esse modelo pode ser adaptado conforme o caso concreto e as particularidades do processo. 


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE ___

Processo n.º: [número do processo]

[Nome da parte autora], já qualificado nos autos da ação em epígrafe, que move em face de [Nome da parte ré], também já qualificada, vem, por meio de seu advogado, à presença de Vossa Excelência, apresentar os seguintes QUESITOS a serem respondidos pelo perito designado para a realização da perícia médica:

  1. O autor é portador de alguma patologia ou lesão que o incapacite para o trabalho?
  2. A referida patologia/lesão tem nexo causal com o acidente/condição alegado nos autos?
  3. O autor encontra-se incapaz total ou parcialmente para o exercício de suas atividades laborais? Em caso positivo, a incapacidade é temporária ou permanente?
  4. Existe possibilidade de reabilitação para outras atividades? Em caso positivo, qual o prazo estimado para essa recuperação?

Termos em que,
Pede deferimento.

[Local], [data].

[Nome do advogado]
OAB [número da OAB]


Qual o prazo para apresentar quesitos para perícia?

O prazo é estabelecido pelo juiz após a nomeação do perito e segue a legislação processual vigente, que pode variar conforme a natureza da ocorrência e o procedimento adotado pelo tribunal. 

Em regra, a autoridade legal estipula um período, geralmente entre 10 e 15 dias, para que os envolvidos apresentem seus quesitos. Nesse prazo, autor, réu e seus advogados devem submeter as perguntas que desejam que o profissional responda durante a avaliação.

No entanto, uma vez expirado o prazo, as partes podem perder a chance de questionar aspectos técnicos do caso por meio das indagações, o que pode resultar em um laudo investigativo incompleto ou com lacunas, desfavorecendo quem não submeteu suas inquirições.

Nesse sentido, é imprescindível que os juristas fiquem atentos ao despacho que nomeia o técnico, pois é nele que constará a data limite para a apresentação dos questionamentos. A falta de atenção a esse detalhe pode comprometer a condução da demanda.

Além disso, a legislação processual prevê que os defensores devem notificar o oficial de justiça e ao outro demandante sobre as ponderações protocoladas, certificando a transparência e o direito de ambos contribuírem para a preparação das perguntas. 

Se uma parte se omitir ou não desenvolver os quesitos dentro do prazo, o analista seguirá apenas os quesitos enviados pela outra parte ou as interrogações do árbitro. Isso pode prejudicar a defesa ou a argumentação de quem não participou ativamente dessa etapa.

Contudo, em situações excepcionais, é possível solicitar ao tribunal a entrega de interrogações complementares ou pedir esclarecimentos ao perito após a entrega do relatório pericial. 

Isso porque, quando o parecer inicial demonstra conclusões vagas, insuficientes ou quando novos fatos surgem durante a ação que justifiquem uma nova rodada de dúvidas. 

Nesses casos, o advogado deve justificar a necessidade de novos pontos ao juiz. Ele deve também solicitar a aceitação para a ampliação, garantindo que o perito aborde todos os atributos relevantes.

Conclusão

A perícia clinica, dentro do contexto judicial, é um momento crítico que pode determinar o desfecho de processos relacionados à saúde, invalidez, acidentes e outras situações médicas. 

Assim, o desenvolvimento de quesitos bem estruturados, claros e pertinentes é indispensável nessa causa. Eles orientam o diagnóstico técnico do perito e influenciam diretamente a qualidade e precisão do relatório investigativo.

Por isso, o cuidado com os seus detalhes na criação e o cumprimento dos prazos legais são fatores cruciais que podem impactar o andamento e o desfecho da ação.

Através dos questionamentos, os demandantes têm a oportunidade de certificar que o analista aborde pormenores específicos que podem ser decisivos para sustentar suas alegações ou refutar as da parte contrária.

Direcionar o foco do exame permite abordar com precisão técnica e tratamento especializado adequado questões complexas de saúde, frequentemente além do alcance jurídico.

Dessa forma, tanto o autor quanto o réu se beneficiam, além do juiz, que terá um laudo mais completo para fundamentar sua sentença.

Além disso, a etapa de elaboração e apresentação dos quesitos fortalece o princípio do contraditório e da ampla defesa, assegurando que ambos tenham a chance de se manifestar de forma detalhada sobre os pontos centrais da inspeção. 

Como resultado, o advogado, ao formular perguntas estratégicas, não só direciona o curso da análise pericial como também prepara o terreno para uma argumentação mais sólida durante o julgamento.

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