A advocacia correspondente é uma alternativa de trabalho muito utilizada por advogados que precisam auferir alguma renda sem precisar atuar fora da profissão. Embora seja uma opção procurada por recém formados, muitos advogados experientes também atuam como correspondentes.
Essa prática muito utilizada no país pode ser desconhecida por alguns. De fato, ser correspondente é muito diferente de ser um advogado contratado ou associado, por exemplo.
Por isso, é essencial entender como funciona a advocacia correspondente e saber diferenciá-la de outros modos de atuação como advogado. Continue a leitura e tire as suas dúvidas sobre esse tema!
O que faz um advogado correspondente?
Antes mesmo de falar sobre a advocacia correspondente, é essencial entender o que faz um advogado que atua dessa maneira.
Também chamado de correspondente jurídico, trata-se de um profissional que realiza serviços jurídicos diversos para outros advogados, escritórios de advocacia ou empresas.
Na maioria das vezes, esses advogados são requisitados quando os contratantes não possuem filial ou escritório na localidade necessária. Muitos também os contratam para delegar tarefas, mesmo que as atividades a serem feitas sejam na mesma comarca do escritório que os contrataram.
Os advogados correspondentes podem realizar diversas diligências e tarefas jurídicas, desde que possuam aptidão e conhecimento para isso. Isso porque, em diversos serviços, pode ser necessário ter a inscrição ativa nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em outras funções, apenas o bacharelado em Direito pode ser suficiente. As diligências de menor complexidade podem até serem executadas por estudantes de Direito.
Como funciona a advocacia correspondente?
Para entender como funciona a advocacia correspondente, um exemplo simples pode ajudar.
Imagine que um escritório de advocacia em São Paulo (SP) precisa realizar uma audiência em Porto Alegre (RS) e retirar alguns documentos essenciais para um determinado processo em Curitiba (PR).
Em vez de fazer os seus advogados se deslocarem para essas duas cidades, o escritório de SP pode contratar correspondentes nessas duas comarcas para realizar as atividades necessárias para o andamento da ação.
Dessa forma, eles podem entrar em contato com profissionais nessas localidades e contratá-los para realizar essas tarefas determinadas.
Ou seja, trata-se de uma contratação de um profissional autônomo para a realização de uma tarefa determinada. Nesse sentido, ele não será considerado um empregado remoto e não estará vinculado ao processo judicial em questão.
Os escritórios de advocacia, bem como advogados autônomos e companhias, podem contratar correspondentes quantas vezes for necessário. Ademais, pode, inclusive, contratar o mesmo advogado em outros momentos que necessitar, se gostar do trabalho dele.
Somente advogados podem ser correspondentes?
É importante esclarecer algumas questões que deixam dúvidas em muitos profissionais. Ser correspondente jurídico não é uma atividade privativa da advocacia. Logo, não é preciso que o profissional tenha inscrição na Ordem dos Advogados para trabalhar dessa forma.
A obrigação da inscrição na OAB depende da atividade solicitada pelos contratantes. Caso necessitem de um serviço que seja privativo da advocacia ou que tenha mais proximidade com as funções da profissão, ela será necessária.
Por outro lado, se as atividades solicitadas forem mais administrativas, por exemplo, bacharéis em Direito e até estudantes podem realizá-las.
Quais são as vantagens da advocacia correspondente?
A advocacia correspondente traz diversas vantagens para os profissionais que desejam atuar dessa maneira. Veja abaixo algumas considerações!
Atuação remota
O advogado correspondente pode atuar de forma remota. Dessa forma, não é necessário investir em uma estrutura física, nem mesmo em muitos equipamentos de informática para poder exercer a profissão e realizar as atividades para as quais foi contratado.
Ganho de experiência
A advocacia correspondente é uma ótima maneira de ganhar experiência na profissão. Dessa forma, o profissional pode aprender um pouco sobre as atividades que tenham relação com a advocacia e ganhar autoconfiança para poder atuar sozinho, caso deseje.
Além disso, ser correspondente jurídico pode agregar no currículo dos que desejam conseguir um emprego em algum escritório.
Possibilidade de ganhos interessantes
A advocacia correspondente é uma forma de ganhar dinheiro atuando na área. Para quem está iniciando, essa pode ser a alternativa encontrada para gerar um fluxo de caixa. Os que já possuem experiência pode atuar dessa forma para conseguir uma renda extra, caso desejem.
Existem diversas possibilidades de ganhos para os correspondentes jurídicos no mercado, visto que esses profissionais sempre são requisitados.
Boas opções de atuação
A advocacia correspondente permite que o profissional atue em um amplo mercado. Isso porque poderá prestar serviços para diversas empresas, escritórios e profissionais. Além disso, poderá experimentar e conhecer diversas áreas do Direito.
Dessa forma, é possível enriquecer o currículo e adquirir muitos conhecimentos, o que pode contribuir para que o advogado escolha a sua área de atuação no futuro.
Ampliação do networking
Ao atuar como correspondente, o profissional entrará em contato com diversos outros advogados, além de empresários e especialistas de outras áreas do conhecimento.
Isso é bastante positivo, visto que formar uma rede de contatos pode ser essencial no futuro, em caso de parcerias, emprego, estudos e até criação de novos negócios.
Melhora na visibilidade
Ao fazer networking e criar uma rede de contatos, o profissional pode adquirir notoriedade no meio profissional. Desse modo, pode ser lembrado para parcerias, ser indicado para advogar em processos judiciais, dentre outros.
Caso decida atuar como advogado autônomo, isso pode ser fundamental para ganhar autoconfiança, principalmente no início da carreira, em que é interessante receber auxílio de profissionais mais experientes. Ademais, pode conseguir clientes mais rápidos ao ser indicado pelos colegas de profissão.
Permite autonomia
A advocacia correspondente é autônoma. Ou seja, o profissional pode fazer a sua própria agenda e trabalhar nos horários que deseja. Ademais, ela possibilita que o advogado aceite ou recuse atividades conforme a sua vontade.
Entenda que o correspondente não é um empregado! Logo, não precisa cumprir horários e ser um subordinado. Ele é remunerado por tarefas realizadas e recebe conforme a demanda que possui, da mesma forma que qualquer outro trabalhador autônomo.
Possibilidade de ter atividades paralelas
Na advocacia correspondente, o profissional pode ter outras atividades além da correspondência. Ou seja, é possível ser correspondente e advogar em algum escritório ao mesmo tempo, por exemplo. Ou então, trabalhar em projetos pessoais enquanto realiza os serviços contratados como correspondente.
Quais são as desvantagens de ser um advogado correspondente?
Embora seja muito benéfica, existem algumas desvantagens que precisam ser consideradas. Veja abaixo algumas delas.
Renda incerta
Para alguns, ser contratado por um escritório ou empresa para trabalhar em um departamento jurídico é a melhor forma de exercer a carreira, principalmente para aqueles que desejam uma certa “estabilidade”.
Na advocacia correspondente, você não terá um salário certo no final do mês. A sua renda pode variar consideravelmente. Dependendo da demanda, em um mês você pode conseguir um bom lucro. Por outro lado, em momentos em que a demanda é baixa, o seu lucro pode cair.
Mercado competitivo
Não chega a ser uma desvantagem, mas é preciso dizer que o mercado para correspondentes jurídicos é competitivo. Muitos profissionais se habilitam para atuar nessa modalidade.
Logo, o interessado pode competir com outros advogados, estudantes e bacharéis em Direito.
Por isso, é interessante buscar maneiras de se diferenciar, como se especializar em alguma área, oferecer serviços diferenciados e que poucos realizam, dentre outros.
Veja também:
Aproveite e veja também o vídeo que o CEO da ADVBOX, Eduardo Koetz, fez para explicar de forma clara e simples o funcionamento do mercado jurídico!
Desvalorização
A advocacia é desvalorizada. Infelizmente, parte dessa desvalorização ocorre por conta de outros advogados. Sendo assim, é comum ver advogados e escritórios querendo contratar outros profissionais para realizar as tarefas necessárias e oferecer valores irrisórios para isso.
Por exemplo, oferecer R$20,00 para o profissional realizar uma audiência ou R$50,00 para participar de perícias, dentre outros. Situações absurdas como essa são comuns.
Quais são os benefícios de contratar um correspondente jurídico?
Se para os profissionais que desejam atuar como correspondentes existem vantagens, para quem os contrata também!
Devido às mudanças tecnológicas, muitos escritórios passaram a poder atuar de forma remota. Por isso, muitas advocacias já atendem clientes do Brasil inteiro sem precisar se deslocar até a comarca onde estes residem.
Nesse cenário, a advocacia correspondente ganha espaço. Em vez de enviar seus advogados para realizarem os atos jurídicos necessários em outras cidades e estados, é possível recorrer aos correspondentes para que façam essas atividades.
É inviável enviar profissionais para outros estados porque, além dos altos custos, a OAB impõe um limite de atuação de advogados em outros estados da federação. Lembre-se que o advogado pode atuar em até 5 causas por ano sem a necessidade de se inscrever na Seccional da OAB desses estados.
Imagine pagar anuidades em diversos estados da federação e o deslocamento toda vez que precisar realizar algo nesses lugares. O custo poderia ser muito alto. Logo, é muito mais vantajoso recorrer aos profissionais que já estão nesses locais.
Sendo assim, a primeira vantagem é justamente isso: baixos custos e praticidade. Ademais, o correspondente não se torna um advogado responsável pelo processo, visto que apenas realiza algumas atividades relacionadas à ação.
A contratação de correspondentes gera celeridade para a rotina nos escritórios de advocacia, melhorando o fluxo de trabalho de todos.
Inclusive, contratar correspondentes da sua cidade para realizar atos processuais na comarca do escritório também contribui para desafogar o excesso de trabalho dos funcionários e agilizar atividades necessárias. Logo, não é preciso contratar correspondentes apenas quando a diligência ocorre em outra cidade ou estado.
Como faço para ser um advogado correspondente?
Para se habilitar e se tornar um advogado correspondente, o primeiro passo é entender as regras sobre como funciona essa modalidade de contratação. Nesse artigo, foi comentado que o correspondente não é um empregado. Por ser um autônomo, pode organizar a sua agenda como desejar, bem como aceitar e recusar tarefas conforme o seu entendimento.
Para trabalhar como correspondente, você pode participar de grupos específicos para isso nas redes sociais. Outra alternativa é conversar com os escritórios na sua região ou de outras localidades e se oferecer para realizar diligências como correspondente.
A maneira mais comum é se cadastrar em sites e plataformas para correspondentes jurídicos. Existem muitas delas que conectam empresas, escritórios e advogados aos correspondentes.
Elas são muito utilizadas. Algumas oferecem planos gratuitos e outras exigem o pagamento de mensalidades para conseguir conversar e aparecer para mais clientes.
Tais plataformas podem oferecer todo o processo de contratação, negociação de valores e dispor de métodos para controlar a execução dos serviços contratados.
Algumas dessas plataformas são: DOC9, Juris Correspondente, Jurídico Certo, Diligero, Jurisite, Meu Correspondente jurídico, e a GetNinjas. Enquanto todas são dedicadas a essa atividade, o GetNinjas é para todo tipo de serviço, independente da área de conhecimento.
Veja mais opções no artigo abaixo para você se cadastrar e ser contratado como correspondente:
Quais serviços um advogado correspondente pode realizar?
Existem diversas atividades que um advogado correspondente pode realizar. Veja abaixo algumas das mais comuns.
Cópias processuais
Esses profissionais costumam ser muito requisitados para realizar cópias de processos judiciais, independente de serem digitais ou físicos. No caso deste último, o correspondente terá que se deslocar até o local onde os autos se encontram para realizar as cópias.
Em caso de processos digitalizados, o profissional deverá procurar os autos no site do órgão judiciário onde a ação tramita.
Audiências
As audiências são outro dos serviços mais comuns. Os correspondentes podem atuar tanto como advogados quanto como preposto. Esse trabalho exige conhecimento suficiente do processo.
O contratante deverá também instruir muito bem o contratado sobre valores, acordos, dentre outras peculiaridades do caso.
Protocolo de documentos
Outro serviço frequente oferecido aos correspondentes é o protocolo de documentos. Nesse caso, é preciso emitir documentos que permitam que o correspondente realize o protocolo no local determinado.
Diligências gerais
Por estar apto a realizar diversas diligências, o profissional pode ser requisitado para retirar documentos processuais e alvarás, cópia de magistrado, dentre outros.
Quanto pagam em média para um advogado correspondente?
O valor dos pagamentos para um advogado correspondente depende muito do tipo de serviço solicitado, bem como de outros fatores, como: urgência, valores cobrados na região, dentre outros. O profissional pode acordar o preço desejado com o contratante.
O advogado correspondente é remunerado por tarefas realizadas. Conforme o site Vagas.com, um correspondente jurídico ganha, em média, R$1.350,00 por mês.
A advocacia correspondente é muito interessante para advogados que desejam autonomia e ganhar experiência na área. Ela é essencial para a organização e celeridade nos escritórios, visto que os profissionais realizam atividades primordiais para o andamento processual. Por isso, devem ser valorizados e muito bem remunerados.
E se você gostou desse artigo, veja agora o que um estrategista jurídico precisa saber!
