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Cumprimento de sentença contra a fazenda pública: como calcular

Cumprimento de sentença contra a fazenda pública: como calcular

O cumprimento de sentença é uma fase importante no processo judicial, uma vez que é o momento em que o vencedor da demanda busca efetivar o direito reconhecido em juízo.

Quando se trata de cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, o procedimento envolve os entes federativos, como União, estados, municípios, autarquias e fundações. 

Esse procedimento possui particularidades que o diferenciam dos casos de implementação de vereditos entre particulares.

Essas peculiaridades se justificam, principalmente, pela necessidade de preservar a continuidade dos serviços institucionais e o equilíbrio orçamentário do Estado. 

Essa execução exige cautela e respeito a normas constitucionais e legais, que buscam garantir que a quitação das dívidas públicas ocorra sem comprometer o funcionamento das instituições.

Neste artigo, vamos explorar o cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, seus princípios, prazos e formas de pagamento e exemplos práticos da execução legal.

O que significa cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública?

O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública é a operação pela qual o credor busca a satisfação de um crédito decorrente de uma condenação jurídica imposta ao órgão.

A peculiaridade dessa situação está no fato de que, diferentemente do que ocorre em uma execução judicial comum, onde bens do devedor podem ser penhorados, a entidade estatal não está sujeita a penhoras. 

O pagamento do encargo se dá por meio de um regime especial de precatórios ou Requisição de Pequeno Valor (RPV), segundo a quantia da condenação.

Conforme o artigo 100 da Constituição Federal, essa execução deve seguir regras precisas, sobretudo no que se refere ao modo de compensação. 

Quando o encargo devido ultrapassa o limite legal para RPVs, o Estado deve pagar a dívida por requisição judicial. Isso pode resultar em um tempo considerável até que o requerente receba seu montante.

Quais são os princípios que regem o Cumprimento de Sentença contra a Fazenda Pública?

O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública é regido por vários princípios constitucionais e legais como da responsabilidade patrimonial do Estado, da precipuidade, da menor onerosidade possível, da preservação do serviço público e da isonomia.

Esses princípios visam proteger os interesses do credor e garantir a continuidade dos atendimentos, além de manter o equilíbrio das finanças públicas.

Princípio da Responsabilidade Patrimonial do Estado

Essa diretriz exige que, quando condenado legalmente, o Estado use seu patrimônio para satisfazer a compensação. No entanto, o regime especial de pagamento por requisições de crédito ou RPV mitiga esse dever.

Ou seja, o Estado não responde com penhoras imediatas sobre seus bens, mas deve cumprir a obrigação judicial por meio desses mecanismos legais.

A entidade governamental, diferentemente dos particulares, não pode ter seus bens penhorados ou expropriados diretamente. Assim, o Estado garante a continuidade dos serviços essenciais, evitando comprometer o patrimônio coletivo de forma indiscriminada.

Princípio da Precipuidade

O princípio da precipuidade é um desdobramento do fundamento da legalidade. Ele estabelece que as compensações devidas pela administração estatal devem seguir uma ordem cronológica, segundo a data de expedição dos precatórios. Ou seja, o Estado deve pagar suas obrigações de forma ordenada e planejada, respeitando a fila das ordens de pagamento.

Esse conceito visa evitar privilégios indevidos e garantir a isonomia entre os requerentes.

Além disso, permite que o Estado organize suas finanças e aloque os recursos orçamentários de forma responsável para o pagamento das dívidas processuais.

Princípio da Menor Onerosidade Possível

Essa orientação visa proteger o órgão governamental de execuções excessivamente onerosas que possam comprometer a continuidade das atuações sociais. 

O objetivo é garantir que a execução da ordem não cause um impacto desproporcional nas economias coletivas. Dessa forma, busca-se evitar que a quitação dos compromissos financeiros comprometa a prestação de serviços básicos à população.

A aplicação dessa diretriz também favorece o devedor na execução de particulares. No entanto, sua relevância se acentua ainda mais na ação de sentença contra a Fazenda, devido ao impacto social que a interrupção ou comprometimento das assistências institucionais pode gerar.

Princípio da Preservação do Serviço Público

O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública deve ocorrer sem comprometer o funcionamento e a continuidade dos serviços administrativos essenciais. 

A Constituição Federal assegura que, mesmo com a condenação do Estado, ele deve continuar prestando atendimentos à sociedade.

Por isso, o Estado parcela o pagamento das dívidas judiciais, de acordo com a disponibilidade orçamentária, evitando impactos drásticos na prestação de serviços como saúde, educação e segurança social.

Princípio da Isonomia

O princípio da isonomia exige que o Estado trate todos os credores de forma igualitária. Assim, não deve haver privilégios ou discriminações no desembolso dos encargos. 

As autoridades organizam a fila de requisições de crédito segundo a ordem cronológica de apresentação, garantindo que todos os demandantes, independentemente de quem sejam, recebam seus reembolsos de maneira equitativa.

Dessa forma, essa regra é indispensável para assegurar a transparência e a imparcialidade na ação da decisão contra o órgão oficial, evitando que interesses políticos ou econômicos interfiram na ordem dos pagamentos.

Quanto tempo leva o cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública?

O tempo necessário para o cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública pode variar significativamente dependendo do valor da condenação e do orçamento institucional

Se o crédito for de pequena quantia, dentro do limite estabelecido para RPVs, a quitação tende a ser mais rápida, ocorrendo em até 60 dias após a expedição.

Por outro lado, se o valor ultrapassar a margem, o Estado pagará a dívida por meio de documentos de reembolso, e o prazo pode ser bastante extenso, pois o pagamento depende da inclusão do montante no orçamento governamental. 

Em alguns casos, os credores podem esperar vários anos, dependendo do volume de precatórios a pagar e da disponibilidade orçamentária.

Como fazer cálculo de cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública?

O cálculo do valor devido na execução de veredito contra o governo deve considerar o montante principal,os juros de mora e a correção monetária

O ajuste preserva a quantia real do crédito ao longo do tempo, enquanto os juros de mora compensam o solicitante pelo atraso na compensação. 

Os índices de revisão e a taxa de acréscimo aplicáveis podem variar dependendo do tipo de crédito e do ente público envolvido. Geralmente, a alteração financeira se baseia no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou na Taxa Referencial (TR), conforme a condição.

A entidade estatal é que elabora as somas e demonstra o encargo a pagar. No entanto, se o credor não concordar com o montante quantificado, ele pode impugnar os cálculos e apresentar sua própria ao juiz.

Quais as formas de pagamento realizadas pela Fazenda Pública nos casos de cumprimento de sentença?

A entidade administrativa utiliza dois mecanismos principais para o pagamento de dívidas decorrentes de sentenças judiciais: o Requisitório de Pequeno Valor e o precatório.

  • RPV: utilizado para o pagamento de dívidas de pequena quantia, cujo limite é definido por cada ente federativo. As quitações via RPV são feitos em até 60 dias após a expedição do requisitório, sendo uma forma mais célere de efetivação da decisão;
  • Precatório: utilizado para responsabilidades de valor superior à margem estabelecida para RPVs. O desembolso por nota de requisição segue uma ordem cronológica e depende da disponibilidade orçamentária. As dívidas que superam o limite da demanda de baixo valor são pagas de forma mais demorada, geralmente em vários anos.

Quais são os prazos para o Cumprimento de Sentença Contra a Fazenda Pública?

Os prazos para cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública dependem do tipo de compensação. No caso de RPVs, o órgão estatal tem até 60 dias para realizar o pagamento após a expedição do requisitório. 

Já nos precatórios, os prazos são mais longos, podendo variar segundo o exercício orçamentário em que o valor for incluído no orçamento. Se ele for expedido até 1º de julho, a quitação deverá acontecer até o final do ciclo financeiro seguinte.

Caso contrário, ele ocorrerá no período orçamentário subsequente. Entretanto, o grande volume de notas de requisição aguardando desembolso pode tornar a realidade mais demorada.

Modelo de Cumprimento de Sentença Contra a Fazenda Pública

O cumprimento de sentença contra o órgão governamental envolve uma série de formalidades definidas, uma vez que o Estado, enquanto devedor, não pode ser tratado da mesma forma que um particular. 

A execução contra a Fazenda Pública segue um regime especial estabelecido pela Constituição Federal e pelas legislações infraconstitucionais. Isso significa que o credor não pode penhorar bens do Estado para satisfazer seu crédito diretamente.

Em vez disso, o Estado realiza o pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor ou precatório, conforme o montante da dívida.

O requerente, ao iniciar execução judicial, deve observar a legislação aplicável e apresentar uma solicitação ao juiz responsável pelo caso.

O solicitante deve fazer o pedido de maneira detalhada, demonstrando o montante da dívida e os cálculos realizados, incluindo correção monetária e juros, conforme o caso. 

Prazos determinados e procedimentos rigorosos marcam a ação, garantindo tanto a satisfação do credor quanto a manutenção dos serviços sociais.

A seguir, veja o modelo simplificado de petição de cumprimento de sentença contra o poder estatal, que serve como uma estrutura básica para a formulação de um requerimento. 

Também é possível adaptá-lo conforme as particularidades da ação.


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA [VARA COMPETENTE] DA COMARCA DE [CIDADE/UF]

Processo nº [número do processo]

[Nome do Exequente], já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que move em face da Fazenda Pública do [ente federativo], vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, requerer o cumprimento de sentença, com fulcro no artigo 100 da Constituição Federal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

  1. O Exequente obteve êxito na presente demanda judicial, conforme decisão transitada em julgado, sendo reconhecido seu direito ao recebimento da quantia de R$ [valor], conforme planilha de cálculos anexada.
  2. Considerando que o valor a ser pago se enquadra na hipótese de Requisição de Pequeno Valor, requer seja expedido o respectivo requisitório, para pagamento pela Fazenda Pública no prazo legal de até 60 dias.

Caso o valor devido exceda o limite estabelecido para RPVs, requer seja expedido precatório.

Nestes termos, pede deferimento. [Local e data] [Nome do advogado] [OAB/UF nº]

Conclusão

O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública é um procedimento complexo que reflete a necessidade de balancear a justiça com a gestão fiscal governamental.

Nesse sentido, regras específicas caracterizam o processo, garantindo tanto a proteção dos direitos dos credores quanto a estabilidade dos serviços oferecidos pelo Estado.

A diferença crucial entre os métodos de pagamento, Requisição de Pequeno Valor e precatório, ilustra a adaptação do sistema judicial às limitações e desafios financeiros enfrentados pelos entes públicos.

As RPVs oferecem um caminho relativamente ágil para a quitação de dívidas de menor valor. Já o sistema de documento de reembolso, por sua natureza, impõe uma espera que pode ser significativamente longa.

Uma série de fatores pode influenciar esse intervalo, incluindo o orçamento do ente devedor, a ordem de compensação e a quantidade de pagamentos pendentes.

Para advogados e requerentes, compreender a dinâmica dos prazos e dos mecanismos envolvidos é essencial para uma gestão eficaz das expectativas e estratégias relacionadas a efetivação de mandado. 

A capacidade de preparar um pedido bem fundamentado e acompanhar o processo com atenção aos detalhes legais e orçamentários pode fazer uma diferença significativa no tempo e na forma como o crédito é finalmente satisfeito.

Além disso, esse método não apenas reforça a importância da responsabilidade regulatória e do planejamento orçamentário, mas também ressalta a necessidade contínua de aprimoramento e eficiência na administração social. 

A interação entre os direitos dos demandantes e as obrigações do Estado é um componente vital da justiça fiscal, e sua gestão adequada é crucial para a integridade do sistema legal e para a confiança das pessoas nas instituições.

Dessa forma, a implementação de veredito contra entidades oficiais representam um desafio e uma oportunidade para fortalecer a justiça e a obrigação financeira. 

Compreender as complexidades desse processo permite garantir que a justiça seja eficaz e o equilíbrio entre os interesses sociais e privados se mantenha.

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