obrigação de fazer cpc

Obrigação de fazer CPC: o que é, quais os tipos e como funciona

A obrigação de fazer no Código de Processo Civil (CPC) é um conceito fundamental no âmbito do direito processual, com impacto direto nas relações jurídicas e na execução das decisões judiciais. 

Para garantir a efetividade do cumprimento dessas obrigações, o CPC prevê uma série de dispositivos e medidas coercitivas, como as astreintes e a possibilidade de conversão em perdas e danos.

Pensando nisso, preparamos um conteúdo completo para apresentar em detalhes o que é a obrigação de fazer no CPC e quando ela é aplicável. Confira também os artigos que tratam desse tema e como se dá o processo de execução dessas obrigações. 

O que é a obrigação de fazer no CPC?

A obrigação de fazer no Código de Processo Civil (CPC) refere-se à exigência de que uma das partes realize uma ação específica determinada pela sentença judicial. Ou seja, quando um juiz decide que uma das partes deve cumprir uma determinada prestação de forma positiva, ou seja, executar algo em favor da outra parte, isso configura a obrigação de fazer.

Quando cabe a Tutela de Urgência?

O Código de Processo Civil estabelece que, em casos de urgência ou quando houver risco de dano irreparável, o juiz pode conceder uma tutela provisória de urgência, determinando a obrigação de fazer de forma antecipada, antes mesmo do julgamento final da demanda.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Qual é o art da obrigação de fazer?

A obrigação de fazer no Código de Processo Civil (CPC) está diretamente relacionada a alguns dispositivos específicos. A seguir, apresentamos o que dizem os artigos relacionados ao tema:

O que diz o artigo 461 do CPC?

Em resumo, o artigo 461 do CPC trata da obrigação de fazer de forma detalhada. Para isso, dispõe que, quando o cumprimento da obrigação de fazer for impossível, ou se a parte devedora não cumprir a decisão, o juiz pode determinar medidas coercitivas para garantir a efetividade da obrigação. Ou seja, como a execução forçada ou até a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos.

Além disso, também permite que o juiz imponha astreintes (multa diária) para incentivar o cumprimento da obrigação.

Art. 461. Quando a obrigação de fazer ou de não fazer for descumprida, o juiz, além de determinar as medidas necessárias para o cumprimento da obrigação, poderá converter a obrigação de fazer em perdas e danos, ou impor ao réu multa diária (astreinte), sem prejuízo das medidas que garantirão o cumprimento da obrigação.

O que diz o artigo 536 do CPC?

Já o artigo 536 do CPC trata da tutela provisória de urgência e da execução de obrigação de fazer. Portanto, estabelece que, quando o juiz determinar a execução de uma obrigação de fazer ou de não fazer, pode ser necessário recorrer a medidas para garantir que a parte cumpridora efetivamente realize a ação que lhe foi imposta.

Art. 536. O juiz poderá conceder tutela provisória para assegurar a execução de uma obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa, de acordo com as condições do caso.

O que diz o artigo 835 do CPC?

Por fim, o artigo 835 do CPC trata da execução de obrigação de fazer de forma geral. Ele especifica que, caso a parte não cumpra a obrigação imposta, o juiz pode tomar medidas coercitivas, como a fixação de multa diária (astreintes) ou outras ações, visando garantir a efetividade da decisão judicial.

Art. 835. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, conforme as circunstâncias do caso, adotar medidas adequadas para assegurar o cumprimento da decisão.

Como funciona a obrigação de fazer no CPC?

De modo geral, a obrigação de fazer no Código de Processo Civil (CPC) envolve a determinação, por parte do juiz, de uma ação específica que uma das partes deve realizar. Caso a parte não cumpra voluntariamente, o juiz pode adotar medidas coercitivas, como a imposição de astreintes (multas diárias) ou a conversão da obrigação em perdas e danos. 

Vale destacar também que o juiz também pode autorizar a execução forçada da obrigação, garantindo que a decisão seja cumprida. A execução da obrigação de fazer pode ser acelerada por meio de tutela provisória de urgência, especialmente em situações em que há risco de dano irreparável.

O CPC oferece, assim, ferramentas para assegurar que a parte cumpra as ações determinadas pelo juiz, garantindo a efetividade da decisão judicial.

O que são obrigações em Direito?

Um dos principais ramos de estudo do Direito Civil, as obrigações representam relações jurídicas em que uma pessoa, denominada devedor, fica obrigada a cumprir determinada prestação em favor de outra pessoa, chamada credor.

As obrigações podem ser classificadas em diferentes categorias com base em diversos critérios. Alguns desses critérios incluem:

Quanto à natureza da prestação

  • Obrigação de dar: o devedor se compromete a transferir a propriedade de um bem ao credor;
  • Obrigação de fazer: o devedor se obriga a realizar uma determinada conduta ou atividade em favor do credor;
  • Obrigação de não fazer: o devedor se compromete a se abster de realizar uma determinada conduta em benefício do credor.

Quanto ao objeto:

  • Obrigação de dar coisa certa: o objeto da obrigação é uma coisa específica e determinada;
  • Obrigação de dar coisa incerta: o objeto da obrigação é uma coisa que ainda não está individualizada, mas pertence a uma determinada categoria.

Quanto ao vínculo entre as partes:

  • Obrigação solidária: quando existem múltiplos devedores ou credores e cada um é responsável pelo cumprimento integral da obrigação ou pelo recebimento integral do crédito;
  • Obrigação indivisível: quando o objeto da obrigação não pode ser fracionado sem perder sua utilidade econômica, e o cumprimento deve ocorrer de forma integral.

Quanto à exigibilidade:

  • Obrigação líquida: quando o valor ou a quantidade da prestação está determinado de forma precisa;
  • Obrigação ilíquida: quando o valor ou a quantidade da prestação ainda precisa ser apurado ou fixado.

Quais são os tipos de obrigação de fazer previstos no CPC?

No Código de Processo Civil (CPC), as obrigações de fazer podem ser classificadas em dois tipos principais, conforme a possibilidade de substituição da prestação que deve ser realizada. Confira as duas classificações a seguir.

Fungíveis

A obrigação de fazer fungível ocorre quando a ação determinada pelo juiz pode ser realizada por qualquer pessoa ou seja, a obrigação não precisa ser cumprida pessoalmente pela parte obrigada, podendo ser substituída por outra.

Isso acontece, por exemplo, quando o cumprimento da obrigação pode ser delegado a um terceiro, sem que isso prejudique o resultado final da obrigação.

Exemplo: Se alguém for obrigado a realizar uma obra, mas não pode realizá-la, pode contratar outra pessoa para fazer a obra em seu lugar.

Infungíveis

Já a obrigação de fazer infungível ocorre quando a ação determinada pelo juiz deve ser realizada pessoalmente pela parte obrigada, não podendo ser substituída por outra pessoa.

Nesse caso, a execução depende da participação direta da parte que foi obrigada a cumprir a obrigação, devido às suas características pessoais ou à natureza da prestação.

Exemplo: Se alguém for obrigado a comparecer a um tribunal ou a fornecer uma assinatura, essa ação não pode ser realizada por outra pessoa em seu lugar, pois depende diretamente da parte obrigada.

Quais são as fases da execução de uma obrigação de fazer?

A execução de uma obrigação de fazer no Código de Processo Civil (CPC) envolve várias fases para garantir o cumprimento da decisão judicial.

Primeiramente, há a fase de cumprimento voluntário, onde o devedor é intimado a cumprir a obrigação dentro de um prazo estabelecido. Caso não haja cumprimento espontâneo, inicia-se a execução forçada, com a adoção de medidas coercitivas, como astreintes (multa diária) ou outras ações para forçar o cumprimento.

Se o devedor persistir no descumprimento, pode ocorrer a execução específica, onde o juiz pode designar um terceiro para cumprir a obrigação ou até realizá-la diretamente. Caso a obrigação se torne impossível de ser cumprida, ela pode ser convertida em perdas e danos, com o devedor sendo obrigado a compensar a parte prejudicada.

Ao longo de todo o processo, o juiz pode adotar medidas para garantir o cumprimento da obrigação, como a tutela provisória de urgência ou o bloqueio de bens do devedor. Essas fases visam assegurar a efetividade da decisão judicial e a proteção dos direitos da parte lesada.

Qual a diferença entre Direito material e Direito processual?

O Direito processual e o Direito material são duas áreas distintas do Direito que se complementam e se relacionam, mas possuem características e objetivos diferentes.

O Direito material, também conhecido como direito substantivo, é o ramo do Direito que estabelece as normas e regras que regem as relações jurídicas entre as pessoas.

Sendo assim, trata dos direitos e obrigações em si, ou seja, dos direitos e deveres que as pessoas têm em diferentes áreas do Direito, como direito civil, direito penal, direito do trabalho, direito tributário, entre outros. 

Por sua vez, o Direito processual, também conhecido como Direito adjetivo, é o ramo do Direito que estabelece as normas e regras para a aplicação e execução do Direito material. Logo, disciplina os procedimentos, as formas e os ritos que devem ser seguidos para a solução de conflitos de interesse e a aplicação das normas do direito material. 

Em resumo, enquanto o Direito material estabelece os direitos e deveres das pessoas em determinadas situações, o Direito processual determina como esses direitos e deveres serão exercidos, defendidos e protegidos no âmbito dos tribunais e do sistema judiciário. 

Portanto, o Direito material é mais voltado para o conteúdo das normas e relações jurídicas, enquanto o Direito processual é mais voltado para os procedimentos e mecanismos de solução de conflitos.

Qual é o papel do juiz na execução da obrigação de fazer?

O papel do juiz na execução da obrigação de fazer é fundamental para garantir que a decisão judicial seja cumprida de forma eficaz. Confira a seguir 4 principais atribuições!

Determinar as medidas coercitivas adequadas

O juiz pode adotar medidas para forçar o cumprimento da obrigação, como astreintes (multas diárias) ou outras ações coercitivas, dependendo do caso, para pressionar o devedor a cumprir a decisão.

Fixar o valor das astreintes

Se o juiz optar por aplicar multas diárias pelo descumprimento da obrigação, ele deve fixar o valor das astreintes, considerando a natureza da obrigação e a situação do devedor. Esse valor deve ser suficiente para induzir o cumprimento da obrigação.

Decidir sobre a conversão da obrigação em perdas e danos

Caso a obrigação de fazer se torne impossível ou o devedor continue descumprindo, o juiz pode converter a obrigação de fazer em uma obrigação de pagar perdas e danos, determinando a compensação pelos prejuízos causados à parte lesada.

Garantir a efetividade do cumprimento da obrigação

O juiz deve assegurar que a decisão seja cumprida de forma efetiva, adotando as medidas necessárias para garantir que a parte obrigada realize a ação determinada. Isso pode envolver a aplicação de medidas urgentes, o uso de um terceiro para realizar a obrigação ou até a execução direta pela própria justiça.

Conclusão

Em conclusão, a obrigação de fazer no Código de Processo Civil é uma importante modalidade de execução que visa garantir o cumprimento de uma conduta específica por parte do devedor.

A obrigação de fazer pode abranger uma variedade de situações, desde a realização de obras, ações específicas, cumprimento de contratos, entre outros. O devedor deve agir de acordo com a determinação judicial e cumprir a obrigação dentro do prazo estabelecido.

Portanto, a obrigação de fazer no Código de Processo Civil desempenha um papel crucial na busca pela justiça e no cumprimento das obrigações estabelecidas, garantindo que as partes envolvidas tenham seus direitos protegidos e suas demandas atendidas de forma efetiva.

A gestão eficiente de processos relacionados à obrigação de fazer exige organização e automação. Com o ADVBOX, escritórios de advocacia podem centralizar informações, automatizar fluxos de trabalho e garantir o acompanhamento de prazos de forma segura e eficiente. A plataforma potencializa a produtividade da equipe e assegura que nenhuma etapa seja negligenciada.

Quer transformar a gestão do seu escritório? Experimente e descubra como ela pode otimizar sua atuação no cumprimento de obrigações judiciais.

Automatize a produção de suas petições
Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.