o que é alienação parental
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O que é alienação parental e como prová-la?

O que é alienação parental e como prová-la?

A separação ou o divórcio dos pais é sempre um momento delicado para toda a família, principalmente para os filhos, que precisam lidar com as mudanças na rotina e no convívio familiar. 

No entanto, em algumas situações, esse momento pode se tornar ainda mais difícil quando um dos genitores passa a agir de forma a afastar a criança do outro genitor, seja de maneira consciente ou inconsciente. Esse comportamento é chamado de alienação parental e tem impactos muito sérios na saúde emocional e no desenvolvimento psicológico da criança.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que é alienação parental, quais comportamentos caracterizam essa prática, os prejuízos para a criança, quando ela costuma começar, como identificar sinais de alienação, sua caracterização legal, como provar e quais as consequências jurídicas e sociais. 

Além disso, vamos abordar as medidas possíveis para combater essa situação e proteger o direito fundamental da criança à convivência saudável com ambos os pais.

O que pode ser considerado alienação parental?

De maneira direta, alienação parental é toda ação ou comportamento praticado por um dos responsáveis legais pela criança ou por alguém ligado a ele, com o objetivo ou efeito de afastar, dificultar ou prejudicar a convivência da criança com o outro genitor. 

Logo, trata-se de um tipo de manipulação emocional que altera a percepção da criança, gerando rejeição ou medo em relação ao genitor alienado.

Essa interferência pode ser tanto ativa quanto passiva. Ativa, quando o genitor realiza ações explícitas para impedir o contato ou denegrir a imagem do outro; passiva, quando se omite ou negligencia a convivência, ainda que sem manifestar abertamente hostilidade.

É importante destacar que a alienação parental não se limita a casos em que a criança rejeita o genitor alienado. Muitas vezes, essa rejeição é o último estágio do processo, que envolve um conjunto de comportamentos prejudiciais.

Exemplos de alienação parental

Para entender melhor, listamos abaixo alguns exemplos típicos de alienação parental, conforme definidos pela Lei nº 12.318/2010 e pela jurisprudência:

  • Falar mal do outro genitor na frente da criança: depreciar, desqualificar ou ridicularizar o outro pai ou mãe, criando preconceito e desconfiança;
  • Impedir ou dificultar o contato da criança com o outro genitor: cancelar visitas, não levar a criança para encontros, atrasar ou omitir informações;
  • Inventar falsas acusações contra o outro genitor: dizer que o pai ou mãe não gosta da criança, que é irresponsável, ou até acusações de abuso sem fundamento;
  • Omitir informações importantes sobre a vida da criança: não contar ao outro genitor sobre problemas de saúde, escola, ou acontecimentos relevantes;
  • Substituir a figura do genitor alienado: chamar padrasto/madrasta ou outra pessoa como “pai” ou “mãe”, excluindo o genitor biológico;
  • Manipular emocionalmente a criança para rejeitar o genitor alienado: fazer chantagens emocionais, colocar a criança contra o outro genitor;
  • Proibir ou dificultar o exercício da autoridade parental do outro genitor: como participar de decisões importantes da vida da criança.

Por que a alienação parental é prejudicial?

Alienação parental é prejudicial porque viola o direito fundamental da criança ao convívio familiar equilibrado e saudável. Com isso, o afastamento do genitor alienado, muitas vezes causado por manipulação e falsas informações, provoca na criança um conflito interno profundo, conhecido como conflito de lealdade.

Quando uma criança é colocada em meio a um embate entre os pais, ela não tem maturidade para compreender as motivações adultas e acaba se sentindo culpada, dividida, com medo e insegura. Esse tipo de situação afeta diretamente seu desenvolvimento emocional, psicológico e social.

Além disso, a alienação parental compromete a construção da identidade da criança, já que o vínculo com os pais é essencial para o desenvolvimento da autoestima, valores e referências de vida.

Quais são os prejuízos da alienação parental para a criança?

Efeitos como ansiedade, baixa autoestima e isolamento social podem se estender pela vida adulta, causando dificuldades em relacionamentos pessoais, profissionais e até problemas de saúde mental. Por isso, listamos abaixo os principais prejuízos causados pela alienação parental no desenvolvimento da criança:

  • Ansiedade e depressão: o estresse emocional prolongado pode desencadear quadros de ansiedade generalizada e depressão, prejudicando a qualidade de vida;
  • Baixa autoestima: a criança que se sente rejeitada ou manipulada pode desenvolver uma visão negativa sobre si mesma;
  • Dificuldade em confiar nas pessoas: ao presenciar conflitos familiares tão intensos, pode tornar-se desconfiada e fechada emocionalmente;
  • Isolamento social: muitas crianças alienadas se afastam de amigos e atividades sociais, sentindo-se incompreendidas ou diferentes;
  • Problemas escolares: a dificuldade de concentração, o desinteresse pelos estudos e o baixo rendimento podem ser consequência do sofrimento emocional;
  • Sentimentos de culpa e confusão: a criança pode se sentir responsável pela separação ou pelo afastamento do genitor alienado, gerando culpa indevida;
  • Relações familiares fragilizadas: a dinâmica familiar se deteriora, causando afastamento também de outros membros da família e prejuízo ao suporte afetivo.

Quando começa a alienação parental?

A alienação parental pode começar em diferentes momentos, mas geralmente surge após o rompimento da relação entre os pais, especialmente quando o divórcio ou separação é conflituoso. Esse momento de transição fragiliza os laços e abre espaço para disputas que podem prejudicar o bem-estar da criança.

Porém, a alienação parental não precisa necessariamente ocorrer após uma separação formal. Ela pode começar mesmo antes, em relações conturbadas, ou até depois, durante o processo de regulamentação da guarda e convivência.

É importante destacar que o processo de alienação parental é gradual: começa com pequenas atitudes, como falar mal do outro genitor, e pode evoluir para comportamentos mais agressivos, como impedir visitas e manipular a criança emocionalmente.

Existem também casos em que a alienação parental pode ser sutil, com o genitor alienador agindo de forma indireta, por exemplo, restringindo informações ou dificultando a comunicação, sem necessariamente manifestar hostilidade explícita.

Como saber se meu filho sofre alienação parental?

Se você percebe que seu filho apresenta uma rejeição injustificada, abrupta e constante a seu convívio, pode estar diante de uma situação de alienação parental. Para identificar esse problema, é preciso ficar atento a sinais e comportamentos que indiquem manipulação emocional.

Algumas características comuns em crianças vítimas de alienação parental incluem:

  • Mudanças repentinas e inexplicáveis no comportamento;
  • Fala repetitiva de frases negativas sobre o genitor alienado;
  • Resistência a passar tempo com o genitor afastado;
  • Demonstrações de medo, ansiedade ou tristeza relacionados ao contato com o genitor;
  • Incongruências entre o que a criança diz e o que realmente acontece.

Sendo assim, alguns dos principais passos para identificar alienação parental são:

  1. Observar atentamente o comportamento da criança: procure entender o que a criança sente e expressa sobre o genitor alienado, sem julgamentos ou pressões;
  2. Dialogar de forma aberta e acolhedora: tente conversar com a criança em ambiente tranquilo, dando espaço para que ela expresse seus sentimentos;
  3. Analisar o histórico familiar: verifique se há situações de conflito ou atitudes do outro genitor que possam estar influenciando a criança;
  4. Buscar acompanhamento psicológico: profissionais especializados podem avaliar e identificar sinais de alienação parental, além de oferecer suporte à criança;
  5. Documentar evidências: anotar episódios, mensagens, conversas ou comportamentos que evidenciem a manipulação ou impedimento da convivência.

Alienação parental é crime?

Alienação parental, segundo a legislação brasileira, não é tipificada como crime no Código Penal, mas está prevista em lei específica, a Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, que trata da prática de alienação parental.

Essa lei define a alienação parental como “interferência na formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”.

A lei prevê sanções que visam proteger a criança e preservar o convívio com ambos os pais, como a advertência, a ampliação do regime de convivência, a inversão da guarda e até a suspensão da autoridade parental do alienador.

Além da Lei nº 12.318/2010, outras normas podem ser aplicadas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Código Civil, para garantir os direitos da criança e assegurar medidas protetivas.

Como provar alienação parental?

Provar alienação parental pode ser um desafio, pois envolve situações subjetivas e emocionais. No entanto, o processo legal exige a apresentação de provas claras para que o juiz possa avaliar e tomar decisões.

Os principais meios para comprovar a alienação parental são:

  • Documentação escrita e eletrônica: mensagens de texto, e-mails, áudios ou vídeos que demonstrem tentativas de afastamento, ameaças ou manipulação;
  • Depoimentos e testemunhas: pessoas próximas à família que possam relatar comportamentos e episódios de alienação;
  • Relatórios escolares, médicos e psicológicos: documentos que apontem mudanças no comportamento da criança, ansiedade, depressão ou conflitos;
  • Perícia psicológica: avaliação técnica realizada por profissionais especializados indicados pela Justiça para analisar a dinâmica familiar e o impacto na criança;
  • Registros judiciais anteriores: decisões ou processos que evidenciem conflitos de guarda e convivência.

O que pode ser feito em casos de alienação parental?

Ao identificar a alienação parental, o primeiro passo é tentar resolver a situação de forma amigável, por meio da mediação familiar, que pode ajudar a restabelecer o diálogo e melhorar a convivência.

Se a mediação não for eficaz, é possível ingressar com uma ação judicial, com base na Lei nº 12.318/2010, para pedir medidas que protejam o direito da criança e coíbam a alienação parental. Entre as medidas judiciais previstas estão:

  • Advertência ao genitor alienador;
  • Determinação de cumprimento do direito de convivência;
  • Alteração da guarda, ampliando a do genitor alienado ou invertendo a guarda;
  • Aplicação de multa para o alienador em caso de descumprimento;
  • Suspensão ou restrição da autoridade parental em casos graves;
  • Determinação de acompanhamento psicológico ou terapêutico para a criança e para os pais.

Quais são as consequências jurídicas da alienação parental?

As consequências para o genitor que pratica a alienação parental podem incluir:

  • Advertência judicial formal;
  • Obrigação de garantir o convívio familiar conforme decisão judicial;
  • Multas por descumprimento das ordens judiciais;
  • Ampliação do regime de convivência do genitor alienado;
  • Alteração ou inversão da guarda da criança;
  • Suspensão parcial ou total do poder familiar;
  • Encaminhamento para tratamento psicológico ou terapia familiar;
  • Em casos extremos, restrição ao contato com o filho.

Conclusão

A alienação parental é uma prática silenciosa, mas profundamente prejudicial, que interfere diretamente no vínculo afetivo entre pais e filhos. Embora muitas vezes seja difícil de identificar e comprovar, seus efeitos são devastadores para o desenvolvimento emocional e psicológico da criança, gerando consequências que podem se estender por toda a vida.

A legislação brasileira reconhece a gravidade dessa conduta e oferece mecanismos legais para coibi-la e proteger os direitos da criança ao convívio equilibrado com ambos os genitores. No entanto, mais do que uma questão jurídica, a alienação parental é um problema humano que exige sensibilidade, diálogo e, muitas vezes, intervenção profissional especializada.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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