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Direito

O que é BPC/LOAS: quem tem direito e como solicitar?

O que é BPC/LOAS: quem tem direito e como solicitar?

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal a pessoas em situação de vulnerabilidade. 

Embora não exija contribuição previdenciária, o acesso ao benefício depende do cumprimento de critérios rigorosos e de um processo administrativo que pode ser complexo e burocrático.

Por isso, é essencial que advogados e profissionais do Direito compreendam em detalhes como o BPC/LOAS funciona, quem tem direito, quais são as exigências legais e como proceder diante de negativas indevidas. 

Neste conteúdo, reunimos as principais informações para auxiliar a atuação jurídica na garantia desse direito assistencial.

O que é BPC/LOAS e como funciona?

O BPC/LOAS é um benefício assistencial que garante um salário mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais e à pessoa com deficiência de qualquer idade que comprovem baixa renda familiar. Sua base legal está no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, regulamentado pela Lei nº 8.742/1993 (LOAS).

Ademais, para receber o beneficiário deve comprovar que não possui meios de prover a própria manutenção nem de ser provida por sua família. Ao contrário dos benefícios previdenciários, o BPC não exige contribuição prévia ao INSS. 

Assim, esse benefício garante um salário mínimo mensal ao beneficiário, promovendo sua inclusão social e o exercício de seus direitos básicos.

Qual é a diferença entre o BPC e o LOAS?

A principal diferença entre o BPC e a LOAS está na natureza de cada um: enquanto LOAS é a sigla para Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/1993), que estabelece as diretrizes da política pública de assistência social no Brasil, o BPC é um dos benefícios criados por essa lei

Ou seja, a LOAS é o marco legal que regulamenta os direitos assistenciais, e o BPC é um direito assegurado dentro desse sistema, voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade.

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) garante o pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas idosas com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de qualquer idade, desde que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. 

Ele é, portanto, uma das formas de execução prática da LOAS. Embora muitas vezes os termos sejam usados como sinônimos, é importante que profissionais do Direito compreendam essa distinção conceitual e normativa.

Quem se enquadra no BPC/LOAS?

O BPC/LOAS é um benefício assistencial voltado à proteção de pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas seu acesso está condicionado ao cumprimento de critérios bem específicos. Por isso, a legislação estabelece dois grupos principais como possíveis beneficiários: a pessoa idosa, a partir de 65 anos, e a pessoa com deficiência.

  • Pessoa idosa: cidadãos com 65 anos ou mais, que não recebem nenhum outro benefício previdenciário e que possuam renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo;
  • Pessoa com deficiência: indivíduos de qualquer idade que apresentem impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que os impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;
  • Condição socioeconômica: a família deve comprovar renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo, critério que pode ser relativizado por jurisprudência, especialmente quando houver outros elementos que comprovem a vulnerabilidade.

Quais são as doenças que dão direito ao BPC?

Não há uma lista fechada de doenças que garantem o BPC. O critério é a incapacidade de longo prazo, avaliada pelo INSS, que afete a autonomia da pessoa. No entanto, algumas doenças frequentemente reconhecidas em decisões judiciais incluem:

  • Paralisia cerebral;
  • Transtornos do espectro autista (TEA);
  • Síndrome de Down;
  • Esquizofrenia;
  • Cegueira total ou parcial;
  • Alzheimer em estágio avançado.

Como solicitar o BPC/LOAS?

A solicitação do BPC pode ser feita através do portal Meu INSS, disponível tanto no site quanto no aplicativo.

Além disso, você pode realizar o serviço nos canais de atendimento do INSS, ligando para o telefone 135 (ligação gratuita de telefone fixo). Ainda, pode ser feito nas Agências da Previdência Social (APS). Confira o passo a passo.

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Fazer a inscrição e atualização no Cadastro Único (CadÚnico)

Para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), é necessário fazer o Cadastro Único (CadÚnico). Esse cadastramento deve ser realizado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou na prefeitura do seu município.

Além disso, o CadÚnico deve estar atualizado nos últimos 2 anos. O cadastro pode ser feito nos CRAS ou postos municipais. É essencial apresentar o CPF de todos os membros da família, incluindo crianças e adolescentes, no momento do cadastramento. Além disso, estar inscrito no Cadastro Único é um requisito obrigatório para receber o BPC.

Caso o benefício seja bloqueado, o beneficiário terá até 30 dias para entrar em contato com o INSS e regularizar a situação no Cadastro Único.

Reunir a documentação necessária

Os documentos básicos necessários para a solicitação do BPC incluem:

  • Documento de identificação (RG e CPF) do requerente e de todos os membros do grupo familiar;
  • Comprovante de residência atualizado;
  • Cadastro de Pessoa Física (CPF);
  • Laudos médicos e exames que comprovem a deficiência ou o impedimento, no caso de pessoas com deficiência;
  • Comprovante de rendimentos dos membros da família, como contracheques, extratos bancários, ou declarações de ausência de renda.

Realizar o pedido ao INSS

O requerimento do BPC/LOAS pode ser feito de forma online, pelo site ou aplicativo Meu INSS, de maneira prática e acessível. Também é possível realizar o pedido pelo telefone 135, que oferece atendimento gratuito em todo o país. Para quem prefere atendimento presencial, o pedido pode ser feito em uma agência do INSS, mediante agendamento. 

É fundamental que toda a documentação esteja correta e completa para evitar atrasos na análise.

Passar por avaliações do INSS

Após o protocolo do pedido, o beneficiário será submetido a avaliações técnicas realizadas por profissionais do INSS. No caso da pessoa com deficiência, é obrigatória a avaliação médica pericial, que analisará o impedimento de longo prazo. 

Também será realizada uma avaliação social, conduzida por assistente social, para verificar as condições socioeconômicas da família. Essas etapas são determinantes para a concessão ou não do benefício.

Acompanhar o pedido

Após o envio do requerimento e a realização das avaliações, é importante acompanhar o andamento do pedido para garantir que eventuais pendências sejam resolvidas rapidamente. O acompanhamento pode ser feito pelo próprio sistema Meu INSS, onde constam atualizações em tempo real. 

Outra opção é o telefone 135, que oferece informações atualizadas sobre o processo. A atenção a essa etapa pode agilizar a concessão e evitar indeferimentos por falta de documentação ou prazos expirados.

Receber o resultado da análise

Finalizadas todas as etapas, o INSS emitirá uma decisão administrativa, informando se o pedido foi deferido ou indeferido. Em caso de aprovação, o pagamento será iniciado conforme calendário do INSS. 

Caso o benefício seja negado, o requerente poderá apresentar recurso administrativo no prazo legal. Persistindo a negativa, é possível ajuizar ação judicial, sendo recomendável o acompanhamento de um advogado especializado.

Preciso de um advogado para solicitar o BPC?

Sim, a atuação do advogado é crucial em diversas etapas do processo de concessão do BPC. Então, desde a orientação inicial até a fase recursal, a presença de um profissional qualificado pode fazer a diferença na obtenção do benefício.

Análise de elegibilidade

O advogado pode ajudar a analisar a elegibilidade do requerente, verificando se os critérios de renda e os requisitos específicos (idade ou deficiência) são atendidos. 

Além disso, o profissional pode auxiliar na obtenção e organização dos documentos necessários, garantindo que a solicitação seja feita de forma completa e correta. Dessa forma, se evitam erros que possam atrasar ou inviabilizar o processo.

Preparação de recursos e defesas

Caso o pedido inicial seja negado, o advogado é fundamental na preparação de recursos administrativos e judiciais. A especialização jurídica permite a elaboração de defesas robustas, baseadas na legislação vigente e em jurisprudências favoráveis. 

Portanto, com isso, aumentam as chances de concessão do benefício. A preparação adequada de recursos pode incluir a apresentação de novas provas, laudos médicos complementares e testemunhos que reforcem a condição de vulnerabilidade do requerente.

Assistência na avaliação médica e social

No caso das pessoas com deficiência, a avaliação médica e social é um ponto crítico do processo. O advogado pode orientar o cliente sobre como se preparar para essas avaliações. 

Se necessário, o advogado pode contestar os resultados, apresentando pareceres técnicos e laudos complementares. A presença do advogado pode ser decisiva para garantir que os direitos do requerente sejam respeitados durante todo o processo de avaliação

Qual o valor do salário de quem recebe BPC/LOAS?

é fixado em um salário mínimo nacional vigente, independentemente das condições do beneficiário. Em 2025, esse valor é de R$1.412,00 mensais.

Diferente dos benefícios previdenciários, o BPC não sofre variações conforme o tempo de contribuição, grau de deficiência, idade ou outros fatores individuais. É um valor único, padronizado e com o objetivo exclusivo de garantir o mínimo existencial para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Quem recebe BPC/LOAS recebe 13º salário?

Não. O BPC é um benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), e não tem natureza previdenciária. Por isso, não gera direito ao 13º salário, tampouco a outros adicionais previstos para aposentadorias ou pensões. 

Essa distinção é importante, especialmente para a orientação jurídica de famílias que dependem do benefício, evitando expectativas equivocadas em relação aos valores recebidos anualmente.

Quais são os desafios na concessão do BPC?

Embora o BPC seja um direito garantido por lei, a concessão do benefício enfrenta diversos desafios que podem dificultar o acesso ao mesmo.

Burocracia e demora no atendimento

Um dos principais obstáculos é a burocracia envolvida no processo de solicitação. A demora na análise dos pedidos pelo INSS, muitas vezes devido à falta de pessoal e ao excesso de demandas, pode causar grande sofrimento aos requerentes que dependem do benefício para sobreviver.

O acompanhamento contínuo do advogado pode ajudar a agilizar o processo, garantindo que todos os prazos sejam cumpridos e que eventuais pendências sejam rapidamente resolvidas.

Interpretação restritiva dos critérios

A interpretação dos critérios de renda e da definição de deficiência pode ser bastante restritiva por parte dos avaliadores do INSS. Muitas vezes, a renda per capita familiar é calculada de maneira que desconsidera as despesas essenciais e as particularidades de cada caso. 

Dessa forma, muitos pedidos são indeferidos. A intervenção do advogado pode ser crucial para apresentar uma argumentação jurídica que demonstre a real situação de vulnerabilidade do requerente.

Falta de informação e orientação

A falta de informação e orientação adequada sobre o BPC é um problema frequente. Muitos possíveis beneficiários desconhecem seus direitos ou não sabem como proceder para solicitar o benefício. Isso torna a assistência jurídica ainda mais relevante. 

Assim, os advogados podem desempenhar um papel educacional, informando a população sobre seus direitos e os procedimentos necessários para acessar o BPC.

Qual a jurisprudência e atualizações legislativas relacionadas ao BPC?

A legislação e a jurisprudência relacionadas ao BPC estão em constante evolução, com decisões judiciais que podem impactar diretamente na concessão do benefício.

Decisões judiciais importantes

Diversas decisões judiciais têm contribuído para a ampliação do acesso ao BPC. Por exemplo, alguns tribunais têm considerado despesas com medicamentos e tratamentos de saúde no cálculo da renda familiar. Isso pode ajudar a enquadrar mais pessoas nos critérios de elegibilidade. 

Além disso, decisões que reconhecem a necessidade de considerar contextos específicos, como a vulnerabilidade social e econômica dos requerentes, também têm sido frequentes.

Atualizações na lei

Mudanças na legislação também podem alterar os critérios e procedimentos para a concessão do BPC. Por exemplo, recentemente houve discussões sobre a alteração do critério de renda, com propostas para elevar o limite para 1/2 salário mínimo per capita

Contudo, isso ampliaria o acesso ao benefício. É importante que advogados se mantenham atualizados sobre essas mudanças para oferecer a melhor assistência possível aos seus clientes.

Conclusão

O BPC/LOAS é um dos principais instrumentos de inclusão social assegurados pela Constituição, destinado a proteger idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade. 

Ao longo deste conteúdo, abordamos os aspectos centrais do benefício, como sua definição, os critérios de elegibilidade, as doenças mais comuns que justificam a concessão, o passo a passo para solicitar, os valores envolvidos, limitações e os principais desafios enfrentados pelos requerentes. 

Também destacamos a importância do papel do advogado, seja na via administrativa ou judicial, para garantir que o direito seja efetivamente reconhecido. Em um cenário marcado por burocracia, falta de informação e decisões restritivas, a atuação de advogados especializados pode ser o diferencial na vida de quem mais precisa. 

Para isso, contar com ferramentas que otimizem a gestão dos atendimentos e processos é fundamental. Com a ADVBOX, você pode automatizar tarefas, organizar prazos e acompanhar casos com mais agilidade, garantindo um serviço mais eficiente e humano aos seus clientes. 

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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