O que são fake news e como identificá-las?
Vivemos em uma era de hiperconectividade, em que a informação circula em alta velocidade pelas redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas digitais. No entanto, nem tudo o que chega até nós é verdadeiro.
Nesse cenário, entender o que é fake news se tornou essencial para qualquer pessoa que deseje se informar com responsabilidade. As fake news, ou notícias falsas, são conteúdos criados deliberadamente para enganar, manipular e influenciar a opinião pública.
O perigo é real: elas comprometem a confiança na mídia, interferem em eleições, colocam a saúde pública em risco e causam danos irreversíveis a pessoas e instituições. Neste artigo, vamos explorar o que são as fake news, como surgiram, como funcionam, quais seus impactos, punições e, principalmente, como identificá-las para não cair em armadilhas digitais.
O que são fake news?
Fake news são conteúdos falsos ou enganosos que se apresentam como notícias legítimas criados com a intenção deliberada de manipular, enganar ou influenciar a opinião pública.
Diferente de um erro jornalístico (que pode ocorrer mesmo em veículos sérios, mas é posteriormente corrigido), a fake news é produzida propositalmente. Seu conteúdo pode parecer real à primeira vista: tem título chamativo, linguagem emocional, formato jornalístico e até imagem ou vídeo convincente. No entanto, tudo foi feito para enganar.
Essas informações falsas podem ser usadas para diversos fins como ganhar cliques (e dinheiro com anúncios), influenciar eleições e decisões políticas, promover produtos ou tratamentos duvidosos, atacar pessoas ou grupos específicos, criar confusão e medo generalizado.
As fake news se espalham com facilidade porque apelam para nossas emoções, especialmente quando confirmam o que já acreditamos, um fenômeno conhecido como “viés de confirmação”.
Como surgiu o termo fake news?
O termo “fake news” se popularizou durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016. Naquela campanha, surgiram milhares de notícias falsas circulando nas redes sociais, muitas delas vindas de sites duvidosos e até de fora do país, com o objetivo de favorecer um dos candidatos. Esse evento acendeu o alerta global sobre a desinformação digital.
Apesar disso, a prática de divulgar informações falsas é antiga. Desde a Antiguidade, reis, políticos e governos já manipulavam narrativas para controlar a população. A diferença é que, com a internet, o alcance e a velocidade dessas informações se tornaram muito maiores e perigosos.
Após 2016, o termo “fake news” ganhou destaque na mídia global, em debates políticos e acadêmicos. Também passou a ser usado de forma errada por líderes para desacreditar reportagens verdadeiras que não lhes agradavam, o que distorce ainda mais a discussão.
Como funcionam as fake news?
As fake news funcionam explorando o comportamento humano e os algoritmos das redes sociais para alcançar o maior número possível de pessoas, com rapidez e impacto emocional.
Essas notícias são escritas para provocar reações intensas. Um título chocante, uma imagem manipulada ou um vídeo com aparência realista podem fazer com que o usuário compartilhe o conteúdo antes mesmo de verificar sua veracidade.
As plataformas digitais contribuem para esse processo: seus algoritmos priorizam conteúdos com alto engajamento, independentemente de serem verdadeiros. Isso significa que, se uma fake news gera muitos cliques, curtidas ou comentários, ela será mostrada para mais pessoas, e assim se espalha como fogo em palha seca.
Além disso, bots e contas falsas muitas vezes amplificam essas publicações, criando a falsa sensação de que aquela informação tem respaldo popular.
Como as fake news se espalham?
As fake news se espalham por diferentes canais, especialmente os mais usados pela população. Entre os principais meios de disseminação, estão:
- Redes sociais (Facebook, Instagram, TikTok, X);
- Grupos de WhatsApp e Telegram, onde o conteúdo circula sem moderação;
- Sites que imitam portais de notícias legítimos;
- Perfis falsos ou automatizados (bots);
- Vídeos e imagens alteradas com inteligência artificial (deepfakes);
- Mensagens encaminhadas com títulos alarmantes ou sem fonte confiável.
Por que as pessoas compartilham as fake news?
As pessoas compartilham fake news por acreditarem que estão fazendo o bem ou por serem manipuladas por emoções.
Existem diversas motivações para esse comportamento. A principal delas é o impulso de alertar amigos e familiares diante de algo chocante. Muitas pessoas acreditam que estão ajudando, quando, na verdade, estão espalhando desinformação.
Outros fatores que contribuem são a falta de hábito de checar fontes, o desejo de confirmar opiniões próprias (viés de confirmação), a pressa em ser o primeiro a “dar a notícia”, a desconfiança da mídia tradicional e o medo ou indignação provocados por temas sensíveis, como saúde e política.
Tudo isso mostra que o problema vai além de tecnologia: envolve também educação midiática e responsabilidade individual.
Como identificar as fake news?
Para identificar as fake news, é necessário adotar uma postura crítica diante das informações recebidas, verificando sempre a veracidade do conteúdo antes de compartilhá-lo.
A melhor forma de fazer isso é seguir alguns passos simples que ajudam a reconhecer sinais de alerta típicos de uma notícia falsa. Confira abaixo os principais pontos a observar:
- Analise a fonte da informação: desconfie de sites desconhecidos ou sem histórico confiável;
- Pesquise a mesma notícia em outros canais sérios: se for verdadeira, você encontrará mais de uma fonte;
- Evite se basear apenas no título: leia o texto completo antes de tirar conclusões;
- Observe erros ortográficos e gramaticais: textos mal escritos geralmente são suspeitos;
- Cheque a data da publicação: notícias antigas podem estar sendo usadas fora de contexto;
- Use buscadores reversos de imagem e vídeo: Ferramentas como Google Imagens ajudam a descobrir se aquele conteúdo já foi publicado antes com outro contexto;
- Verifique se a notícia tem autoria e links para fontes originais;
- Consulte agências de checagem como Lupa, Aos Fatos e Boatos.org.
Adotar esses cuidados no cotidiano digital é fundamental para não cair em armadilhas de desinformação. Quanto mais criteriosa for a sua análise, menor a chance de ser enganado e de contribuir, ainda que sem querer, para a propagação de fake news. O compromisso com a verdade começa com atitudes simples, mas extremamente eficazes.
Quais são os impactos das fake news na sociedade?
As fake news impactam a sociedade ao distorcer a realidade, comprometer decisões coletivas e gerar prejuízos sociais, políticos e individuais. Esses efeitos vão além da internet e influenciam diretamente a forma como as pessoas se comportam, votam, consomem e se relacionam. A seguir, entenda os principais impactos por meio de exemplos reais e suas consequências:
Desinformação em massa
A desinformação causada pelas fake news compromete o acesso da população a dados confiáveis, especialmente em temas sensíveis como saúde, política e economia. Isso leva as pessoas a tomarem decisões equivocadas, acreditando estarem fazendo o certo.
Um exemplo marcante foi a disseminação de notícias falsas sobre vacinas durante a pandemia de Covid-19. Milhares de pessoas deixaram de se vacinar por medo infundado, o que retardou a imunização coletiva e gerou novas ondas da doença em diversos países.
Manipulação de eleições e instabilidade política
As fake news são usadas para influenciar votos, destruir reputações de adversários e distorcer fatos em campanhas eleitorais. O resultado é a manipulação da vontade popular, prejudicando a democracia.
Em 2018, no Brasil, houve denúncias de disparos em massa de mensagens falsas via WhatsApp. O caso foi investigado pelo TSE e levantou debates sobre a urgência de se regular a propaganda eleitoral nas redes sociais.
Riscos à saúde pública
Informações falsas sobre medicamentos, tratamentos milagrosos e teorias da conspiração colocam vidas em risco. Muitas vezes, as fake news promovem curas sem base científica, afastando as pessoas do atendimento médico adequado.
Durante a pandemia, circulou um vídeo viral que incentivava o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19. Isso levou milhares de brasileiros a consumirem remédios sem eficácia comprovada, gerando intoxicações e agravando o colapso hospitalar.
Incentivo ao discurso de ódio e à violência
Fake news frequentemente alimentam discursos radicais e preconceituosos, que incitam a violência contra grupos sociais, religiosos ou étnicos. Esses conteúdos reforçam estereótipos e geram polarização extrema.
Um exemplo ocorreu na Índia, onde boatos espalhados pelo WhatsApp resultaram em linchamentos de pessoas inocentes. As mensagens falsas acusavam vítimas de crimes que nunca cometeram, gerando reações violentas da população.
Prejuízos à reputação de indivíduos e empresas
Uma fake news pode arruinar a imagem pública de uma pessoa ou instituição em questão de horas. Mesmo que desmentida depois, o estrago muitas vezes já está feito e é difícil recuperar a credibilidade perdida.
Figuras públicas como artistas, políticos e empresas já sofreram graves consequências financeiras e pessoais após serem alvos de campanhas de desinformação. A confiança é um ativo frágil, e as redes sociais tornam o dano quase instantâneo.
Quais as punições para quem cria fake news?
Quem cria e divulga fake news pode ser punido com base em leis penais, civis e administrativas, dependendo do conteúdo e da intenção do ato.
Embora o Brasil ainda não tenha uma legislação específica para fake news, diversos dispositivos legais já permitem penalizações em diferentes situações. Veja abaixo as principais possibilidades de punição e os dispositivos legais envolvidos:
Crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria)
As fake news que envolvem ataques à reputação de uma pessoa podem ser enquadradas como calúnia (art. 138), difamação (art. 139) ou injúria (art. 140) do Código Penal. As penas variam de multa até detenção de 1 a 2 anos, dependendo do caso.
Esses crimes são comuns quando notícias falsas envolvem figuras públicas, servidores, jornalistas ou até cidadãos comuns. Mesmo quando compartilhadas sem intenção de ofensa, o responsável pela disseminação pode ser responsabilizado judicialmente.
Falsidade ideológica
Criar ou divulgar documento falso, como certidões, declarações ou conteúdos com identidade fraudulenta, pode configurar falsidade ideológica, conforme o artigo 299 do Código Penal. A pena é de até 5 anos de reclusão, além de multa.
Essa infração ocorre com frequência em contextos eleitorais, quando falsas informações são atribuídas a órgãos oficiais ou autoridades, induzindo o público ao erro e comprometendo a confiança institucional.
Indução ao pânico ou desordem pública
Quando uma fake news provoca alarde, tumulto ou caos coletivo, o responsável pode responder por incitação ao crime (art. 286 do CP) ou por propagar alarme falso (art. 41 da Lei de Contravenções Penais). As penas variam de multa a detenção de até 6 meses.
Um exemplo clássico são boatos sobre atentados, vacinas mortais ou colapsos de instituições, que geram pânico em locais públicos e exigem atuação emergencial de autoridades, mesmo sem fundamento.
Responsabilidade civil por danos morais e materiais
Mesmo quando não há crime, o autor de uma fake news pode ser responsabilizado na esfera civil, por violar direitos da personalidade e causar danos a terceiros. A indenização varia conforme a extensão do dano.
Empresas, políticos e cidadãos têm recorrido à Justiça para obter reparação por prejuízos financeiros, reputacionais ou emocionais decorrentes da disseminação de informações falsas, especialmente em redes sociais.
Desinformação em contextos eleitorais
De acordo com o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965), divulgar fato sabidamente inverídico em propaganda eleitoral pode gerar multa e até detenção de 2 meses a 1 ano (art. 323). Também é possível a cassação do registro de candidatura.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) amplia o combate às fake news eleitorais, inclusive com a remoção de conteúdos e suspensão de contas. A desinformação nesse contexto é tratada com prioridade por afetar diretamente o processo democrático.
Fake news é crime?
Sim, dependendo do conteúdo e da intenção, criar ou disseminar fake news pode ser considerado crime. A depender do dano causado, a pessoa pode ser responsabilizada penalmente (ex: calúnia ou indução ao pânico) e civilmente (indenização). O Brasil ainda carece de uma legislação específica e atualizada, mas iniciativas já estão em curso para isso.
Enquanto isso, vale lembrar que compartilhar uma fake news, mesmo sem saber, também pode gerar consequências legais, especialmente em casos de mensagens com risco à saúde pública ou à ordem democrática.
Qual é o papel das redes sociais e mídia em relação às fake news?
O papel das redes sociais e da mídia em relação às fake news é atuar na contenção da desinformação e na promoção de informações verificadas e confiáveis.
As redes sociais devem agir ativamente na identificação e limitação do alcance de conteúdos falsos. Isso inclui aplicar filtros, parcerias com agências de checagem e alertas sobre postagens enganosas. Também é papel dessas plataformas adotar regras claras e punir usuários que espalham desinformação.
Já a mídia tradicional deve atuar com responsabilidade, oferecendo jornalismo sério, baseado em fatos e fontes confiáveis. A apuração correta e a transparência editorial são fundamentais para manter a confiança do público. Além disso, veículos de comunicação ajudam a educar a sociedade sobre o consumo crítico de informação.
Juntas, redes sociais e mídia têm influência direta na formação da opinião pública. Sua atuação ética e preventiva é essencial para frear os danos causados pelas fake news. Ao promoverem a verdade, fortalecem a democracia e o direito à informação segura.
Conclusão
Diante de um cenário no qual a desinformação se espalha com rapidez e profundidade, entender o que é fake news e como se proteger dela é uma responsabilidade coletiva. Ao reconhecer os sinais, verificar as fontes e adotar uma postura crítica, cada pessoa contribui para um ambiente digital mais saudável, transparente e seguro.
Combater as fake news exige esforço constante dos usuários, de plataformas, da mídia e das instituições. E quando se trata do universo jurídico, a integridade da informação é ainda mais essencial. Nesse contexto, contar com uma estrutura confiável faz toda a diferença.
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