modelo contestação ação civil pública dano ambiental
ADVBOX

Modelo de Contestação Ação Civil Pública Dano Ambiental

Modelo de Contestação Ação Civil Pública Dano Ambiental

O crescimento das preocupações ambientais tem gerado um aumento expressivo no número de ações civis públicas que buscam reparar danos causados ao meio ambiente. Diante disso, saber como elaborar uma contestação em uma ação civil pública por dano ambiental é fundamental para garantir o direito de defesa e assegurar que a reparação seja justa e adequada.

Sendo assim, este conteúdo traz um modelo completo de contestação para ação civil pública de dano ambiental, explicando o que é essa defesa, quem pode propor a ação, a responsabilidade civil envolvida, os prazos legais, as formas de reparação e as principais decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema.

Modelo de contestação com ação civil pública por dano ambiental

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara da Fazenda Pública da Comarca de [cidade/estado]

Processo nº: [número do processo]

[Nome da parte ré], pessoa jurídica de direito privado/público, inscrita no CNPJ nº [número], com sede à [endereço], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem respeitosamente apresentar

CONTESTAÇÃO

à Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Estado de [estado], pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS

[Descrever resumidamente os fatos alegados na ação, contestando-os com argumentos e documentos]

II – DA IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIDADE

[Argumentar sobre a ausência de nexo causal, excludentes de responsabilidade, ausência de dano ambiental efetivo, ou outras defesas cabíveis]

III – DAS FORMAS DE REPARAÇÃO ADEQUADAS

[Argumentar sobre as formas possíveis e proporcionais de reparação, podendo sugerir medidas compensatórias, de recuperação, ou outras alternativas]

IV – DO PRAZO PARA REPARAÇÃO E PRESCRIÇÃO

[Discutir o prazo para requerer a reparação e se há ou não prescrição, citando decisões recentes do STF]

V – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) Que seja julgada improcedente a ação;

b) Caso seja reconhecida alguma responsabilidade, que seja determinada a forma de reparação adequada e proporcional;

c) A produção de todas as provas admitidas em direito;

d) A condenação do autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.

Nestes termos,

Pede deferimento.

[Local], [data].

[Assinatura e OAB do advogado]

O que é defesa em ação civil pública ambiental?

A defesa em uma ação civil pública ambiental é o direito do réu (pessoa física ou jurídica) de apresentar argumentos, provas e razões para rebater as acusações feitas pelo autor da ação, normalmente o Ministério Público, Defensoria Pública ou entidades civis, que buscam a responsabilização por danos causados ao meio ambiente.

Com isso, essa contestação tem o objetivo de impedir que se imponha uma condenação injusta ou desproporcional. Assim como esclarecer que não houve dano ambiental, ou que o réu não foi responsável.

Além disso, também é importante para apresentar as excludentes de responsabilidade, como caso fortuito ou força maior e propor formas alternativas ou mais adequadas de reparação. Consequentemente, defender os direitos do réu dentro dos limites legais.

Vale destacar que o direito à ampla defesa é garantido pela Constituição Federal, inclusive em ações coletivas ambientais, sendo essencial para a garantia do contraditório.

Quem pode propor ação civil pública por dano ao meio ambiente?

A ação civil pública por dano ambiental está prevista na Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) e é regulada pelo Código de Defesa do Consumidor e pela Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente).

Podem propor essa ação:

  • O Ministério Público (federal, estadual, distrital e do trabalho);
  • A Defensoria Pública;
  • A União, os Estados, os Municípios;
  • Autarquias e fundações públicas;
  • Associações que estejam constituídas há pelo menos um ano e que tenham entre suas finalidades a proteção do meio ambiente.

Esses legitimados têm o papel de defender interesses difusos e coletivos, incluindo a proteção do meio ambiente, que é um bem de uso comum e essencial à qualidade de vida.

Como ocorre a responsabilidade civil por danos ambientais?

A responsabilidade civil por danos ambientais no Brasil ocorre com o agente causador do dano respondendo independentemente de culpa, bastando que se comprove o dano e o nexo causal entre a conduta e o prejuízo ambiental

Essa regra está prevista no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor e reforçada no artigo 225, § 3º da Constituição Federal. Além disso, é essencial demonstrar o nexo causal que vincula a ação ou omissão do réu ao dano ambiental. 

O conceito de dano ambiental é amplo e abrange desde a degradação da fauna, flora, solo, água e qualidade do ar até prejuízos estéticos, paisagísticos e sociais. Quando há mais de um agente responsável, a lei admite a responsabilidade solidária, permitindo que todos os envolvidos sejam cobrados conjuntamente pela reparação do dano.

Quais as formas de reparação por danos civis ambientais?

As formas de reparação por danos civis ambientais incluem a reparação integral, a compensação ambiental, a indenização em dinheiro e a aplicação de medidas cautelares. Cada uma delas pode ser aplicada conforme a gravidade do dano e a possibilidade de restauração do meio ambiente afetado.

A reparação integral busca restaurar o ambiente ao estado anterior ao dano, sempre que isso for técnica e economicamente viável. Para isso, são adotadas medidas como reflorestamento, descontaminação do solo e recuperação de corpos hídricos.

Quando a recuperação total não é possível, aplica-se a compensação ambiental, que consiste no direcionamento de recursos para projetos de conservação ou melhoria ambiental em outras áreas, com o objetivo de equilibrar os prejuízos causados.

Também pode haver a indenização em dinheiro, utilizada para cobrir os danos causados ao meio ambiente. Os valores, geralmente, são destinados a fundos ambientais voltados à preservação e recuperação ecológica.

Por fim, podem ser determinadas medidas cautelares, como a suspensão de atividades ou embargos, com o intuito de evitar a continuidade do dano enquanto o processo de responsabilização está em andamento.

modelo contestação ação civil pública dano ambiental

Quais as excludentes de dano civil ambiental?

Embora a responsabilidade por danos ambientais seja objetiva, existem situações que podem excluir ou afastar a obrigação de reparação por parte do agente supostamente responsável. 

Entre essas excludentes estão o caso fortuito e a força maior, que envolvem eventos imprevisíveis e inevitáveis, impossibilitando o agente de evitar o dano. Outro fator que pode excluir a responsabilidade é o fato exclusivo da vítima, quando o dano resulta diretamente da conduta dela própria.

Também pode afastar a obrigação de reparar o fato exclusivo de terceiro, ou seja, quando um terceiro, sem qualquer vínculo com o réu, causa o dano ambiental. 

Por fim, a ausência de nexo causal entre a ação ou omissão do réu e o dano é uma excludente essencial para a defesa, pois sem essa ligação direta, não há base para a responsabilização. Cabe ao réu comprovar a existência dessas excludentes na contestação para afastar a sua responsabilidade.

Qual o prazo para se requerer a reparação civil por dano ambiental?

A legislação ambiental não traz um prazo específico para a propositura da ação civil pública por dano ambiental, em razão do interesse difuso da sociedade. Assim, muitas vezes o prazo prescricional tradicional do Código Civil é relativizado.

Entretanto, para ações individuais, o prazo prescricional pode variar conforme a natureza do dano, mas para ações civis públicas, em geral, se aplicam os prazos do Código de Processo Civil e da Lei nº 7.347/85, sem uma limitação temporal fixa, salvo interpretação jurisprudencial.

Qual o prazo prescricional para requerer a reparação do dano?

A prescrição é o instituto que limita o tempo para a propositura de uma ação para exigir direitos. No caso de dano ambiental, a discussão sobre o prazo prescricional tem sido objeto de debates judiciais.

Em regra, aplica-se o prazo de 5 anos para ações civis públicas, conforme o art. 1º da Lei nº 7.347/1985, e o prazo prescricional geral de 3 anos previsto no Código Civil para reparação de danos.

O STF decidiu que a pretensão para reparação civil de dano ambiental é imprescritível?

Sim, o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento importante no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 657.718, reconhecendo que a pretensão para a reparação civil decorrente de danos ambientais é imprescritível. 

Portanto, significa que o direito do Estado e da sociedade de exigir a reparação dos danos causados ao meio ambiente não está sujeito a prazos limitados para ser exercido, ou seja, pode ser exigido a qualquer tempo, independentemente do tempo transcorrido desde a ocorrência do dano.

Essa decisão é um marco no Direito ambiental brasileiro, pois reforça a proteção ao meio ambiente como um bem de interesse coletivo e de valor fundamental para a vida. 

A imprescritibilidade garante que não haja prescrição do direito de buscar a reparação, evitando que danos ambientais fiquem sem solução por conta de prazos legais, o que pode ser especialmente relevante em casos em que os efeitos do dano só se manifestam ou são percebidos muitos anos após sua ocorrência.

Assim, o entendimento do STF protege o meio ambiente contra a degradação irreversível e assegura a responsabilização dos agentes causadores, contribuindo para a efetiva tutela ambiental.

O que diz o tema 999 do STF?

O tema 999 do STF reafirma que a pretensão de reparação civil do dano ambiental é imprescritível. A decisão reconhece que o direito à reparação do dano ambiental decorre de interesses difusos da sociedade, cuja proteção deve ser permanente.

O entendimento impede que danos ambientais fiquem sem reparação apenas por ter decorrido o prazo prescricional, fortalecendo a tutela ambiental.

Conclusão

A contestação em ação civil pública por dano ambiental exige um conhecimento aprofundado sobre a responsabilidade civil, as formas de reparação e as excludentes aplicáveis. 

Logo, compreender esses aspectos é essencial para construir uma defesa sólida e garantir que os direitos do réu sejam respeitados, ao mesmo tempo em que se contribui para a proteção do meio ambiente. Além disso, estar atento aos prazos prescricionais e às decisões do STF é fundamental para uma atuação eficaz.

Se você é advogado e busca otimizar a gestão dos seus processos ambientais, o ADVBOX oferece uma plataforma completa e intuitiva para organizar sua rotina, controlar prazos e documentos, além de facilitar a comunicação com clientes. 

Experimente o ADVBOX e leve sua advocacia para o próximo nível, com mais eficiência e segurança na sua atuação em causas ambientais.

Automatize a produção de suas petições
Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

Postagens Relacionadas