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O que é BPC – Loas, quem tem direito e como solicitar?

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). 

Trata-se de um benefício assistencial fundamental para garantir a dignidade de idosos e pessoas com deficiência, que não têm meios de prover sua subsistência nem de tê-la provida por suas famílias. 

Neste guia, a ADVBOX vai te ajudar a entender todos os aspectos relacionados ao BPC, fornecendo informações essenciais para advogados que atuam na área de Direito previdenciário e assistencial. 

Dessa forma, os profissionais estarão capacitados a oferecer o melhor suporte possível aos seus clientes.

O que é o BPC?

O BPC é um benefício assistencial pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de qualquer idade. 

Ademais, para receber o beneficiário deve comprovar que não possui meios de prover a própria manutenção nem de ser provida por sua família. Ao contrário dos benefícios previdenciários, o BPC não exige contribuição prévia ao INSS. 

Assim, esse benefício garante um salário mínimo mensal ao beneficiário, promovendo sua inclusão social e o exercício de seus direitos básicos.

Quem tem direito ao BPC?

Para ter direito ao BPC, é necessário atender a dois requisitos principais:

  1. Critério de renda: a renda per capita familiar deve ser inferior a 1/4 do salário mínimo vigente, sendo de R$ 1.412,00 em 2024. Assim, esse cálculo é feito dividindo a soma dos rendimentos mensais brutos dos membros da família pelo número de integrantes do grupo familiar.

Ou seja, para determinar a renda per capita, é necessário dividir a renda total da família pelo número de pessoas que moram na mesma casa.

  1. Condição específica:
    • Idosos: ter 65 anos ou mais.
    • Pessoas com deficiência: comprovar impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Esses impedimentos, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Além disso, esse impedimento deve ter duração mínima de dois anos.

Documentação necessária

Os documentos básicos necessários para a solicitação do BPC incluem:

  • Documento de identificação (RG e CPF) do requerente e de todos os membros do grupo familiar.
  • Comprovante de residência atualizado.
  • Cadastro de Pessoa Física (CPF).
  • Laudos médicos e exames que comprovem a deficiência ou o impedimento, no caso de pessoas com deficiência.
  • Comprovante de rendimentos dos membros da família, como contracheques, extratos bancários, ou declarações de ausência de renda.

Como solicitar o BPC?

A solicitação do BPC pode ser feita através do portal Meu INSS, disponível tanto no site quanto no aplicativo. Além disso, você pode realizar o serviço nos canais de atendimento do INSS, ligando para o telefone 135 (ligação gratuita de telefone fixo). Ainda, pode ser feito nas Agências da Previdência Social (APS).

Em seguida, o requerente deve realizar um agendamento para apresentação dos documentos necessários. 

Ademais, no caso das pessoas com deficiência, será necessário passar por uma avaliação social e médica realizada pelo INSS. Nesse sentido, isso visa confirmar o impedimento e a condição de vulnerabilidade.

Contudo, vale ressaltar que para obter o benefício, não é obrigatório pagar por assistência de intermediários ou agenciadores; essa decisão fica a critério do titular.

Recomenda-se buscar auxílio de um advogado se o beneficiário já tiver tido o pedido negado anteriormente.

É necessário fazer o Cadastro Único para receber o BPC?

Sim, para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), é necessário fazer o Cadastro Único (CadÚnico). Esse cadastramento deve ser realizado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou na prefeitura do seu município.

É essencial apresentar o CPF de todos os membros da família, incluindo crianças e adolescentes, no momento do cadastramento. Além disso, estar inscrito no Cadastro Único é um requisito obrigatório para receber o BPC.

Caso o benefício seja bloqueado, o beneficiário terá até 30 dias para entrar em contato com o INSS e regularizar a situação no Cadastro Único.

Preciso de um advogado para solicitar o BPC?

A atuação do advogado é crucial em diversas etapas do processo de concessão do BPC. Então, desde a orientação inicial até a fase recursal, a presença de um profissional qualificado pode fazer a diferença na obtenção do benefício.

Análise de elegibilidade

O advogado pode ajudar a analisar a elegibilidade do requerente, verificando se os critérios de renda e os requisitos específicos (idade ou deficiência) são atendidos. 

Além disso, o profissional pode auxiliar na obtenção e organização dos documentos necessários, garantindo que a solicitação seja feita de forma completa e correta. Dessa forma, se evitam erros que possam atrasar ou inviabilizar o processo.

Preparação de recursos e defesas

Caso o pedido inicial seja negado, o advogado é fundamental na preparação de recursos administrativos e judiciais. A especialização jurídica permite a elaboração de defesas robustas, baseadas na legislação vigente e em jurisprudências favoráveis. 

Portanto, com isso, aumentam as chances de concessão do benefício. A preparação adequada de recursos pode incluir a apresentação de novas provas, laudos médicos complementares e testemunhos que reforcem a condição de vulnerabilidade do requerente.

Assistência na avaliação médica e social

No caso das pessoas com deficiência, a avaliação médica e social é um ponto crítico do processo. O advogado pode orientar o cliente sobre como se preparar para essas avaliações. 

Se necessário, o advogado pode contestar os resultados, apresentando pareceres técnicos e laudos complementares. A presença do advogado pode ser decisiva para garantir que os direitos do requerente sejam respeitados durante todo o processo de avaliação.

Quais são os desafios na concessão do BPC?

Embora o BPC seja um direito garantido por lei, a concessão do benefício enfrenta diversos desafios que podem dificultar o acesso ao mesmo.

Burocracia e demora no atendimento

Um dos principais obstáculos é a burocracia envolvida no processo de solicitação. A demora na análise dos pedidos pelo INSS, muitas vezes devido à falta de pessoal e ao excesso de demandas, pode causar grande sofrimento aos requerentes que dependem do benefício para sobreviver.

O acompanhamento contínuo do advogado pode ajudar a agilizar o processo, garantindo que todos os prazos sejam cumpridos e que eventuais pendências sejam rapidamente resolvidas.

Interpretação restritiva dos critérios

A interpretação dos critérios de renda e da definição de deficiência pode ser bastante restritiva por parte dos avaliadores do INSS. Muitas vezes, a renda per capita familiar é calculada de maneira que desconsidera as despesas essenciais e as particularidades de cada caso. 

Dessa forma, muitos pedidos são indeferidos. A intervenção do advogado pode ser crucial para apresentar uma argumentação jurídica que demonstre a real situação de vulnerabilidade do requerente.

Falta de informação e orientação

A falta de informação e orientação adequada sobre o BPC é um problema frequente. Muitos possíveis beneficiários desconhecem seus direitos ou não sabem como proceder para solicitar o benefício. Isso torna a assistência jurídica ainda mais relevante. 

Assim, os advogados podem desempenhar um papel educacional, informando a população sobre seus direitos e os procedimentos necessários para acessar o BPC.

Qual a jurisprudência e atualizações legislativas relacionadas ao BPC?

A legislação e a jurisprudência relacionadas ao BPC estão em constante evolução, com decisões judiciais que podem impactar diretamente na concessão do benefício.

Decisões judiciais importantes

Diversas decisões judiciais têm contribuído para a ampliação do acesso ao BPC. Por exemplo, alguns tribunais têm considerado despesas com medicamentos e tratamentos de saúde no cálculo da renda familiar. Isso pode ajudar a enquadrar mais pessoas nos critérios de elegibilidade. 

Além disso, decisões que reconhecem a necessidade de considerar contextos específicos, como a vulnerabilidade social e econômica dos requerentes, também têm sido frequentes.

Atualizações na lei

Mudanças na legislação também podem alterar os critérios e procedimentos para a concessão do BPC. Por exemplo, recentemente houve discussões sobre a alteração do critério de renda, com propostas para elevar o limite para 1/2 salário mínimo per capita. 

Contudo, isso ampliaria o acesso ao benefício. É importante que advogados se mantenham atualizados sobre essas mudanças para oferecer a melhor assistência possível aos seus clientes.

BPC

Em suma, o Benefício de Prestação Continuada é uma ferramenta essencial para a proteção social de idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade. Apesar dos desafios burocráticos e das interpretações restritivas, a atuação de advogados especializados é fundamental para garantir o acesso a esse direito.

Advogados que atuam na área de Direito previdenciário e assistencial desempenham um papel crucial ao orientar, preparar recursos e defender os direitos de seus clientes. Dessa forma, contribuem para a efetivação do BPC como instrumento de justiça social.

Se manter atualizado sobre a legislação vigente, jurisprudências e as melhores práticas no atendimento a requerentes do BPC é indispensável para o sucesso na concessão desse benefício.

Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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