go horse
Gestão na advocacia

Método Go Horse: o que é e funciona na advocacia?

Você já ouviu falar do Método Go Horse? Embora o termo seja mais comum no mundo da tecnologia, sua essência irreverente e prática pode ser adaptada a outros contextos – inclusive à advocacia. 

De modo geral, o Go Horse é aquele jeito “desenrolado” de lidar com problemas: agir primeiro, ajustar depois. Seria como enfrentar a complexidade do Direito com um toque de pragmatismo, quebrando a rigidez do tradicional e priorizando soluções rápidas.

Mas será que essa abordagem funciona em um campo tão exigente e estruturado como a advocacia? Acompanhe no texto sobre o Go Horse, suas vantagens, limitações e a melhor forma de equilibrar agilidade com responsabilidade.

O que é o método Go Horse?

O Go Horse, também conhecido como Extreme Go Horse (XGH), significa, em uma tradução literal, “vai, cavalo!”. Em essência, o Go Horse é uma metodologia não-metodológica, onde a execução é priorizada acima de qualquer estratégia, análise ou reflexão inicial

A ideia é simples: começar a realizar um projeto ou resolver um problema sem pensar demais, ajustando o caminho à medida que as questões surgem. É o oposto de técnicas que exigem planejamentos minuciosos antes de qualquer ação.

Embora tenha começado como uma brincadeira entre programadores, sua ousadia e praticidade chamaram a atenção de outros campos, transformando-o em um processo conhecido. Ele representa uma mentalidade ousada diante de desafios, onde o foco está em avançar, mesmo que de forma imperfeita. 

A questão que surge é: até que ponto uma técnica tão espontânea pode ser aplicada em contextos mais estruturados, como na advocacia ou em outras áreas que demandam precisão e responsabilidade?

Como funciona o método go horse?

O Método Go Horse é uma abordagem direta e funcional que coloca a execução acima do planejamento estratégico. Ele funciona com base em três pilares principais: agir rapidamente, corrigir conforme necessário e não deixar que a complexidade paralise o avanço

A ideia central é simples: em vez de investir tempo excessivo elaborando cada detalhe, você começa a agir imediatamente e resolve as dificuldades conforme surgem. Pode ser considerada como uma solução para a chamada “paralisia do planejamento”, quando o excesso de análise impede qualquer progresso. 

No entanto, o Go Horse não significa abandonar o compromisso ou aceitar resultados de baixa qualidade. Pelo contrário, ele exige atenção constante e disposição para ajustar erros em tempo hábil, mantendo o objetivo final como prioridade.

Embora possa parecer caótico, o Go Horse pode ser eficiente em situações onde o cronograma é curto ou onde as condições ideais para uma preparação simplesmente não existem. 

Ainda assim, ele requer habilidade para identificar de imediato os conflitos e corrigi-los antes que causem danos maiores. É uma prática que pode atuar tanto como um alívio para equipes sobrecarregadas quanto como um risco potencial, dependendo de como é utilizada.

O processo eXtreme Go Horse (XGH) segue princípios próprios, conhecidos como os 22 Mandamentos do XGH, que descrevem a essência dessa técnica. Eles são:

  1. Pensou, não é XGH.
    O Go Horse é sobre ação imediata, não reflexão.
  2. Existem 3 formas de resolver um problema: a correta, a errada e o XGH.
    O último é a errada, mas mais rápida.
  3. Quanto mais XGH você faz, mais precisará fazer.
    Cada decisão improvisada gera novas demandas.
  4. XGH é totalmente reativo.
    Você só age quando o problema aparece.
  5. XGH vale tudo, só não vale dar o toba.
    A criatividade não tem limites, mas mantenha a dignidade.
  6. Commit sempre antes de update.
    Sempre salve o progresso, mesmo que imperfeito.
  7. XGH não tem prazo.
    O tempo é moldado pelas circunstâncias.
  8. Esteja preparado para pular fora.
    Quando o barco afunda, encontre uma saída ou uma desculpa.
  9. Seja autêntico.
    XGH não respeita padrões ou regras fixas.
  10. Não existe refactoring, apenas rework.
    Melhorar o que foi feito não é prioridade.
  11. XGH é anárquico.
    Não há hierarquias ou controle rígido.
  12. Se iluda com promessas de melhorias.
    A esperança de que tudo se organize é parte do processo.
  13. XGH é absoluto.
    Não se prende a interpretações ou relativismos.
  14. XGH é atemporal.
    Ele funciona em qualquer contexto, a qualquer momento.
  15. XGH nem sempre é POG.
    Embora sejam parecidos, o Go Horse é mais intencional.
  16. Não tente remar contra a maré.
    Aceite as circunstâncias e siga com elas.
  17. O XGH não é perigoso até surgir um pouco de ordem.
    Um mínimo de estrutura pode desestabilizá-lo.
  18. O XGH é seu brother, mas é vingativo.
    Ele pode funcionar, mas cobrará um preço.
  19. Se tiver funcionando, não rela a mão.
    Não conserte o que não está quebrado.
  20. Teste é para os fracos.
    No Go Horse, confiar no resultado basta.
  21. Acostume-se ao sentimento de fracasso iminente.
    Ele faz parte da experiência.
  22. O problema só é seu quando seu nome está no Doc da classe.
    A responsabilidade só existe quando há rastreabilidade.

Embora o Método Go Horse possa dar certo em circunstâncias pontuais, ele apresenta riscos significativos, como retrabalho e perda de qualidade. Se você busca uma maneira de otimizar a gestão do seu escritório com eficiência e organização, sem improvisos, experimente a ADVBOX. A plataforma oferece automação e controle estratégico para que você entregue resultados com segurança e rapidez. 

Como o go horse é adaptado para a advocacia? 

Na advocacia, um campo que valoriza planejamento, coordenação e precisão, o Go Horse pode parecer uma contradição. No entanto, ele pode ser adaptado para situações onde a agilidade é necessária, sem colocar em risco a segurança jurídica

O uso desse método no Direito exige uma abordagem mais estratégica, com foco em solucionar questões de forma funcional e simplificar processos sem negligenciar a técnica ou a ética.

Por exemplo, em um escritório de advocacia, o Go Horse pode ser aplicado ao lidar com demandas urgentes, como responder prontamente a um consumidor em crise ou iniciar uma negociação antes de preparar toda a documentação formal. 

Em vez de perder tempo elaborando pareceres extensos ou analisando cada detalhe de antemão, o jurista pode avançar com ações práticas e ajustar o curso conforme novas informações aparecem.

Uma forma de empregar o Go Horse seria equilibrar a improvisação com o comprometimento. Isso significa:

  • Priorizar a celeridade sem abrir mão da excelência jurídica;
  • Corrigir falhas de imediato para proteger os interesses do cliente;
  • Garantir que a ética e os direitos dos envolvidos sejam sempre respeitados.

Quais as principais críticas ao método Go Horse?

Embora o Método Go Horse seja valorizado por sua rapidez e simplicidade, ele não está isento de críticas.  As principais objeções estão relacionadas à falta de respeito aos prazos, ao impacto negativo no relacionamento entre os colaboradores, à redução da produtividade e até mesmo ao prejuízo no relacionamento com o cliente e na reputação da empresa.

A ausência de estratégia, a abordagem reativa e o excesso de improvisação podem gerar desafios significativos, tanto internamente quanto externamente.

A seguir, entenda os principais pontos de crítica a essa metodologia e como ela pode impactar equipes, consumidores e a imagem da empresa.

1. Não respeita prazos

Quando agir sem planejar é a regra, o cumprimento de prazos pode se tornar uma exceção. A ausência de um cronograma claro no Go Horse frequentemente resulta em atrasos imprevistos, já que os problemas são sanados conforme surgem, sem previsibilidade. 

Essa falta de organização pode gerar frustração tanto para os colaboradores quanto para os clientes, especialmente em projetos onde o cronograma é importante.

2. Prejudica o relacionamento entre os colaboradores

Improvisar pode causar tensão e conflitos dentro da equipe. A cultura do “faz e conserta depois” pode gerar sobrecarga, estresse e, muitas vezes, a transferência de responsabilidades entre membros da equipe. 

A falta de estrutura e comunicação clara pode levar a atritos e minar a confiança dentro do grupo, afetando o ambiente de trabalho.

3. Torna o trabalho improdutivo

Apesar de agilizar a execução inicial, o Go Horse pode ocasionar em retrabalho constante, já que as soluções não planejadas muitas vezes não resolvem as dificuldades de forma definitiva. 

Esse ciclo de “fazer e refazer” consome tempo, recursos e energia, tornando o trabalho menos produtivo no longo prazo.

4. Prejudica o relacionamento com o cliente

No desejo de entregar agilmente, o método pode levar a erros ou entregas abaixo do esperado. Consumidores insatisfeitos com os resultados ou com prazos desrespeitados podem perder a confiança na empresa, afetando parcerias e a retenção de clientes.

5. Prejudica a reputação da empresa 

Improvisações constantes podem ser vistas como falta de profissionalismo. Uma empresa que adota o Go Horse sem critério arrisca ser percebida como desorganizada ou ineficiente. 

Desse modo, pode afetar a relação com os clientes atuais, mas também interfere na capacidade da empresa de atrair novos negócios e manter uma boa imagem no mercado.

O método Go Horse é realmente eficaz?

O Método Go Horse, é amplamente utilizado por quem busca soluções rápidas e quer evitar a “paralisia do planejamento”. Apesar de seus atrativos iniciais, a falta de rigor e as consequências de sua aplicação descontrolada levantam sérias dúvidas sobre sua eficiência a longo prazo.  Acompanhe abaixo quais as consequências podem ser desenvolvidas na prática. 

Falta de rigor metodológico

O Go Horse ignora etapas importantes de estruturação e validação, criando um ambiente onde as decisões são tomadas sem qualquer análise prévia. 

Essa falta de estrutura dificulta prever resultados, corrigir rotas ou implementar melhorias consistentes. A consequência é um processo instável que, muitas vezes, depende mais de sorte do que de estratégia.

Base teórica frágil

Diferentemente de abordagens tradicionais, que se baseiam em estudos e experimentos bem definidos, o Go Horse carece de embasamento teórico. 

Ele é mais uma prática informal do que uma metodologia estruturada, o que o torna suscetível a erros repetitivos e à perpetuação de falhas.

Potencialização de práticas prejudiciais

Ao priorizar a execução imediata, o Go Horse abre portas para processos nocivos, como retrabalho constante, falta de testes e soluções temporárias que nunca são corrigidas. 

Dessa forma, compromete o desempenho do projeto atual e também perpetua questões para os próximos, criando um ciclo de ineficiência difícil de quebrar.

Falta de adaptabilidade

Embora o Go Horse funcione em circunstâncias pontuais, ele se torna problemático em cenários que demandam colaboração entre equipes, integração de sistemas ou alinhamento estratégico. 

Sua abordagem intuitiva não se adapta bem a ambientes onde o planejamento e a coordenação são importantes, como na gestão de grandes projetos ou na relação com clientes exigentes.

Individualismo em detrimento do trabalho em equipe

O método frequentemente promove uma cultura de “resolva você mesmo”, em que a colaboração e o trabalho em equipe ficam em segundo plano. 

Consequentemente, gera atritos, falta de comunicação e sobrecarga de funções, impactando a produtividade e o ambiente organizacional como um todo.

Falta de foco em qualidade

No Go Horse, o foco está em entregar algo que funcione, mas raramente em garantir que seja de maneira eficiente, confiável ou duradoura. 

Esse descuido com a qualidade pode colocar em risco a reputação de equipes e empresas, além de gerar custos adicionais com retrabalho e manutenção.

Conclusão

No setor jurídico, onde a precisão é importante e os erros podem trazer consequências graves, a aplicação do Método Go Horse deve ser vista com cautela.

Embora sua celeridade e objetivo na execução sejam atrativos, especialmente em situações de urgência, o improviso e a ausência de planejamento podem comprometer a excelência do trabalho, os relacionamentos com os clientes e até mesmo a credibilidade do advogado ou do escritório.

O Direito exige mais do que apenas rapidez – requer responsabilidade, ética e, sobretudo, um foco na construção de soluções duradouras e eficazes.

Por isso, se o Go Horse for adaptado, é necessário equilibrar a mentalidade de “agir primeiro” com a segurança jurídica e a proteção aos interesses do consumidor.

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TRIAL
Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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