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Recurso inominado danos morais: o que é, etapas e como funciona

Recurso inominado danos morais: o que é, etapas e como funciona

O recurso inominado é uma ferramenta jurídica importante no sistema brasileiro, especialmente quando se trata de ações que envolvem danos morais.

Por isso, geralmente é utilizado nas causas de menor complexidade, o que permite que as partes insatisfeitas com decisões de juizados especiais possam buscar a reforma da sentença de forma mais acessível e rápida. 

Pensando nisso, preparamos um conteúdo completo sobre o que é o recurso inominado, suas etapas e como ele funciona no contexto de demandas por danos morais.

Compreender esses aspectos é fundamental para aqueles que desejam fazer valer seus direitos e garantir que suas reivindicações sejam analisadas de maneira justa e eficiente.

O que é o recurso inominado em danos morais?

Em resumo, o recurso inominado é um meio de contestação de decisões judiciais nos Juizados Especiais Cíveis (JECs), que lidam com causas de menor complexidade e valor limitado, como ações envolvendo danos morais. Sendo assim, permite que a parte insatisfeita com a sentença recorra para uma instância superior dentro do próprio Juizado Especial. 

No caso de danos morais, que envolvem reparação por ofensas à dignidade, honra ou imagem, esse recurso pode ser utilizado para revisar a decisão que concedeu ou negou a indenização.

Como funciona o processo de julgamento do recurso inominado?

O recurso inominado deve ser interposto no prazo de 10 dias após a ciência da sentença (por exemplo, quando uma das partes é notificada da decisão). Além disso, deve ser fundamentado, apresentando as razões pelas quais a parte considera que houve erro ou injustiça na sentença do juiz de primeiro grau.

A partir disso, o julgamento do recurso é feito pelas Turmas Recursais, que são compostas por três juízes e funcionam como instância revisora dentro do sistema dos Juizados Especiais.

Em seguida, a parte contrária é intimada para apresentar suas contrarrazões, ou seja, sua defesa contra o recurso, no mesmo prazo de 10 dias.

Após as contrarrazões, o processo é encaminhado para julgamento pela Turma Recursal. O julgamento é simplificado e, em muitos casos, não há necessidade de novas audiências presenciais, sendo o processo julgado com base nos documentos já apresentados.

Por fim, a Turma Recursal pode confirmar, modificar ou anular a sentença original. A decisão das Turmas é, em regra, definitiva, havendo poucas hipóteses de novo recurso, como nos casos de violação a princípios constitucionais (recurso extraordinário para o STF).

Quando é cabível um recurso inominado?

O recurso inominado é cabível nos seguintes casos:

  • Sentenças do juizado especial: quando a decisão judicial foi proferida por um Juizado Especial Cível, em casos de menor complexidade e que envolvem valores de até 40 salários mínimos;
  • Divergência quanto à sentença: a parte deve estar insatisfeita com a sentença, seja porque perdeu a causa, seja porque obteve um resultado parcial ou insatisfatório (como no caso de uma indenização por danos morais que considera insuficiente);
  • Fundamentação: é necessário fundamentar o recurso, ou seja, apresentar os motivos pelos quais a sentença é equivocada, seja por erro de fato, de direito ou de apreciação das provas;
  • Prazo: o recurso deve ser apresentado no prazo legal de 10 dias após a ciência da sentença.

Quais são as etapas do recurso inominado em danos morais?

As etapas do recurso inominado em danos morais no Juizado Especial Cível seguem um procedimento simplificado, com foco em rapidez e acessibilidade. Confira cada uma das etapas a seguir:

Redigir a petição inicial

A petição inicial é o primeiro passo para ajuizar uma ação de danos morais. Nela, a parte autora expõe os fatos que causaram o dano moral, o pedido de indenização, a fundamentação jurídica e a prova documental ou testemunhal que sustenta a ação. 

Entretanto, vale destacar que a petição precisa ser clara e objetiva, uma vez que os Juizados Especiais Cíveis priorizam processos simplificados.

Juntar documentos comprobatórios

Após redigir a petição inicial, é necessário anexar todos os documentos que comprovem os fatos narrados, como provas de ofensas, danos ou qualquer material que confirme o dano moral sofrido. Em resumo, essa etapa pode incluir mensagens, fotos, gravações, boletins de ocorrência, entre outros.

Protocolizar a petição no Juizado Especial Cível

A petição inicial deve ser protocolada no Juizado Especial Cível competente. Nessa etapa, não há necessidade de advogado se o valor da causa for de até 20 salários mínimos, mas acima desse valor, é exigida a representação por advogado. O JEC aceita ações de até 40 salários mínimos.

Aguardar a citação do réu

Após a protocolização, o réu será citado para apresentar sua defesa (contestação) e participar das próximas etapas processuais. O prazo para o réu apresentar sua defesa é de 15 dias.

Audiência de conciliação

Nos Juizados Especiais, a audiência de conciliação ocorre rapidamente após a citação. Nessa audiência, o objetivo é tentar um acordo entre as partes para evitar o prosseguimento do processo. Caso as partes cheguem a um acordo, o processo é encerrado. Se não houver acordo, o processo segue para a fase de instrução.

Instrução processual

Se a conciliação não resultar em acordo, o processo entra na fase de instrução. Nessa etapa, ocorre a audiência de instrução e julgamento, onde as partes podem apresentar testemunhas e demais provas. O juiz ouve as partes envolvidas e analisa todos os documentos e depoimentos apresentados.

Sentença

Após a fase de instrução, o juiz do Juizado Especial Cível proferirá a sentença, decidindo se houve ou não o dano moral e qual será o valor da indenização, se cabível. A sentença deve ser simples, clara e fundamentada.

Cabimento de recurso

Caso uma das partes não concorde com a sentença, é possível interpor o recurso inominado. De modo geral, o recurso inominado deve ser interposto no prazo de 10 dias após a ciência da sentença.

Após a interposição, a parte contrária tem o prazo de 10 dias para apresentar contrarrazões.

Vantagens do recurso inominado em danos morais

O processo do recurso inominado em danos morais possui uma série de vantagens que facilitam a rotina dos profissionais envolvidos, entre elas podemos destacar:

  • Rapidez: os procedimentos costumam ser mais ágeis em comparação com os tribunais comuns. Afinal, a ausência de formalidades complexas acelera o trâmite processual;
  • Baixo custo: não há a exigência de pagamento de custas processuais em primeira instância, exceto em casos de recurso e, mesmo assim, com valores reduzidos;
  • Simplicidade: o processo simplificado permite que o recurso seja interposto sem excessivas formalidades e burocracias. Menos etapas e ritos processuais tornam a condução do recurso menos complexa;
  • Acessibilidade: pessoas físicas podem recorrer sem advogado em causas de até 20 salários mínimos. Além disso, o processo pode ser realizado de forma eletrônica em muitas jurisdições.

Qual o valor de danos morais no Juizado Especial?

No Juizado Especial Cível o valor das indenizações por danos morais varia conforme a gravidade do dano, as circunstâncias do caso e a avaliação do juiz. Assim, danos mais graves, como ofensas à honra, discriminação ou exposição pública, tendem a gerar indenizações maiores.

Além disso, a capacidade financeira da parte ré é considerada para evitar condenações desproporcionais.

Vale destacar que as decisões anteriores e os valores usualmente estabelecidos pelos juízes no local também influenciam o valor. O limite de valor para causas no JEC é de 40 salários mínimos, o que pode restringir o valor máximo da indenização.

Como consultar decisões anteriores sobre recursos inominados por danos morais?

Para consultar decisões anteriores de recursos inominados por danos morais, você pode acessar os sites dos Tribunais de Justiça do estado o processo foi julgado.

Uma vez no site, realize buscas por termos como “recurso inominado”, “danos morais” e “Juizado Especial”, filtrando os resultados por datas ou com base na comarca onde o processo foi julgado.

Além disso, alguns tribunais, como o STJ, disponibilizam bases de jurisprudência unificada, permitindo a pesquisa por palavras-chave ou tipos de decisão. A consulta também é possível através dos Diários Oficiais da Justiça ou em contato direto com os profissionais responsáveis, como advogados.

Modelo de recurso inominado por danos morais

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE [NOME DA COMARCA]

Processo nº: [Número do Processo]

Recorrente: [Nome da Parte que está recorrendo]

Recorrido: [Nome da Parte adversa]

JUÍZO DE ORIGEM: [Nome do Juizado Especial Cível]

RECURSO INOMINADO

[Nome do Recorrente], já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, com fulcro no artigo 41 da Lei nº 9.099/95, interpor o presente RECURSO INOMINADO contra a sentença de mérito proferida nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I. Tempestividade

O presente recurso é tempestivo, sendo interposto dentro do prazo legal de 10 dias após a ciência da sentença, conforme o disposto no artigo 42 da Lei 9.099/95.

II. Breve Síntese dos Fatos

A parte recorrente ajuizou ação de indenização por danos morais em face do recorrido, em razão de [descrever brevemente os fatos que deram origem à ação, como ofensa, injúria, situação vexatória, etc.]. Na sentença de mérito, o juízo de primeira instância entendeu por [negar, ou conceder parcialmente] a indenização pleiteada, o que não se revela compatível com a realidade dos fatos e a jurisprudência vigente.

III. Razões Recursais

1. Erro na apreciação das provas

A sentença de primeira instância ignorou a importância das provas apresentadas, em especial [citar documentos, depoimentos ou provas que foram desconsideradas ou mal interpretadas]. Tais provas evidenciam claramente que [descrever como os fatos justificam o dano moral].

2. Valoração inadequada do dano moral

A indenização arbitrada na sentença não condiz com o sofrimento moral experimentado pela parte recorrente. O valor de R$ [valor concedido], fixado pelo juízo a quo, não é suficiente para compensar o abalo emocional, nem para desempenhar o caráter pedagógico da condenação.

Nos termos da jurisprudência atual, em casos semelhantes, o montante de indenizações tem sido fixado em valores mais elevados, como forma de garantir a reparação justa e prevenir a reiteração da conduta ofensiva. Exemplo disso são os julgados [citar jurisprudências similares que arbitram valores maiores de indenização por danos morais].

3. Jurisprudência sobre o valor do dano moral

Os tribunais vêm reiteradamente reconhecendo o direito à indenização por danos morais em situações semelhantes, com valores superiores aos fixados no presente caso. Como exemplo, podemos citar:

[Tribunal de Justiça de…], Apelação nº [número], julgado em [data]: “Reconhece-se o direito à indenização por dano moral no valor de R$ [valor], em razão de [descrição do caso similar].”

4. Princípios de proporcionalidade e razoabilidade

O valor da indenização deve atender aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, tendo em vista o abalo moral sofrido pelo recorrente, além de observar o caráter pedagógico da indenização para desestimular práticas ofensivas semelhantes por parte do recorrido.

IV. Pedido

Diante do exposto, requer-se que o presente Recurso Inominado seja conhecido e provido, para:

Reformar a sentença de primeira instância e condenar o recorrido ao pagamento de indenização por danos morais em valor adequado ao sofrimento experimentado pela parte recorrente, no montante de R$ [valor pretendido], ou outro valor que Vossas Excelências julgarem adequado;

Condenar o recorrido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, conforme o artigo 55 da Lei 9.099/95.

Termos em que,

Pede deferimento.

[Local], [Data]

[Nome do Advogado]

OAB/[Estado] nº [Número da OAB]

E-mail: [E-mail]

Telefone: [Telefone]

Conclusão

O recurso inominado em casos de danos morais se apresenta como uma ferramenta essencial para garantir a revisão de decisões judiciais que, por algum motivo, possam ter sido inadequadas ou desproporcionais.

Além de ser uma via acessível, simples e rápida, o recurso permite que as partes busquem uma compensação justa para reparar o dano emocional sofrido, contribuindo para a efetivação dos direitos e para a prevenção de novas infrações.

Ao seguir todas as etapas necessárias e apresentar argumentos sólidos com base nas provas e na jurisprudência, o recorrente aumenta suas chances de obter uma decisão favorável.

Desse modo, garante que o valor da indenização esteja em consonância com a gravidade do caso e os princípios de proporcionalidade e razoabilidade.

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