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Entendendo o Artigo 921 do CPC: tudo o que você precisa saber

O Código de Processo Civil, muitas vezes abreviado como CPC, é a principal ferramenta que guia os processos judiciais civis no Brasil. É nele que encontramos todas as normas e procedimentos a se seguir, garantindo que se faça a justiça de forma ordenada e eficaz. E, dentro desse vasto documento, está o artigo 921 CPC.

Para muitos, a menção do “921 CPC” pode parecer obscura, mas ele tem uma importância significativa, principalmente quando se trata da execução e dos direitos dos credores. Vamos explorar este artigo em detalhes.

O que diz o artigo 921 do CPC?

Quando alguém deve a outrem e não paga, o credor pode buscar o Poder Judiciário para fazer valer seus direitos. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que existam bens passíveis de penhora em nome do devedor. Caso contrário, o processo pode ficar em “stand-by”.

É aqui que entra o artigo 921 do CPC. Em termos simples, o art. 921 determina que, se não se encontrarem bens penhoráveis no nome do devedor, o processo de execução será suspenso por até 1 ano.

Após este período, se ainda não se encontrarem bens, o processo permanece suspenso por mais 4 anos.

Esse dispositivo busca equilibrar os interesses do credor e do devedor. Por um lado, garante que o credor não fique eternamente em busca de bens para satisfazer sua dívida. Por outro, protege o devedor de ter um processo pendente indefinidamente, dando a ele a chance de reorganizar suas finanças.

O que acontece com o processo de execução se não localizados bens penhoráveis?

A aplicação do 921 CPC traz consequências práticas para as partes envolvidas. Para o credor, significa uma pausa na busca por seus direitos. Durante o período de suspensão, o processo fica paralisado, e não se tomam novas ações para encontrar bens do devedor.

Contudo, é essencial destacar que a suspensão não extingue a dívida. Ela continua existindo, e o devedor ainda tem a obrigação de pagá-la. O que muda é apenas a ação judicial em curso.

1. Quanto tempo dura a suspensão?

Mencionamos brevemente acima, mas é crucial entender a temporalidade estabelecida pelo 921 CPC. Inicialmente, a suspensão dura 1 ano. Passado esse período, se o credor ainda não localizar bens penhoráveis do devedor, o processo fica suspenso por mais 4 anos. Ao todo, a suspensão pode durar até 5 anos.

Porém, atenção: se, durante esse período, forem encontrados bens no nome do devedor, o processo pode ser retomado, e a penhora pode ser efetivada.

2. Por que esse artigo é importante?

O equilíbrio entre os direitos do credor e do devedor é um dos pilares do sistema judiciário. O 921 CPC serve como um mecanismo de proteção para ambas as partes.

O credor tem seu direito de execução preservado, mas não fica indefinidamente à mercê da busca por bens. Esta norma evita que os processos se arrastem por décadas, causando mais custos e desgastes.

Já o devedor, mesmo em situação adversa, tem um “respiro”. O período de suspensão pode ser usado para reorganizar sua vida financeira, buscando soluções para quitar suas dívidas e, assim, evitar futuras penhoras.

O 921 CPC também reflete a evolução do pensamento jurídico brasileiro. No passado, os processos de execução eram menos flexíveis e podiam levar a situações injustas para ambas as partes. 

No entanto, com a revisão e atualização do Código de Processo Civil, observa-se uma maior preocupação em equilibrar os direitos e deveres de credores e devedores, garantindo um processo mais humano e justo.

O que vem a ser suspensão e extinção no processo executório?

Muitas pessoas podem confundir o significado de “suspensão” com o de “extinção” do processo, especialmente quando se trata do 921 CPC. Entender essa diferença é crucial para interpretar corretamente o artigo e seus impactos.

A “suspensão”, conforme tratada no art. 921, é temporária. Ela pausa a ação de execução por um período determinado, mas não elimina o direito do credor nem a obrigação do devedor. A “extinção”, por outro lado, encerra definitivamente o processo. 

Quando um processo é extinto, sua retomada depende de circunstâncias específicas e, em muitos casos, pode não ser mais possível.

1. Como o devedor pode se beneficiar durante a Suspensão?

A aplicação do 921 CPC não só protege o devedor contra uma execução interminável, mas também lhe dá um espaço para buscar alternativas e soluções. Durante a suspensão, o devedor pode:

Negociar diretamente com o credor: Sem a pressão imediata de uma ação de execução, ambas as partes podem buscar um acordo mutuamente benéfico, como um parcelamento da dívida ou uma redução no valor devido.

Reorganizar suas finanças: O devedor tem a oportunidade de reajustar seu orçamento, vender ativos ou buscar novas fontes de renda para cumprir suas obrigações.

Buscar assessoria jurídica: Com mais tempo e menos pressão, o devedor pode procurar profissionais especializados que o orientem sobre as melhores formas de lidar com a dívida, seja por meio de negociação, seja por outros mecanismos legais.

Por outro lado, o credor, apesar de ter seus interesses momentaneamente pausados, ganha uma oportunidade de reavaliar sua estratégia. 

Em muitos casos, a renegociação direta pode ser mais vantajosa do que a continuação do litígio, uma vez que diminui os custos processuais e o tempo de espera.

2. A perspectiva do credor e o papel da justiça

Por mais que o 921 CPC pareça favorecer o devedor ao suspender o processo, não podemos esquecer da figura do credor, que busca receber um valor que lhe é devido.

O credor, ao ingressar com uma ação de execução, espera receber seu crédito de forma eficiente. A suspensão do processo pode ser vista como um entrave, mas é essencial lembrar que a justiça busca equilibrar os direitos de todas as partes envolvidas.

A suspensão, ao invés de ser um obstáculo, pode ser uma oportunidade. O período pode ser usado pelo credor para coletar mais informações, buscar bens do devedor em outras jurisdições ou até mesmo avaliar a possibilidade de renegociar o débito.

Além disso, o papel da justiça aqui é fundamental. Ao aplicar o 921 CPC, o judiciário está, de certa forma, incentivando uma resolução extrajudicial da dívida. 

Muitas vezes, uma conversa franca entre as partes, mediada por advogados ou outros profissionais, pode ser mais eficaz do que uma longa batalha nos tribunais.

Além do aspecto legal, é válido ressaltar a importância social deste artigo. Uma execução prolongada pode gerar inúmeros transtornos para o devedor, desde estresse psicológico até problemas maiores, como a perda de seu meio de sustento ou moradia. 

O período de suspensão, quando bem utilizado, pode ser a chance de um novo começo, de reestruturar sua vida e honrar seus compromissos de forma digna.

Conclusão

O Código de Processo Civil é uma peça fundamental na engrenagem da justiça brasileira. E o artigo 921, por mais específico que seja, reflete a complexidade e o equilíbrio que o Direito busca em cada decisão.

Através do entendimento profundo do 921 CPC, percebemos que cada artigo, parágrafo e inciso tem sua razão de ser, com o objetivo de tornar a justiça mais acessível, justa e equilibrada para todos.

Seja você credor ou devedor, é essencial conhecer seus direitos e deveres. E, acima de tudo, lembrar que a justiça, em sua essência, busca a harmonia social e a resolução pacífica dos conflitos. O artigo 921 do CPC é uma prova viva desse princípio.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.