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Direito

Advocacia pro bono: o que é, importância e como funciona

A advocacia pro bono é uma prática do campo jurídico, permitindo que pessoas e instituições sem recursos financeiros tenham acesso à justiça por meio de serviços advocatícios gratuitos. Nesse contexto, o pro bono advogado oferece seu conhecimento e tempo para ajudar quem realmente precisa. 

Mas como essa prática funciona na prática, quais as regras e quem pode exercê-la? Neste artigo, você entenderá tudo sobre o tema, incluindo suas vantagens, limitações e impacto no mercado jurídico.

O que é advocacia pro bono?

A advocacia pro bono se refere à prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos por advogados, direcionada a pessoas ou instituições sem condições financeiras de contratar um profissional.

Essa prática está regulamentada pelo Provimento 166/2015 do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e é vista como uma forma de solidariedade social por parte do advogado, que contribui para a democratização do acesso à justiça. Conforme o artigo 1º e seu parágrafo único do provimento comentado. Confira:

Art. 1º Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional. 

Parágrafo único. A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.

A prática não é obrigatória, mas reflete o compromisso ético do advogado com a promoção do acesso à justiça. Além disso, ela é limitada por critérios específicos, como a necessidade de hipossuficiência dos beneficiários e a eventualidade na prestação do serviço.

A advocacia pro bono pode ser exercida em diferentes áreas do direito, desde demandas civis até questões trabalhistas ou previdenciárias. Assim, promove igualdade social e garantir que direitos fundamentais sejam resguardados. O importante é que os atendidos sejam pessoas em vulnerabilidade econômica ou organizações sem fins lucrativos.

Como funciona a advocacia pro bono?

A advocacia pro bono funciona por meio de serviços jurídicos oferecidos gratuitamente, mas deve seguir critérios específicos, como eventualidade e respeito às regras éticas da OAB.

Existem diferentes formas de um advogado atuar pro bono: de maneira individual, em parceria com organizações ou em programas institucionais de grandes escritórios e empresas. Cada modalidade possui características próprias e vantagens distintas, como você verá a seguir.

Individualmente

Na atuação individual, o advogado oferece seus serviços diretamente para pessoas físicas ou instituições que necessitam de assistência jurídica. Nessa modalidade, o profissional tem total autonomia para decidir quais casos atender, considerando suas especialidades e disponibilidade de tempo. 

No entanto, é imprescindível que os beneficiados atendam aos critérios de hipossuficiência financeira, garantindo que os serviços sejam direcionados a quem realmente precisa. Além disso, o advogado deve respeitar a eventualidade, evitando transformar o pro bono em uma prática contínua que infrinja as regras da OAB.

Por meio de organizações

Muitas ONGs, associações comunitárias e instituições beneficentes atuam como pontes entre advogados e pessoas em situação de vulnerabilidade. Assim, essas organizações geralmente têm maior alcance na identificação de demandas sociais e podem centralizar a triagem de casos que necessitam de assistência jurídica. 

Para o advogado, essa modalidade é vantajosa porque permite atuar em parceria com instituições que já possuem estrutura organizada e critérios claros para selecionar os beneficiados. Assim, o profissional pode se concentrar no trabalho jurídico, enquanto a organização garante que os casos atendidos sejam os mais urgentes e prioritários.

Em programas institucionais

Grandes escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de empresas frequentemente implementam programas internos de advocacia pro bono. Esses programas são estruturados para incentivar os advogados da instituição a dedicarem parte de seu tempo a causas sociais, sem comprometer a rotina corporativa. 

Por meio desses programas, os advogados têm acesso a suporte técnico e administrativo, facilitando o manejo de casos mais complexos. Além disso, essas iniciativas promovem uma cultura de responsabilidade social dentro das organizações, fortalecendo a reputação institucional e ampliando o impacto social da prática pro bono.

O que é um caso pro bono?

Um caso pro bono é qualquer demanda jurídica atendida de forma voluntária, eventual e gratuita a uma determinada pessoa ou instituição beneficente, podendo ser uma Organização não governamental (ONG), por exemplo, respeitando os critérios de eventualidade e hipossuficiência do beneficiado.

Os casos pro bono podem variar desde questões simples, como regularização de documentos, até litígios complexos em diferentes áreas do direito. O importante é que sejam atendidas pessoas ou instituições que realmente não tenham condições de pagar por serviços advocatícios.

Quantos casos pro bono um advogado pode pegar?

Não há um limite fixo de casos que um advogado pode atender de forma pro bono, mas eles devem ser realizados eventualmente e não contínua.

Dessa forma, a eventualidade é fundamental para que a prática não seja caracterizada como concorrência desleal ou utilizada como estratégia para captação de clientes. Portanto, o advogado deve equilibrar sua agenda profissional para que o pro bono seja um complemento, e não sua principal atividade.

Existem vedações da OAB para os serviços pro bono?

Sim, a OAB impõe algumas vedações importantes para a prática da advocacia pro bono, garantindo que ela seja realizada de forma ética e conforme o Código de Ética e Disciplina.

Entre as restrições da OAB, o serviço não pode ser utilizado para fins político-partidários ou eleitorais, nem para beneficiar instituições com esses objetivos. Além disso, é vedado usar a prática como estratégia de publicidade ou captação de clientes, preservando o caráter altruísta da atuação.

Outro ponto é que a advocacia pro bono deve ser eventual. A prestação contínua de serviços gratuitos pode ser caracterizada como concorrência desleal e trazer consequências disciplinares ao advogado. Portanto, é necessário respeitar essas diretrizes para exercer a prática de forma legítima e responsável.

Como a inteligência artificial está impactando o cenário jurídico?

A inteligência artificial (IA) tem impactado significativamente o cenário jurídico, tornando os processos mais eficientes e acessíveis. Dessa forma, ferramentas podem auxiliar os advogados a gerenciar seus casos pro bono com mais organização, permitindo que dediquem mais tempo à análise de demandas e ao atendimento de clientes

Além disso, a IA pode automatizar tarefas burocráticas, como a triagem de casos e a pesquisa de jurisprudências, otimizando o trabalho do advogado. No contexto do pro bono, essas tecnologias são especialmente úteis, pois permitem que o profissional atenda mais casos sem comprometer a qualidade de seus serviços.

Quais os tipos de casos que podem ser atendidos pro bono?

Casos pro bono podem ser de diversas áreas do direito, desde questões civis até causas relacionadas a direitos humanos. Isso porque a prática visa garantir acesso à justiça para pessoas ou grupos em situações de vulnerabilidade econômica. 

A seguir, exploramos as principais áreas jurídicas que demandam advocacia pro bono:

Direito Civil

Casos relacionados ao Direito Civil incluem questões como regularização de documentos, divórcios consensuais ou litigiosos, ações de guarda de menores e cobranças indevidas. Além disso, o pro bono advogado pode atuar em problemas envolvendo direitos do consumidor, como reparações por serviços mal prestados. Esse tipo de assistência é crucial para resolver questões que afetam diretamente a vida cotidiana de pessoas em vulnerabilidade.

Direito Criminal

No âmbito do Direito Criminal, o advogado pro bono pode defender indivíduos acusados que não têm condições de arcar com honorários. Isso inclui atuar em situações de prisões ilegais, abuso de autoridade ou garantir que o devido processo legal seja seguido. Assim, a atuação pro bono assegura que todos tenham direito à defesa, independentemente de sua condição financeira.

Direito do Trabalho

Casos trabalhistas são comuns no pro bono, especialmente em situações de rescisões contratuais, não pagamento de verbas rescisórias e disputas por condições abusivas no ambiente de trabalho. O advogado também pode ajudar trabalhadores a reivindicar direitos como os instituídos pela CLT: FGTS, férias e 13º salário. Essa atuação é particularmente importante para proteger os direitos de empregados em situação de vulnerabilidade econômica.

Direito Previdenciário

No Direito Previdenciário, o pro bono advogado pode auxiliar na obtenção de benefícios como aposentadorias, auxílios doença e pensões por morte. Outra demanda recorrente é o recurso contra negativas indevidas do INSS. Dessa forma, esses serviços ajudam pessoas a garantirem direitos fundamentais que impactam diretamente sua subsistência e qualidade de vida.

Direitos Humanos

Casos envolvendo direitos humanos incluem a defesa de minorias e populações marginalizadas contra violações de direitos fundamentais. Isso pode incluir situações de discriminação racial, de gênero ou orientação sexual, bem como a luta por moradia e acesso à saúde básica. A atuação nesse campo reflete a essência do pro bono, promovendo justiça e dignidade para os mais vulneráveis.

Quem pode exercer a advocacia pro bono?

A advocacia pro bono pode ser exercida por qualquer advogado regularmente inscrito na OAB, com registro ativo e sem impedimentos para o exercício da profissão. É essencial que o profissional esteja conforme o Código de Ética da OAB e respeite as normas estabelecidas pelo Provimento 166/2015.

Além disso, estagiários de Direito podem participar de atividades pro bono, quando estiverem registrados como estagiários na OAB e atuem sob a supervisão direta de um advogado responsável. Contudo, é importante lembrar que eles não têm autonomia para prestar serviços de forma independente. A prática está aberta a todos os advogados, se atenderem aos requisitos éticos e legais, promovendo o acesso à justiça de forma responsável e profissional.

Qual é a importância da advocacia pro bono?

A advocacia pro bono garante o acesso à justiça, especialmente para pessoas ou instituições em situação de vulnerabilidade econômica. Ela atua como um mecanismo de inclusão, permitindo que indivíduos sem recursos financeiros defendam seus direitos e obtenham proteção legal.

Além disso, a prática fortalece a cidadania, reduzindo desigualdades sociais e promovendo uma justiça mais equitativa. Para o advogado, é uma oportunidade de contribuir para a sociedade, desenvolver habilidades práticas e reforçar sua reputação profissional. 

Em um mercado competitivo, a advocacia pro bono também demonstra compromisso ético e responsabilidade social, aspectos valorizados por clientes e colegas.

Quais são os requisitos para o exercício da advocacia pro bono?

Em geral, para exercer a advocacia pro bono, o advogado precisa estar regularmente inscrito na OAB, respeitar o Código de Ética da profissão e atender os critérios de eventualidade e hipossuficiência das pessoas assistidas. A seguir, confira quais os requisitos necessários para o pro bono advogado. 

  • Estar regularmente inscrito na OAB: somente advogados com registro ativo na OAB podem atuar pro bono;
  • Seguir as diretrizes e regras éticas da OAB: o profissional deve respeitar o Código de Ética e os provimentos aplicáveis, evitando práticas inadequadas;
  • Atender aos critérios de hipossuficiência do assistido: os atendidos devem comprovar que não possuem condições financeiras de pagar por serviços jurídicos;
  • Respeitar os limites da advocacia pro bono: os serviços devem ser eventuais, e não contínuos;
  • Observar as normas processuais e legais: mesmo sendo gratuitos, os serviços devem cumprir todas as exigências legais e processuais.

Esses requisitos garantem que a prática seja realizada de forma ética e direcionada a quem realmente necessita. Além disso, o advogado deve observar as normas processuais e legais aplicáveis a cada caso. 

O profissional também deve evitar qualquer uso do pro bono como ferramenta de autopromoção ou captação de clientela, preservando seu caráter altruísta. Ainda, estagiários podem participar, mas somente sob a supervisão de um advogado responsável.

Todo advogado pode oferecer serviços pro bono?

Sim, todo advogado devidamente inscrito na OAB pode oferecer serviços pro bono. No entanto, é importante observar que essa atuação deve respeitar as diretrizes éticas e legais estabelecidas pela OAB, como a eventualidade da prática e a proibição de utilizá-la para fins de publicidade ou captação de clientes.

Estagiários também podem participar da advocacia pro bono, mas apenas sob supervisão de um advogado responsável, uma vez que não possuem autonomia para exercer a profissão de forma independente. Essa supervisão garante que os atos realizados estejam conforme as normas e assegura a qualidade do atendimento prestado.

Portanto, seja individualmente ou em parceria com organizações, advogados podem atuar pro bono, se cumprirem os requisitos regulamentares e éticos.

Qual a diferença entre assistência judiciária gratuita e advocacia pro bono?

A principal diferença entre assistência judiciária gratuita e advocacia pro bono está em quem oferece o serviço e como ele é organizado. A assistência judiciária gratuita é um dever do Estado, geralmente realizada por defensores públicos, e voltada para pessoas que comprovem não ter condições de pagar por serviços jurídicos.

Já a advocacia pro bono é uma iniciativa voluntária de advogados ou escritórios, destinada a pessoas físicas ou organizações sociais sem fins lucrativos.

Enquanto a assistência judiciária gratuita é garantida por lei, a advocacia pro bono depende da decisão e disponibilidade do profissional, realizada eventualmente e sem fins lucrativos. Contudo, ambas promovem o acesso à justiça, mas de maneiras complementares.

Quais são as vantagens de atuar na advocacia pro bono?

Atuar na advocacia pro bono traz diversas vantagens para o advogado, indo além do benefício social. A prática contribui para o crescimento profissional, melhora o networking e aumenta a visibilidade no mercado jurídico

Além disso, permite que o advogado desenvolva habilidades práticas e fortaleça sua reputação como um profissional ético e comprometido. Confira mais detalhes sobre as vantagens a seguir.

Ajuda na aquisição de experiência

A advocacia pro bono é uma excelente oportunidade para que advogados, especialmente os iniciantes, adquiram experiência prática. Por meio de casos reais, eles podem aprimorar suas habilidades, desde a análise jurídica até a defesa em tribunais. 

Atender a diferentes tipos de demandas amplia o conhecimento e a capacidade de resolver problemas, o que se reflete em maior confiança e segurança no exercício da profissão.

Expande o networking

A prática do pro bono também ajuda a expandir a rede de contatos do advogado. Ao atender casos gratuitos, o profissional pode interagir com organizações, ONGs e outros advogados engajados.

Além disso, clientes atendidos podem, futuramente, recomendar seus serviços a terceiros. Um bom atendimento pro bono, mesmo sendo gratuito, pode gerar indicações valiosas e parcerias estratégicas no mercado jurídico.

Contudo, além das vantagens profissionais, a advocacia pro bono proporciona uma profunda realização pessoal ao saber que seu trabalho impacta positivamente a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade, garantindo acesso à justiça. 

Além disso, lidar com esses casos ajuda a desenvolver habilidades interpessoais, como empatia, paciência e comunicação eficaz, fundamentais para o sucesso no mercado jurídico. Por fim, atuar em cenários complexos e emocionalmente desafiadores aprimora a capacidade de resolução de problemas, tornando o advogado mais preparado para enfrentar desafios em sua carreira.

É proibido advogar pro bono?

Não, advogar pro bono não é proibido. Pelo contrário, essa prática é permitida e até incentivada pela OAB, desde que realizada dentro dos limites éticos e legais estabelecidos.

O advogado deve observar que o serviço pro bono deve ser gratuito, eventual e não pode ter fins políticos, publicitários ou eleitorais. Além disso, é necessário atender aos critérios de hipossuficiência do beneficiário e respeitar as normas processuais. 

A não observância dessas diretrizes pode levar a sanções disciplinares. Portanto, com responsabilidade e respeito às regras, advogar pro bono é uma forma legítima e valiosa de exercer a profissão.

Quem paga o advogado pro bono?

Os serviços de advocacia pro bono são gratuitos, ou seja, o advogado não recebe pagamento da pessoa ou instituição assistida. No entanto, é possível que o advogado receba honorários de sucumbência, pagos pela parte vencida no processo, conforme determinado pelo juiz, entre 10% e 20% do valor da causa. 

Isso acontece porque os honorários de sucumbência não são custeados pelo cliente hipossuficiente, mas sim pela parte perdedora, sendo um direito garantido ao advogado. Assim, mesmo atuando gratuitamente, o pro bono advogado pode ser remunerado dessa maneira, sem infringir as regras éticas ou legais da OAB.

Conclusão

A advocacia pro bono é uma prática que democratiza o acesso à justiça e fortalece a cidadania. O pro bono advogado cumpre um papel social importante, ao mesmo tempo que aprimora suas habilidades e constrói uma carreira sólida.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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