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Crime de coação: conheça os tipos e o funcionamento da lei

No contexto jurídico brasileiro, o crime de coação é uma infração que transgride os princípios fundamentais da convivência civilizada.

Afinal, segundo a legislação pátria, o ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, é tipificado como delito, buscando preservar a liberdade individual e a integridade psicológica.

Ainda, sob a ótica doutrinária, juristas destacam que a coação se revela como um ataque à autonomia da vontade, fundamentando-se em princípios constitucionais.

Assim, a doutrina amplamente reconhece a importância de preservar a liberdade individual e repudia qualquer forma de constrangimento, enfatizando a necessidade de tutela eficaz.

Quais tipos de coação?

  • Coação física;
  • Coação moral;
  • Coação social;
  • Coação econômica;
  • Coação sexual.

1. Coação física: além dos limites do corpo

A coação física se manifesta quando há o uso da força, violência ou restrição física para constranger alguém. Assim, esse tipo de coação vai além das palavras, causando danos imediatos e muitas vezes deixando cicatrizes físicas e emocionais profundas na vítima.

2. Coação moral: o poder das palavras e pressões

A coação moral é sutil, baseada no poder das palavras e pressões psicológicas. Isto é, a vítima se sente compelida a agir contra sua vontade devido a ameaças verbais, manipulação emocional ou difamação. Essa forma de coação deixa marcas invisíveis, mas nem por isso menos impactantes.

3. Coação social: o peso das expectativas e normas

Contudo, na coação social, a pressão provém do meio ao redor da vítima. Expectativas sociais, normas culturais ou influências externas podem forçar alguém a agir de maneira contrária aos seus desejos. O receio de rejeição ou ostracismo muitas vezes impulsiona essa forma de coação.

4. Coação econômica: a fragilidade financeira como arma

A coação econômica ocorre quando a vítima é constrangida devido à sua fragilidade financeira. A ameaça de demissão, perda de emprego ou dificuldades econômicas impostas deliberadamente podem forçar a pessoa a agir contra sua vontade, revelando as complexas relações entre poder e subsistência.

5. Coação sexual: a violência que ataca a integridade

A coação sexual é uma forma repugnante que atinge a integridade física e psicológica da vítima. Envolve ameaças, chantagem ou força para obter favores sexuais. A legislação brasileira reforça a gravidade desse tipo de coação, buscando punir severamente os agressores e proteger as vítimas.

Como combater a coação?

  • A coação no Código Penal;
  • Coação no Direito Civil Brasileiro.

1. A coação no Código Penal

A coação é minuciosamente tratada no Código Penal Brasileiro, destacando-se principalmente nos artigos 146 a 148.

Dessa forma, estes dispositivos legais definem as condutas que configuram coação, estabelecendo penas proporcionais à gravidade do constrangimento. A legislação busca preservar a autonomia da vontade e a integridade das vítimas.

Este Código define a coação como constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fazer o que a lei não manda, ou deixar de fazer o que ela ordena. A gravidade da ameaça, por vezes subjetiva, é crucial na caracterização do crime, refletindo a intenção de intimidar a vítima.

2. Coação no Direito Civil Brasileiro

No âmbito do Direito Civil Brasileiro, a coação é abordada com foco nas relações contratuais e na proteção das vontades livres das partes envolvidas. Ou seja, a invalidação de contratos devido à coação visa preservar a autonomia e a liberdade de decisão dos contratantes.

Assim, quando uma das partes é compelida a celebrar um contrato por meio de ameaças, violência física, ou pressões injustas, a legislação brasileira concede a possibilidade de anulação desse contrato, reconhecendo a ausência de vontade livre.

Desse modo, a configuração da coação no Direito Civil requer a presença de elementos específicos, como a intensidade da pressão exercida sobre a vontade da parte, a injustiça da ameaça, e a relação de causalidade entre a coação e a celebração do contrato. 

A legislação civil brasileira, ao permitir a anulação de contratos resultantes de coação, visa proteger a parte vulnerável e restaurar a equidade contratual. Além da anulação, as partes afetadas pela coação têm o direito de buscar a reparação de danos, incluindo prejuízos materiais e morais causados pela conduta ilícita.

A coação moral é uma vertente preocupante no Direito Civil, pois atua muitas vezes de maneira subjetiva, influenciando a vontade das partes de forma não física, mas psicológica. No contexto contratual, a coação moral pode levar à invalidação do contrato, demonstrando a importância da proteção contra essa forma sutil de pressão.

O que é considerada violência doméstica segundo a Lei Maria da Penha?

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) representa um avanço significativo na proteção das vítimas de coação no âmbito doméstico. Ela não apenas criminaliza a coação psicológica, mas também estabelece medidas protetivas para prevenir danos futuros, reconhecendo a gravidade desse tipo de violência nas relações familiares.

Esta legislação amplia, assim, o conceito de violência além das agressões físicas, incluindo formas de coação psicológica e moral. Isso reconhece que a violência não se limita apenas à esfera física, mas abrange também danos emocionais e psicológicos.

Assim, situações em que a vítima é submetida a pressões, ameaças, constrangimentos e humilhações são consideradas atos de violência, destacando a importância de proteger não apenas o corpo, mas também a saúde mental das vítimas.

 A referida legislação destaca a necessidade de um tratamento específico para os casos de violência doméstica. Isso inclui o acompanhamento especializado, a promoção de assistência psicológica às vítimas e a conscientização sobre a gravidade da coação no contexto das relações familiares.

Qual a proteção contra coação no comércio?

O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) também desempenha um papel relevante ao proteger os consumidores contra práticas comerciais coercitivas. A legislação visa assegurar que os consumidores realizem transações de forma livre, sem serem pressionados ou coagidos por fornecedores.

1. Normativas trabalhistas: coibindo coação no ambiente laboral

No contexto trabalhista, diversas normativas buscam coibir a coação. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e a Constituição Federal estabelecem direitos e garantias fundamentais, protegendo os trabalhadores contra práticas coercitivas por parte dos empregadores.

2. Leis específicas: abordagens detalhadas para certos contextos

Além dessas legislações abrangentes, há leis específicas que tratam de formas particulares de coação. A Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006), por exemplo, tipifica a coação para o envolvimento com substâncias ilícitas.

O que é a coação qual é o seu efeito jurídico?

  • Gap na efetividade judicial;
  • Educação e conscientização;
  • Abordagem multidisciplinar.

1. Gap na efetividade judicial

Apesar da robustez da legislação, a efetividade na aplicação das normas contra a coação enfrenta desafios. A morosidade judicial e a falta de recursos adequados muitas vezes resultam em atrasos na punição dos infratores, gerando frustração e desconfiança no sistema de justiça.

O ato de coagir, frequentemente, ocorre nos bastidores, tornando desafiador identificar e comprovar esses casos perante a justiça. A dependência de testemunhos, muitas vezes relutantes, e a ausência de evidências físicas tangíveis podem dificultar a responsabilização dos perpetradores.

2. Educação e conscientização

A prevenção da coação vai além da legislação; envolve também a educação e conscientização da sociedade.

É imperativo promover uma cultura que rejeite práticas coercitivas, capacitando as pessoas a reconhecerem e denunciarem tais comportamentos, criando um ambiente hostil para a perpetuação desse crime.

3. Abordagem multidisciplinar

A coação, pela sua complexidade, exige uma abordagem multidisciplinar. A colaboração entre profissionais do direito, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas é essencial para oferecer suporte abrangente às vítimas e garantir uma aplicação eficaz da legislação.

Embora a legislação brasileira tenha avançado significativamente na abordagem da coação, desafios persistem na sua aplicação e prevenção.

O comprometimento contínuo com o aprimoramento legal, a integração de abordagens multidisciplinares e o uso inovador da tecnologia são fundamentais para criar uma sociedade mais justa e resiliente contra essa forma de violência.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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