Marketing jurídico digital: o que é e como fazer?
Durante décadas, o sucesso de um escritório de advocacia estava atrelado a dois pilares: indicações e reputação construída no tempo. Bons serviços geravam boas recomendações, e isso alimentava a roda. Era um marketing silencioso, quase invisível, mas eficiente dentro dos limites da convivência física e dos círculos sociais.
Com a chegada da internet, essa lógica começou a mudar. Primeiro vieram os sites institucionais. Depois, os blogs com artigos jurídicos. Em seguida, as redes sociais, os vídeos, os podcasts, os anúncios segmentados. O que era restrito à mesa de um café ou à confiança passada de cliente para cliente passou a ser moldado por algoritmos, conteúdos estratégicos e decisões de clique.
Hoje, o marketing jurídico digital é uma necessidade para qualquer profissional que deseja crescer, atrair clientes com previsibilidade e se posicionar como referência em sua área, tudo isso respeitando as normas da OAB. Acompanhe o texto para compreender como fazer isso com assertividade.
O que é marketing jurídico digital?
Marketing jurídico digital é a estratégia de posicionamento, autoridade e geração de oportunidades para advogados e escritórios no ambiente online, sempre em conformidade com as diretrizes do Código de Ética da OAB.
É principalmente sobre comunicação estratégica com propósito: explicar direitos, educar a audiência, mostrar especialização e construir confiança. Tudo isso, claro, com foco em aproximar o tipo certo de público, aquele que realmente precisa da sua solução jurídica.
O que é permitido no marketing jurídico?
Algumas estratégias são permitidas e bastante eficazes dentro da advocacia, como o marketing de conteúdo, de eventos, de relacionamento, de influenciadores e o inbound. Utilizando esses meios, é possível comunicar, se posicionar e atrair clientes com ética, sempre respeitando as diretrizes da OAB.
De modo geral, a publicidade legal deve ser informativa, discreta e de interesse público. Não é permitido prometer resultados, oferecer serviços de forma ostensiva ou estimular a litigiosidade.

Veja como esses principais métodos podem ser feitos:
Marketing de Conteúdo
É uma das formas mais legítimas e eficazes de engajar e conquistar a confiança de quem busca orientação jurídica. O advogado compartilha conhecimento jurídico acessível, explicando direitos, obrigações, processos e soluções de maneira clara.
Seja em textos de blog, vídeos no YouTube, posts no Instagram ou newsletters, o objetivo está em informar, não vender. Quando bem feito, o conteúdo gera autoridade, aproxima o público e gera oportunidades qualificadas, tudo dentro das normas da OAB.
Por exemplo, um post explicando os direitos de um trabalhador demitido por justa causa ou um vídeo descomplicando as regras da aposentadoria por invalidez.
Inbound Marketing
Conhecido como marketing de atração, o inbound é uma estratégia mais completa e que pode incluir a produção de conteúdo, nutrição de leads (contatos), automações e fluxos de comunicação, tudo com o objetivo de conduzir o potencial cliente até a tomada de decisão, respeitando seu tempo e interesse.
Na advocacia, o inbound começa com um informação de valor, passa por um relacionamento via e-mail ou WhatsApp (com o devido consentimento) e pode evoluir para uma consulta. A ideia não é empurrar, mas guiar com ética e inteligência.

Marketing de Relacionamento
Na prática, é o cuidado com os vínculos, com clientes, colegas e até com a audiência nas redes sociais. É permitido e até recomendado que o advogado esteja presente de forma ativa e humanizada, mostrando os bastidores do escritório, celebrando conquistas e respondendo dúvidas com empatia.
O método foca em fortalecer a credibilidade, mostrar quem está por trás da toga e gerar conexão. Muitas vezes, é essa postura que fideliza pessoas ou gera aquela indicação importante. O uso de um CRM também ajuda nesse processo, ao organizar informações importantes e permitir um acompanhamento mais próximo, atencioso e duradouro.
Por exemplo, responder comentários com atenção, compartilhar feedbacks de maneira ética, mostrar a rotina com discrição e autenticidade.
Na ADVBOX, você encontra ferramentas de CRM jurídico integradas ao seu fluxo de trabalho, o que facilita o acompanhamento do relacionamento com cada cliente, do primeiro contato à fidelização, tudo dentro do mesmo sistema.
Marketing de Eventos
Participar ou organizar eventos jurídicos, como palestras, congressos, lives e workshops, também é uma forma ética de marketing. Isso porque o foco está na transmissão de conhecimento e na valorização da advocacia.
Um evento bem divulgado, com tema relevante e público-alvo, posiciona o jurista como referência e amplia sua rede de contatos. A OAB permite essa prática, desde que o convite e a divulgação tenham um tom institucional e educativo.
É possível, por exemplo, fazer lives no Instagram com especialistas ou encontros presenciais sobre temas específicos.
Marketing de Influenciadores
Sim, é possível, desde que com responsabilidade. Muitos advogados já se tornaram verdadeiros influenciadores digitais, com perfis que misturam informação, posicionamento e até um pouco de vida pessoal. O segredo está em não ultrapassar o limite entre influência e mercantilização.
O marketing de influência jurídico deve servir para ampliar o alcance da informação, conscientizar e formar opinião, não para fazer propaganda explícita.
No entanto, ao fechar parcerias com influenciadores não juristas, é importante que a divulgação seja educativa e não configure oferta de serviços, o objetivo sempre deve ser a informação.
Como fazer marketing jurídico digital?
Para começar no marketing, alguns passos podem ajudar, como ter um site profissional, produzir conteúdos de qualidade e usar as redes sociais de forma estratégica.
Para quem atua no Direito, o desafio é fazer isso com inteligência e ética, sem cair em exageros que desrespeitem as normas da OAB. Veja abaixo como fazer:
Crie um site profissional
Um site jurídico eficiente precisa ser limpo, carregar rápido e passar confiança. Não adianta ser bonito e vazio. Ele deve mostrar:
- Quem você é (com uma boa foto e bio);
- O que você faz (com linguagem voltada para leigos, não para advogados);
- Onde atua (cidades, regiões ou digital);
- Respostas práticas para dúvidas frequentes dos seus clientes;
- Um canal direto para contato (WhatsApp funciona muito bem).
Não sabe por onde começar? Use plataformas como WordPress, Wix ou contrate um freelancer com experiência em sites jurídicos. Evite templates genéricos e linguagem rebuscada. Fale com quem te contrata, não com colegas.

Produza conteúdo de qualidade
Escreva e publique como se estivesse explicando algo pela terceira vez para um cliente que não entende nada de Direito. Isso é conteúdo de qualidade. O que funciona:
- Vídeos curtos com explicações simples;
- Posts com perguntas e respostas que você ouve no seu dia a dia;
- Artigos com linguagem clara, organizados por tema (previdência, trabalhista, família…).
Use sempre o tom educativo, nunca publicitário. Mais do que explicar leis, sua comunicação deve traduzir o jurídico para o cotidiano das pessoas, respondendo perguntas reais e comuns do seu público. E seja constante: uma vez por semana, toda semana. Isso gera lembrança.
Utilize as redes sociais
Estar nas redes sociais é essencial para criar conexão, mostrar consistência e gerar lembrança. No entanto, isso não significa fazer posts genéricos ou só divulgar datas comemorativas. A intenção deve ser sempre compartilhar conhecimento e mostrar os bastidores da sua atuação com naturalidade e propósito. Veja as principais redes atuais:
- Instagram: ideal para mostrar bastidores, responder dúvidas e se aproximar da audiência;
- LinkedIn: funciona para fortalecer sua autoridade com outros profissionais e mostrar cases;
- TikTok: se quiser viralizar com vídeos simples e direto, é o lugar, mas exige frequência.
Como fazer:
- Tenha uma identidade visual mínima e padronizada;
- Responda comentários e directs com atenção;
- Evite copiar ideias genéricas de outros perfis, crie sua voz.
Invista em e-mail marketing
Se você já atendeu alguém, já tem contatos. Se alguém preencheu um formulário ou baixou um material seu, melhor ainda. Ter uma lista de contatos ativa e se comunicar com frequência é uma ótima forma de manter relacionamentos e estar presente na mente do público.
Funciona especialmente bem para reativar ex-clientes, manter leads aquecidos e entregar valor contínuo. Como fazer:
- Crie uma lista de e-mails com base em quem já teve contato com você;
- Envie mensagens úteis curtas 1x por semana ou a cada 15 dias;
- Fale de temas práticos: mudanças na lei, prazos, direitos pouco conhecidos;
- Use ferramentas como MailerLite, RD Station ou LeadLovers.
Faça anúncios online
Não é proibido anunciar, mas é proibido fazer propaganda direta de serviços jurídicos. O que a OAB permite são anúncios informativos e institucionais. Quando bem utilizado, o anúncio pode ampliar o alcance do seu trabalho, levando mais pessoas ao seu site, perfil ou materiais informativos e acelerando sua presença digital. Como fazer:
- Promova seus posts educativos (por exemplo, “5 direitos que o trabalhador não pode abrir mão”);
- Use o botão “Impulsionar” com segmentação local (ex: mulheres entre 30 e 55 anos da sua cidade);
- Direcione para o seu perfil ou site, e nunca para uma página de vendas.
As principais ferramentas são o Meta Ads (Facebook e Instagram) ou Google Ads, sempre com foco em visibilidade de conteúdo, não em captar cliente diretamente.
Como trabalhar com marketing jurídico?
Para começar no marketing, é importante seguir alguns passos, como escolher um posicionamento, ter uma rotina de produção e estar presente. A consistência é necessária para que os resultados se tornem tangíveis.
Veja abaixo como começar:
Escolha um posicionamento claro
Antes de sair postando ou investindo em redes sociais, pare e defina: qual o foco do seu escritório? Qual dor você resolve? Para quem?
Você não precisa atender tudo, nem todos. Trabalhar com marketing jurídico exige clareza de público e especialidade. Um bom posicionamento facilita todas as decisões futuras, desde o visual da sua marca até os temas dos seus posts.
Você pode fazer, por exemplo:
“Atendemos autônomos e pequenos empresários com interesse em previdência e regularização de vínculos.” Esse recorte já orienta sua comunicação: o que falar, como falar e onde estar.
Crie uma rotina de produção de conteúdo
Marketing jurídico exige constância. Não adianta postar uma vez por mês e sumir. O ideal é que você tenha um calendário de conteúdos, com temas que respondem dúvidas reais dos seus clientes ou que geram curiosidade e interesse. Como fazer:
- Liste as 10 perguntas mais frequentes que você responde no escritório;
- Transforme cada uma em 1 post, 1 vídeo ou 1 carrossel;
- Publique de forma regular (1 a 3 vezes por semana);
- Varie os formatos: texto, vídeo curto, caixinha de perguntas, bastidores etc.
Não espere o “momento perfeito”. Use o que você tem: uma boa câmera de celular, um ambiente silencioso e clareza no que quer comunicar.
Tenha uma presença digital bem estruturada
Estar presente no digital não é estar em todas as redes sociais ao mesmo tempo. É estar onde o seu público está e estar bem. Prioridades:
- Ter um site profissional com informações claras;
- Estar ativo em pelo menos uma rede (Instagram, LinkedIn ou YouTube);
- Ter canais de contato acessíveis: WhatsApp, e-mail, direct;
- Responder rápido e com empatia (isso é marketing também!).
Evite criar perfis em todas as redes, postar sem estratégia, copiar outros colegas sem adaptar ao seu perfil.
Faça relacionamento, não apenas visibilidade
O maior erro de quem trabalha com publicidade é achar que tudo se resume a ganhar seguidores. Seguidor não paga boleto, quem paga é quem confia no seu trabalho. E essa confiança vem de relacionamento, reputação e presença constante. Como fazer isso funcionar:
- Interaja com quem comenta, curte ou envia dúvidas;
- Mantenha contato com ex-clientes, enviando conteúdo útil (por e-mail ou WhatsApp);
- Use a presença digital para criar uma base de contatos, não apenas um feed bonito;
- Mostre bastidores reais: como você trabalha, como prepara uma petição, como estuda um caso (sem expor dados sensíveis).
Trabalhe com dados e melhore com o tempo
Divulgar seu trabalho na advocacia é um processo em constante evolução. No começo, você testa. Depois, analisa o que funcionou. E então, ajusta. Métricas que importam:
- Quantas pessoas acessam seu site ou perfil?
- Quais conteúdos geram mais engajamento?
- Quantos leads ou contatos você recebe por mês?
- Quantos desses se transformam em clientes?
Se você não medir, não vai melhorar. E se não melhorar, vai achar que “isso de divulgar na internet não funciona”. Mas funciona quando é feito com método.
Conclusão
Em um cenário onde o acesso à informação está a um clique de distância, o marketing jurídico digital é parte do Direito moderno. Mas não se trata apenas de “estar nas redes” ou “aparecer no Google”. E sim, de posicionar-se com clareza, comunicar com propósito e, principalmente, construir confiança de forma planejada e contínua.
Trabalhar a sua marca, nesse contexto, é reconhecer que os clientes não escolhem apenas com base no currículo, eles escolhem com base na percepção que têm de você. E essa percepção é moldada por tudo que você comunica: desde a linguagem dos seus conteúdos até o cuidado com cada resposta nas redes ou no WhatsApp.
O advogado que entende isso deixa de depender do acaso ou das indicações eventuais. Ele assume o controle da própria imagem e constrói, com consistência, um caminho sólido de autoridade, reconhecimento e geração de oportunidades qualificadas.
É sobre ser relevante para quem precisa de você, com ética, inteligência e estratégia. É assim que se constrói uma advocacia sustentável na era digital.
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