trabalho operacional
Gestão na advocacia

Trabalho operacional: o que é, direitos e como fazer a gestão

Trabalho operacional: o que é, direitos e como fazer a gestão

Para ter sucesso em um escritório de advocacia, é necessário mais do que bons argumentos, conhecimento das leis ou uma carteira cheia de clientes. Isso porque o crescimento depende, inevitavelmente, de rotinas bem executadas: alimentar sistemas, organizar documentos, cumprir prazos, emitir guias, digitalizar processos, acompanhar intimações.

Parece simples. No entanto, quando essas funções são mal executadas, podem comprometer toda a operação da banca. Ou seja, a parte operacional é tão importante quanto qualquer outra.

Acompanhe este texto para entender os aspectos essenciais dessa atividade.

O que é um trabalho operacional?

O trabalho operacional são as tarefas que mantêm a rotina jurídica funcionando de forma contínua, segura e dentro dos prazos.

Essas atividades não demandam necessariamente um advogado para serem feitas, mas precisam de alto grau de atenção, método e responsabilidade. Um pequeno erro pode gerar um problema enorme, como a perda de datas, o envio errado de uma petição, ou até a inadimplência de um cliente por falha no envio de uma guia.

Por isso, escritórios que crescem com consistência geralmente contam com profissionais específicos para esse papéis, como, assistentes, auxiliares e estagiários e criam métodos padronizados para evitar falhas.

Trabalho operacional

Qual a diferença entre trabalho operacional e administrativo?  

Embora ambos sejam áreas de apoio à atividade da advocacia, o trabalho operacional e o administrativo têm naturezas e objetivos diferentes: enquanto o primeiro executa as rotinas jurídicas, o segundo organiza e gerencia o funcionamento do negócio.

As funções operacionais estão diretamente ligadas à rotina processual. Ele lida com obrigações específicas, geralmente repetitivas, que seguem um procedimento claro.

Como por exemplo, protocolo de petições, digitalização de documentos, controle de prazos processuais, organização de pastas digitais ou físicas, e o acompanhamento de intimações nos diários oficiais. É mais técnico e exige organização, atenção aos detalhes e agilidade.

Já o administrativo diz respeito à gestão interna do escritório como empresa. Ele cuida do que está por trás da atuação: estrutura física, recursos humanos, contratos com fornecedores, finanças e organização geral.

Quais direitos os trabalhadores operacionais?

Os profissionais operacionais, assim como qualquer outro colaborador com vínculo formal, têm uma série de direitos garantidos pela legislação trabalhista brasileira, como, por exemplo, sua jornada de trabalho regulada, direito a intervalos, FGTS e INSS. Veja como funcionam esses direitos para o cargo:

Jornada de trabalho regulada

O colaborador que atua na parte operacional, como um assistente jurídico ou auxiliar administrativo, tem direito a uma carga horária definida, normalmente de até 44 horas semanais, com no máximo 8 horas por dia (ou 6 horas se for contrato de meio período, por exemplo).

Caso haja necessidade de horas extras, estas devem ser remuneradas com o adicional legal, geralmente de 50% sobre a hora normal (ou mais, conforme convenção coletiva). Vale lembrar que advogados contratados pelo regime da OAB seguem regras específicas, enquanto os demais funcionários seguem as regras da CLT.

Intervalos para descanso e alimentação

Durante a jornada, o trabalhador tem direito a pausas específicas:

  • Para jornadas acima de 6 horas: é obrigatório um intervalo de pelo menos 1 hora para refeição e descanso, podendo chegar a 2 horas, conforme contrato ou acordo coletivo;
  • Para jornadas entre 4 e 6 horas: o intervalo mínimo é de 15 minutos;
  • Jornadas de até 4 horas: não exigem intervalo.

Negar ou ignorar esses períodos configura infração à legislação e pode gerar passivos legais para o escritório. Além disso, esses intervalos são importantes para preservar a saúde física e mental dos profissionais, especialmente em funções repetitivas e com alto nível de atenção.

Adicional de insalubridade ou periculosidade, quando aplicável

Embora essa situação seja menos comum dentro das bancas de advocacia, pode haver casos pontuais em que o colaborador responsável tenha direito a adicionais:

  • Insalubridade: se o funcionário estiver exposto a agentes nocivos à saúde (produtos químicos, poeira tóxica, ruído excessivo, etc.), pode ter direito ao adicional de 10%, 20% ou 40% do salário mínimo, dependendo do grau de exposição;
  • Periculosidade: se houver risco real à vida (como contato com materiais inflamáveis ou eletricidade em alta tensão, por exemplo), o adicional é de 30% sobre o salário base.

Mesmo que seja raro no contexto jurídico, escritórios que atuam em prédios com arquivos físicos mal acondicionados, ou cujos colaboradores atuem em espaços de risco (como arquivos subterrâneos, por exemplo), devem estar atentos.

FGTS, INSS e demais benefícios trabalhistas 

Quem é contratado via CLT tem direito ao recolhimento de:

  • FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço): valor equivalente a 8% do salário, depositado mensalmente pelo empregador em conta vinculada ao funcionário;
  • INSS (Instituto Nacional do Seguro Social): contribuição previdenciária que garante acesso a benefícios como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade;
  • 13º salário e férias remuneradas com 1/3 adicional, conforme previsto na legislação;
  • Vale-transporte e vale-alimentação, quando estipulados em contrato ou convenção coletiva.

Como a controladoria pode atuar no planejamento operacional?  

A controladoria é como um elo entre a estratégia do escritório e a execução prática do dia a dia. Isso acontece na parte da organização, distribuição de tarefas e análises, por exemplo.

Com o apoio da tecnologia, essa atuação pode otimizar toda a execução de forma mais confiável e eficiente. Veja abaixo como isso funciona:

Organização de rotinas e fluxos de trabalho

A controladoria pode mapear todas as etapas do fluxo de trabalho, desde a entrada de um novo cliente até o arquivamento final, e transformá-las em procedimentos padronizados, com tarefas específicas, prazos internos e responsáveis definidos.

Por exemplo, ao receber uma nova ação previdenciária, a controladoria já aciona o operacional com as atividades necessárias: solicitação de documentos, cadastramento no sistema, criação da pasta digital, protocolo da inicial e monitoramento de datas de audiências. 

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Gestão de prazos e prevenção de riscos

Ao integrar sistemas jurídicos, softwares de BI e metodologias de acompanhamento (como o uso de dashboards e relatórios automatizados), ela ajuda a prevenir falhas antes que elas aconteçam.

Com o apoio da tecnologia, é possível configurar alertas automáticos, acompanhar indicadores em tempo real e gerar relatórios precisos que mostram, por exemplo, quais tarefas estão atrasadas, quais processos exigem atenção imediata e onde estão os gargalos.

Essa inteligência de dados permite que o profissional atue com mais clareza e menos urgência, criando uma cultura de proatividade, previsibilidade e controle, em vez de reações emergenciais para “apagar incêndios”.

Distribuição de tarefas de forma inteligente

No planejamento operacional, a controladoria pode equilibrar a carga de trabalho entre os colaboradores, evitando sobrecarga em alguns e ociosidade em outros. Além disso, ela ajuda a alocar atividades de acordo com o perfil técnico de cada membro da equipe.

O sistema de pontuação por tarefas (taskscore) é um facilitador nesse processo. Ele possibilita que cada tarefa receba um peso proporcional ao seu grau de dificuldade e esforço, oferecendo uma visão equilibrada do volume de responsabilidades de cada funcionário. Isso torna a distribuição mais justa e transparente, além de embasar decisões de gestão com estatísticas concretas.

Análise de desempenho e melhoria contínua

A controladoria também pode atuar como uma área de inteligência interna. Por meio de relatórios de produtividade, taxa de cumprimento de prazos, índice de retrabalho ou tempo médio de execução de tarefas, ela identifica gargalos no fluxo e propõe melhorias concretas.

Isso transforma o planejamento em algo vivo e ajustável, sempre evoluindo com base em dados reais. Softwares como a ADVBOX centralizam informações, geram relatórios automáticos e permitem que essa gestão seja realizada com mais precisão, organização e previsibilidade.

Com suas funcionalidades de tarefas automatizadas, fluxos de trabalho, painéis de controle e sistema de pontuação, a ADVBOX torna possível aplicar a lógica da controladoria até mesmo em escritórios pequenos ou em expansão

Conexão entre o estratégico e o operacional

A controladoria traz os objetivos estratégicos da banca jurídica para dentro da rotina operacional. Se a meta é aumentar a taxa de conversão de clientes, ela pode revisar o fluxo de onboarding; se o objetivo é reduzir erros processuais, pode reforçar checklists e treinamentos.

Sua atuação garante que o dia a dia esteja sempre alinhado ao crescimento e às metas do escritório, garantindo que a execução diária contribua diretamente para os resultados planejados.

Conclusão

O sucesso de um escritório jurídico está cada vez mais ligado à sua capacidade de funcionar como uma estrutura empresarial bem coordenada e o trabalho operacional é o que sustenta esse desempenho. Isso porque essa função cria um fluxo inteligente, organizado e preparado para crescer.

Além disso, com o suporte da tecnologia, essa responsabilidade se torna ainda mais estratégica: transforma dados em decisões, rotina em processos funcionais e gestão em resultados concretos.

Para isso, é indispensável contar com ferramentas que automatizam, organizam e otimizam a operação, como a ADVBOX. Faça um teste gratuito e veja como seu escritório pode aplicar a lógica da controladoria de forma simples, eficiente e escalável, mesmo com equipes enxutas.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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