Direito Marítimo: o que é, importância e como atuar na área
O direito marítimo é uma área jurídica pouco explorada, mas de extrema relevância para a economia global. Este ramo do Direito trata das normas que regem as atividades marítimas, envolvendo o transporte de mercadorias, pessoas e todas as relações jurídicas que ocorrem nos mares e oceanos.
Apesar de ainda ser um campo com baixa concorrência, o direito marítimo oferece oportunidades promissoras, principalmente para quem busca se destacar em um mercado com alta demanda e bons rendimentos.
Neste artigo, você vai entender tudo sobre o tema, sua importância, como atuar na área e quais caminhos seguir para se especializar.
O que é o Direito Marítimo?
O Direito Marítimo é um ramo autônomo do Direito que trata das questões legais e administrativas relacionadas ao transporte marítimo, seja de cargas ou de pessoas.
Esse campo jurídico se aplica às situações que ocorrem nos mares e oceanos, envolvendo disputas cíveis, trabalhistas e até criminais, muitas vezes, com necessidade de aplicação de normas internacionais, pois nem sempre a legislação brasileira é competente para julgar esses casos.
Trata-se de uma área multidisciplinar, que exige conhecimento de Direito Internacional, e que possui natureza mista, ou seja, abrange normas tanto do Direito Público quanto do Direito Privado.
O Direito Marítimo pode tratar, por exemplo:
- De crimes financeiros, aplicando o Direito Penal;
- De contratos e responsabilidades civis, à luz do Direito Civil;
- Dos direitos trabalhistas da tripulação, conforme o Direito do Trabalho.
Em resumo, é a área do Direito responsável por regular todas as relações jurídicas que envolvem o transporte marítimo em águas nacionais e internacionais, garantindo segurança legal às atividades nos oceanos.
Qual a diferença entre Direito Marítimo e Direito Portuário?
A diferença entre Direito Marítimo e Direito Portuário está no local e nas atividades que cada um regula. O Direito Marítimo é o ramo jurídico que lida com as questões relacionadas aos transportes, negócios e ações feitas nos mares e oceanos, visando regulamentar principalmente as relações comerciais nesse espaço.
Já o Direito Portuário disciplina as operações que ocorrem dentro dos portos, como a gestão das atividades portuárias, o trabalho realizado nessas instalações e as atribuições dos operadores portuários.
Apesar das diferenças, as duas áreas são complementares. Por isso, é comum que profissionais especializados em Direito Marítimo também estudem o Direito Portuário, já que muitos negócios regulados por um acabam passando pelo outro.
Como surgiu o Direito Marítimo?
O Direito Marítimo surgiu da necessidade de regulamentar as atividades realizadas nos mares e oceanos, principalmente com o avanço da navegação e do comércio entre diferentes povos. Sua origem remonta às civilizações antigas e evoluiu ao longo dos séculos, tanto no cenário internacional quanto no contexto brasileiro.
A seguir, vamos entender como esse ramo se consolidou nesses dois blocos históricos.
Cenário Internacional
O Direito Marítimo é uma das mais antigas áreas jurídicas do mundo. Seus primeiros registros legais podem ser encontrados ainda no Código de Hamurabi, uma das legislações mais antigas da história.
Com o crescimento da navegação ao longo dos séculos, tornou-se imprescindível criar normas que garantissem a segurança e a organização do transporte marítimo.
A grande virada no cenário mundial aconteceu em 1973, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Foi nesse evento que começaram as discussões que resultariam na Convenção de Montego Bay, promulgada em 1982.
Esse tratado internacional foi um dos marcos mais relevantes da história do Direito Marítimo. Nele foram estabelecidos diversos conceitos jurídicos essenciais, como:
- Mar territorial;
- Zona contígua;
- Zona econômica exclusiva (ZEE);
- Plataforma continental;
- Liberdade de navegação;
- Direito de passagem inocente;
- Direitos de Estados sem litoral.
Até hoje, a convenção é usada como base para regular a relação entre os oceanos, os Estados e os agentes econômicos que atuam nesse ambiente.
Brasil
No Brasil, as primeiras normas que abordavam questões marítimas foram herdadas do sistema jurídico português, ainda durante o Brasil Império. O marco legislativo mais importante é o Código Comercial Brasileiro (Lei 556 de 1850), que permanece em vigor, pelo menos em sua parte marítima, já que o restante foi revogado com a entrada em vigor do Código Civil de 2002.
Esse código trouxe regras específicas sobre:
- Navegação marítima;
- Contratos de afretamento;
- Seguros marítimos;
- Naufrágio e salvamento;
- Abandono de navios.
Apesar de sua relevância histórica, o CCB é um diploma extremamente antigo e desatualizado. Por isso, discute-se há anos a necessidade de um novo Código Comercial, capaz de refletir a realidade atual da navegação e do comércio marítimo.
Atualizar essa legislação é essencial, pois o transporte marítimo é peça-chave para o comércio internacional. O Brasil, inclusive, é um grande exportador por via marítima e conta com diversos portos estratégicos para o escoamento de mercadorias.
Nesse cenário, o Direito Marítimo exerce um papel fundamental para garantir segurança jurídica e eficiência nas transações comerciais que ocorrem sobre os mares.
Quais são as principais leis e regulamentos que regem o Direito Marítimo?
As principais leis e regulamentos que regem o direito marítimo incluem a Constituição Federal, o Código Civil, o Código Penal, o Código Comercial Brasileiro (CCB), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), além de legislações específicas e tratados internacionais.
Como não há um código único e específico que concentre todas as normas sobre a área, o profissional especializado precisa consultar diversas fontes jurídicas nacionais e internacionais para embasar sua atuação. A seguir, veja as normas mais relevantes para o exercício no campo do Direito Marítimo.
Legislação nacional
- Lei 2.180/1954 – Regula o funcionamento do Tribunal Marítimo, responsável por julgar acidentes e fatos da navegação;
- Decreto-Lei nº 116/1967 – Dispõe sobre o transporte de mercadorias por via fluvial nos portos brasileiros;
- Decreto nº 4.136/2002 – Estabelece sanções para infrações ambientais causadas por embarcações;
- Decreto nº 99.165/1990 – Promulga a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, também conhecida como Convenção de Montego Bay.
Tratados e convenções internacionais
- Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL) – Normas para controle da poluição marítima;
- Convenção Internacional sobre o Salvamento Marítimo – Diretrizes para operações de resgate em alto-mar;
- Convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) – Normas sobre as condições de trabalho a bordo, incluindo convenções como a 92, 125, 133 e 138.
Esses marcos legais formam a base jurídica que orienta e regula todas as atividades marítimas, garantindo segurança jurídica, proteção ambiental e direitos trabalhistas no setor.

Quais áreas envolvem o Direito Marítimo?
O Direito Marítimo envolve diversas áreas jurídicas, tornando-se um campo multidisciplinar que exige conhecimentos amplos para lidar com os diferentes aspectos das relações marítimas. Esse ramo do Direito se conecta diretamente com áreas como o Direito Ambiental, o Direito do Trabalho e o Direito Penal, conforme veremos a seguir:
Direito Ambiental
A comunidade internacional tem se mostrado cada vez mais preocupada com a preservação ambiental, e no Brasil, o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado é garantido pela Constituição. Como os mares e oceanos fazem parte essencial da natureza, o transporte aquaviário, ainda que vantajoso para o comércio, precisa seguir normas rigorosas para evitar danos ambientais.
Portos causam impactos significativos quando são instalados e operados. Já as embarcações utilizam combustíveis altamente poluentes, como o petróleo, que podem causar prejuízos severos à fauna e à flora marinha em caso de vazamentos. Por isso, o Direito Marítimo também regula práticas sustentáveis e impõe sanções quando há danos ao meio ambiente.
Direito do Trabalho
Outro pilar importante é a proteção dos profissionais que atuam no ambiente marítimo, incluindo tanto os tripulantes das embarcações quanto trabalhadores portuários, cozinheiros, garçons, auxiliares, entre outros.
Essas relações de trabalho precisam respeitar a legalidade, com garantias trabalhistas claras para evitar abusos. A CLT, bem como normas internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), são frequentemente aplicadas. Convenções como as de números 92, 125, 133 e 138, por exemplo, tratam de temas como alojamento, qualificação profissional e proteção à infância no trabalho marítimo.
Direito Penal
A atuação penal no âmbito marítimo também é fundamental, ainda que muitas vezes pouco conhecida. Existe uma polícia marítima, com previsão constitucional nos artigos 21, XXII e 144, §1º, III, cuja missão é combater práticas como pirataria, tráfico de entorpecentes, pesca ilegal e crimes ambientais.
O Código Penal brasileiro prevê punições específicas para delitos cometidos em mar aberto, como no artigo 261, que trata de crimes contra a segurança dos transportes marítimos. Portanto, o profissional da área precisa estar atento às normas penais aplicáveis e à atuação das autoridades marítimas.
Qual é a importância do Direito Marítimo?
O Direito Marítimo é importante porque garante a legalidade, segurança e eficiência nas relações comerciais realizadas pelos mares e oceanos, que ainda representam mais de 90% do comércio internacional, segundo a International Chamber of Shipping (ICS).
O transporte marítimo é o mais utilizado no mundo por permitir o envio de grandes volumes de carga de forma econômica. Sua relevância supera os meios terrestre e aéreo, tornando-se essencial para o fluxo de mercadorias em escala global.
No Brasil, o comércio exterior depende fortemente da navegação marítima. O país exporta e importa bilhões de toneladas de produtos pelos portos, movimentando setores estratégicos da economia, como o agronegócio e a indústria.
Diante disso, o direito marítimo é fundamental para estabelecer regras claras, evitar conflitos, proteger o meio ambiente e garantir o bom funcionamento dessa atividade econômica vital para o Brasil e para o mundo.
O que faz um advogado marítimo?
Um advogado marítimo atua prestando serviços jurídicos relacionados ao comércio marítimo e às atividades portuárias. Ele pode assessorar empresas que operam no transporte marítimo, portos, armadores e operadores logísticos, oferecendo suporte legal em diversas frentes.
Entre suas principais funções, estão a elaboração e análise de contratos de afretamento, compra e venda de mercadorias e operações comerciais. Além disso, o advogado marítimo atua na solução de litígios envolvendo acidentes, naufrágios, crimes em alto-mar, poluição marítima e questões trabalhistas da tripulação.
O mercado é amplo e permite atuação tanto na esfera consultiva quanto contenciosa. O dever central do profissional é resguardar as relações comerciais realizadas por via marítima, garantindo que todas sejam conduzidas de acordo com a legislação nacional e internacional vigente.
Quanto ganha um advogado de direito marítimo?
Um advogado de direito marítimo no Brasil ganha, em média, entre R$ 11.600,00 e R$ 15.000,00 por mês, segundo dados do site de carreiras Catho.
Esses valores podem variar bastante conforme a região, a experiência do profissional, o porte da empresa contratante e o modelo de atuação (autônomo, consultor ou empregado CLT). Os advogados que prestam serviços para companhias internacionais, terminais portuários ou grandes armadores têm potencial de ganhos ainda maiores, especialmente em negociações de alto valor.
Além disso, profissionais que se destacam em áreas como compliance marítimo, mediação de conflitos contratuais internacionais ou gestão ambiental de operações navais podem elevar ainda mais seus rendimentos, consolidando uma carreira de alta rentabilidade dentro do mercado jurídico.
Qual a formação necessária para atuar na área do Direito Marítimo?
O primeiro passo é a graduação em Direito e a regular inscrição na OAB. Em seguida, é necessário buscar especialização em direito marítimo, por meio de cursos, pós-graduações e certificações específicas.
Algumas instituições já oferecem formações exclusivas nessa área. Também é importante dominar inglês jurídico, conhecer normas internacionais e manter-se atualizado com as mudanças legislativas.
Por que atuar em Direito Marítimo?
Atuar em Direito Marítimo é uma excelente escolha para quem busca uma área promissora, lucrativa e com baixa concorrência dentro do universo jurídico.
Existem diversas vantagens em seguir carreira nesse segmento. Trata-se de uma área estratégica, porém ainda pouco explorada se comparada aos ramos mais tradicionais do Direito, o que representa uma oportunidade valiosa para quem deseja se destacar.
Desse modo, o profissional pode encontrar um mercado cheio de oportunidades, com alta demanda e poucos especialistas. Veja abaixo os principais motivos para investir nessa carreira.
Boas possibilidades de ganhos
O comércio marítimo movimenta grandes quantidades de dinheiro em nível mundial. Em muitos cargos ligados a essa atividade, os salários são bastante atrativos.
Dessa forma, um advogado especializado em Direito Marítimo pode ganhar acima da média, especialmente se atuar com contratos internacionais, empresas de navegação ou portos.
Bom mercado
O comércio marítimo é um dos pilares da economia global, e o Brasil tem forte presença nesse cenário, com um extenso litoral e intensa movimentação portuária.
Além disso, a indústria naval e empresas de comércio exterior necessitam de suporte jurídico constante para manter suas atividades em conformidade com a legislação. Isso amplia significativamente o campo de atuação do especialista na área.
Facilidade de capacitação
Ao contrário de outras áreas pouco exploradas do Direito, o Direito Marítimo já conta com boas opções de formação. Existem instituições de ensino que oferecem cursos de pós-graduação específicos, além de livros, artigos e materiais de apoio acessíveis para quem deseja começar.
A capacitação contínua é essencial, mas o acesso ao conhecimento nessa área é cada vez mais fácil, o que favorece a entrada de novos profissionais no setor.
Como atuar em Direito Marítimo?
Para atuar em Direito Marítimo, o primeiro passo é estudar o mercado e identificar as oportunidades disponíveis, seja na sua região ou de forma remota. A especialização é essencial para adquirir o conhecimento técnico necessário e se destacar nesse segmento. Por isso, é importante buscar cursos de capacitação, ler livros especializados e, preferencialmente, investir em uma pós-graduação voltada ao tema.
No entanto, só o conhecimento técnico não basta. Estabelecer conexões com profissionais que já atuam na área e com pessoas do setor de comércio marítimo é uma etapa indispensável para quem deseja ingressar nesse mercado. O networking é uma das ferramentas mais poderosas para quem está começando. Ele pode gerar parcerias, indicações de trabalho e, principalmente, abrir portas com quem já tem experiência prática na área.
Além disso, investir em marketing jurídico, especialmente no meio digital, é uma forma eficiente de atrair clientes e construir autoridade. Produzir conteúdos relevantes, participar de eventos e estar presente nas redes sociais pode consolidar sua presença no mercado e gerar oportunidades valiosas.
Ferramentas de gestão, como a ADVBOX, podem ser grandes aliadas nesse processo. Elas ajudam a organizar o fluxo de trabalho, melhorar a produtividade e facilitar o relacionamento com os clientes, tornando a advocacia mais eficiente e moderna.
Conclusão
O Direito Marítimo é um campo estratégico que conecta o mundo por meio do comércio, da legislação internacional e da proteção das relações comerciais marítimas. Com um mercado ainda pouco explorado e uma demanda crescente por profissionais qualificados, oferece oportunidades reais para quem deseja trilhar um caminho fora do comum e de alto impacto.
Além disso, o profissional que investe nessa carreira se posiciona em um nicho com alto potencial de remuneração, pouco saturado e de enorme relevância para a economia brasileira e mundial.
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