Direitos e garantias individuais e coletivos: quais são e o que dizem
Toda a sociedade necessita de regras de organização e funcionamento. Para isso é necessário que profissionais da área jurídica saibam o que é Direito Constitucional e como aplicá-lo, já que a Constituição de um país define tais regras.
Assim, tal direito lida com questões como os processos eleitorais, a função do Estado junto à sociedade e os direitos do cidadão.
Continue a leitura deste texto e conheça o Direito Constitucional e como ele opera no Brasil.
O que é o Direito Constitucional?
O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda e interpreta a constituição de um país, instituindo as regras básicas do funcionamento do Estado e da sociedade.
Ou seja, estabelece as normas que regem a estrutura do Estado, a organização dos poderes, os limites da atuação estatal e os direitos e garantias dos cidadãos.
Qual a definição de Direito Constitucional?
O Direito Constitucional analisa as normas da constituição de um país, garantindo a sua aplicação e o respeito aos direitos fundamentais.
Ele é a base para o estado democrático de direito, garantindo a ordem jurídica e protegendo os direitos individuais.
Qual é o objeto de estudo do Direito Constitucional?
O objeto de estudo do Direito Constitucional visa entender e interpretar a constituição de um país, assim como a forma como ela organiza a vida política e social.
Neste contexto, ele estuda:
- Organização do Estado: como o Estado está estruturado inclusive nas formas de governo e divisão de poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário);
- Aquisição e exercício do poder: como se obtém o poder, se por meio de eleições ou sucessões e como é exercido;
- Atuação estatal: como se dá os limites do Estado sobre os cidadãos e a garantia de seus direitos;
- Direitos e garantias fundamentais: os direitos básicos e essenciais que os cidadãos possuem, entre eles, a liberdade de expressão e o direito à vida.
Para que serve o Direito Constitucional?
O Direito Constitucional serve como um guia para o funcionamento do Estado e a proteção dos direitos individuais, priorizando um sistema jurídico coerente com valores democráticos.
Veja em detalhes para que ele serve:
- Estabelece a estrutura do Estado: define como o poder político é estruturado e exercido, como os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e suas atribuições;
- Protege os direitos básicos: garante direitos dos cidadãos, como a liberdade de expressão, o direito à vida, à propriedade, entre outros, protegendo-os contra abusos do Estado;
- Estabelece o sistema jurídico: define regras para a criação, aplicação e interpretação das leis, de acordo com o que está na Constituição;
- Promove estabilidade social: contribui para a estabilidade da sociedade ao estabelecer limites ao poder do Estado e a garantia de direitos;
- Garante a dignidade humana: promove a justiça social, a igualdade e a solidariedade, garantindo que o sistema jurídico seja compatível com a democracia;
- Facilita a constitucionalidade das leis: permite o controle das leis quanto às suas conformidades com a Constituição, assegurando que elas não violem princípios fundamentais.
O que o Direito Constitucional defende?
O Direito Constitucional defende a organização e funcionamento do Estado, a proteção dos direitos dos cidadãos e a promoção da justiça social, tudo tendo como base a Constituição, ou seja, a lei máxima de um país.
Ademais, defende o controle da constitucionalidade das leis e atos governamentais, protegendo os cidadãos de abusos, e o equilíbrio entre a autoridade estatal e a liberdade individual.
Qual o ramo do direito constitucional?
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público que estuda, interpreta e aplica as normas constitucionais de um país.
Já o Direito Público regula as atividades do Estado, as relações entre o Estado e os cidadãos, e também as ações dos cidadãos dentro do âmbito público.
Quais os 5 princípios do Direito Constitucional?
Os cinco princípios do Direito Constitucional brasileiro são:
- Supremacia da Constituição: todas as leis e atos normativos devem estar em consonância com a Constituição que é a lei máxima do país;
- Separação dos poderes: o Estado é dividido em três poderes independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário, com funções específicas;
- Legalidade: a administração pública e os cidadãos só podem fazer o que a lei permite;
- Igualdade: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, assegurando a igualdade de direitos e deveres;
- Direitos e garantias fundamentais: a Constituição assegura direitos individuais e sociais, como o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à saúde, à educação, entre outros, que devem ser seguidos pelo Estado e pela sociedade.

A história do Direito Constitucional brasileiro
A história do Direito Constitucional brasileiro envolve constituições que refletiram diferentes momentos políticos e ideológicos do país até chegar à versão de 1988.
A relação começa com a Constituição de 1824, que foi a primeira Constituição brasileira, que estabeleceu a monarquia como forma de governo.
Na sequência veio a Constituição de 1891, que foi a primeira Constituição republicana, após a Proclamação da República, estabelecendo a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista.
Já o período do governo de Getúlio Vargas trouxe duas constituições. A Constituição de 1934 foi a primeira a reconhecer direitos sociais. Já a Constituição de 1937 foi outorgada por Vargas, estabelecendo um governo autoritário.
Posteriormente, a Constituição de 1946, promulgada após a queda de Vargas, restaurou o sistema democrático.
As constituições do período militar, em 1967 e em 1969 (emenda) voltaram a institucionalizar o regime autoritário e restringiram direitos e liberdades.
Por fim, a Constituição de 1988, promulgada após o fim da Ditadura Militar, que é a atual, estabelece um Estado Democrático de Direito, com ênfase em direitos fundamentais e sociais, e também no controle do poder estatal.
A constituição brasileira
A Constituição brasileira vigente foi promulgada em 5 de outubro de 1988, e é conhecida como “Constituição Cidadã”.
A sétima Constituição brasileira desde a independência, e a sexta após a proclamação da República, recebeu este nome por ampliar as liberdades, como:
- liberdade de expressão;
- liberdade religiosa;
- direitos trabalhistas e previdenciários;
- educação;
- saúde; e
- assistência social.
Garantias e direitos individuais e coletivos
O Artigo 5º da Constituição atual prevê os direitos e garantias individuais e coletivos, que visam proteger a liberdade, igualdade e segurança dos cidadãos, tanto individualmente quanto em grupo.
Neste contexto, os direitos individuais e coletivos englobam:
- Direito à igualdade;
- Direito da legalidade;
- Direitos de nacionalidade;
- Direito de resposta;
- Direito à indenização;
- Liberdade de manifestação do pensamento;
- Vedação da tortura;
- Direito de associação;
- Liberdade de expressão;
- Liberdades de crença e convicção;
- Direito de reunião;
- Direitos políticos;
- Direitos de criação, organização e participação dos partidos políticos;
- Inviolabilidade do sigilo de correspondência e de comunicação;
- Inviolabilidade domiciliar;
- Juiz natural e Tribunal do Júri;
- Apreciação de lesão ou ameaça de direito pelo poder judiciário;
- Vedação da extradição;
- Direito a provas lícitas e presunção da inocência;
- Devido processo legal, contraditório, ampla defesa e celeridade processual;
- Impossibilidade de prisão civil por dívida; e
- Direitos sociais.
Confira o que é cada garantia e direito a seguir.
Direito à igualdade
O direito à igualdade garante que todos sejam tratados de forma justa e equitativa, sem discriminação.
Ele se manifesta tanto na igualdade perante a lei, quanto na busca por igualdade de oportunidades.
Direito da legalidade
O princípio da legalidade estabelece que o Estado só pode agir conforme a lei e por outro lado, o cidadão pode fazer tudo que não for proibido por lei.
Isso garante que o poder público não aja arbitrariamente e que os cidadãos tenham segurança jurídica.
Direitos de nacionalidade
Os direitos de nacionalidade incluem a definição de brasileiro nato e naturalizado, assim como as hipóteses de perda da nacionalidade.
Esse direito é importante porque a nacionalidade é um vínculo que liga um indivíduo a um Estado, conferindo direitos e deveres.
Direito de resposta
O direito de resposta permite que qualquer pessoa se defenda de informações falsas, distorcidas ou ofensivas divulgadas por qualquer meio de comunicação.
Ele permite que a pessoa afetada apresente sua versão dos fatos, visando equilibrar a liberdade de imprensa com o direito à honra e à imagem de cada indivíduo.
Direito à indenização
O direito à indenização garante uma compensação financeira por dano material e/ou moral devido a ações ou omissões de terceiros.
A compensação visa restabelecer, na medida do possível, a situação anterior ao dano, seja ele material ou moral.
Liberdade de manifestação do pensamento
A liberdade de manifestação do pensamento assegura a qualquer pessoa o direito de expressar suas opiniões e ideias sem censura prévia.
No entanto, existem algumas ressalvas como a vedação ao anonimato e a responsabilidade por eventuais abusos.
Vedação da tortura
A proibição da tortura é um direito universal, presente não só na Constituição Federal Brasileira, como na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, são vistos como uma violação grave da dignidade humana e dos direitos fundamentais.
Direito de associação
O direito de associação assegura a liberdade de reunião de pessoas para fins lícitos, sem interferência do Estado.
Ou seja, o associado pode livremente criar associações, participar delas ou desligar-se, sem qualquer coerção.
Liberdade de expressão
A liberdade de expressão é um direito que garante que qualquer pessoa manifeste livremente suas opiniões sem censura ou interferência indevida.
Ele é um pilar essencial da democracia, promovendo a livre circulação de informações e o exercício da cidadania.
Liberdades de crença e convicção
É um direito que garante que o indivíduo tenha autonomia para escolher suas próprias convicções religiosas, filosóficas e morais, assim como permite que ele manifeste essas convicções.
Isso significa que o Estado não pode interferir na escolha religiosa de cada pessoa, nem obrigá-la a adotar uma crença específica.
Direito de reunião
É um direito que garante que todos possam se reunir pacificamente em locais abertos ao público, independentemente de autorização prévia, a não ser a exigência de aviso prévio à autoridade competente.
Esse direito garante a participação cidadã, mas exige limites para garantir a ordem e a segurança.
Direitos políticos
Esse direito permite ao cidadão participar da vida política do país. Ou seja, inclui o direito de votar e ser votado.
Ademais, assegura o direito de participar de plebiscitos, referendos e outras formas de consulta popular.
Direitos de criação, organização e participação dos partidos políticos
A Constituição garante a liberdade da criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. No entanto, devem ser resguardados determinados princípios relacionados à existência de um Estado democrático de direito.
Em suma, devem respeitar aspectos como:
- a soberania nacional;
- o regime democrático;
- o pluripartidarismo; e
- os direitos fundamentais da pessoa humana.
Inviolabilidade do sigilo de correspondência e de comunicação
É um direito que protege a privacidade e a confidencialidade das comunicações.
Em suma, proíbe que cartas, mensagens eletrônicas, conversas telefônicas e outras formas de comunicação sejam interceptadas ou divulgadas sem ordem judicial.
Inviolabilidade domiciliar
É um direito que protege a intimidade das pessoas em suas residências.
Como resultado, ninguém pode entrar na casa de outra pessoa sem o consentimento do morador. A exceção são casos específicos previstos em lei.
Juiz natural e Tribunal do Júri
O juiz natural garante que a pessoa seja julgada por um tribunal ou juiz previamente estabelecido por lei, e não por um órgão ou juiz criado especialmente para o caso.
Já o Tribunal do Júri garante a imparcialidade e a aplicação da lei por cidadãos comuns.
Apreciação de lesão ou ameaça de direito pelo poder judiciário
Estabelece que a lei não pode impedir o acesso ao Poder Judiciário para apreciação de qualquer lesão ou ameaça ao direito.
Ou seja, qualquer pessoa pode recorrer à justiça para proteger seus direitos.
Vedação da extradição
A vedação da extradição no Brasil impede a entrega de brasileiros natos a outros países. A exceção são casos específicos de crimes comuns praticados antes da naturalização ou o envolvimento em tráfico de drogas.
Além disso, impede a extradição de estrangeiros por crimes políticos ou de opinião.
Direito a provas lícitas e presunção da inocência
O direito a provas lícitas e a presunção da inocência são direitos no processo penal brasileiro.
Isso assegura que as provas apresentadas no processo sejam obtidas de forma legal e que ninguém seja considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Devido processo legal, contraditório, ampla defesa e celeridade processual
Eles garantem que o Estado de Direito seja respeitado e que os direitos individuais sejam protegidos durante qualquer processo que possa resultar em restrição de liberdade ou direitos.
Entenda melhor cada um deles:
- Devido processo legal: ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de seus direitos sem um processo legal justo e adequado;
- Contraditório: é o direito das partes envolvidas em um processo serem ouvidas, terem conhecimento de todas as informações e alegações apresentadas pela parte contrária e se manifestarem sobre elas;
- Ampla defesa: é o direito de a pessoa utilizar todos os meios de defesa admitidos em lei para garantir a proteção dos seus interesses em um processo;
- Celeridade processual: é o direito de o processo ter uma duração razoável, sem atrasos injustificados.
Impossibilidade de prisão civil por dívida
No Brasil, a prisão civil por dívida é permitida apenas nos casos de inadimplemento voluntário e inescusável da pensão alimentícia.
Portanto, a regra geral no país é a impossibilidade de prisão civil por dívida.
Direitos sociais
São direitos que visam garantir condições mínimas de bem-estar social e econômico para todos os cidadãos.
Estas condições incluem:
- educação;
- saúde;
- alimentação;
- trabalho;
- moradia;
- lazer;
- segurança;
- previdência social;
- proteção à maternidade e à infância; e
- assistência aos desamparados.
Conclusão
É primordial que profissionais do Direito saibam o que é Direito Constitucional e como aplicá-lo. Este ramo do Direito Público estuda e interpreta a constituição de um país, instituindo as normas que regem a estrutura do Estado, a organização dos poderes, os limites da atuação estatal e os direitos e garantias dos cidadãos.
Nesse contexto, surgem direitos que envolvem aspectos como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à crença, à locomoção, entre muitos outros.
Para atuar em casos de Direito Constitucional, o profissional de Direito necessita estar bem embasado em leis e por dentro de instrumentos tecnológicos que potencializem esses processos.
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