Medida liminar: entenda seu funcionamento

Medida liminar: entenda seu funcionamento

Você já ouviu falar em medida liminar? No âmbito do sistema judiciário, ela desempenha um papel crucial ao conceder decisões temporárias em casos urgentes. 

Trata-se de uma medida cautelar, concedida pelo juiz, com o objetivo de assegurar a efetividade do direito pleiteado enquanto o processo judicial tramita. 

Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que exatamente é uma medida liminar, como ela funciona e quais são os critérios necessários para obtê-la. 

Além disso, discutiremos exemplos de situações em que ela é frequentemente aplicada, fornecendo uma visão abrangente sobre esse importante recurso do sistema jurídico.

O que significa a medida liminar?

A medida liminar, ou decisão provisória, funciona como uma sentença temporária concedida por um juiz em casos de urgência, visando proteger os direitos das partes envolvidas enquanto o processo judicial tramita. 

Um exemplo prático é o caso de despejo.

Se um locatário recebe uma notificação de despejo injusta e se sente prejudicado, ele pode solicitar uma decisão provisória para que se suspenda o despejo imediatamente até que a justiça analise devidamente a situação. 

Essa medida garante que o locatário não seja desalojado enquanto aguarda a decisão final do processo, evitando assim danos irreparáveis.

Outro exemplo de como essa medida pode funcionar é quando uma empresa identifica uma violação de propriedade intelectual por parte de um concorrente. 

Para evitar que o concorrente continue comercializando um produto ou serviço que infringe seus direitos, a empresa pode solicitar uma medida liminar para interromper imediatamente a comercialização do produto em questão. 

Dessa forma, a empresa protege seus direitos enquanto se analisa o caso pelo sistema judiciário, impedindo um possível prejuízo financeiro ou danos à sua reputação.

Esses exemplos ilustram como pode-se aplicar uma decisão provisória em situações reais, além de que se protege os direitos das partes envolvidas até que o tribuna tome uma decisão final.

Quando se aplica uma liminar?

Os critérios para obtenção de uma medida liminar são fundamentais no processo de solicitação desse recurso no sistema judiciário. Para que se conceda uma decisão provisória, é necessário cumprir requisitos legais e fundamentos jurídicos estabelecidos. 

Entre eles, destaca-se a comprovação do perigo iminente que justifique a urgência da medida. Isso significa apresentar evidências concretas de que a demora na concessão da medida pode resultar em danos irreparáveis ou de difícil reparação para a parte solicitante.

Além disso, é essencial que o solicitante apresente uma alegação plausível de direito, ou seja, demonstre que há uma probabilidade razoável de que o direito alegado seja válido e sustentável perante o tribunal. 

Essa demonstração requer uma análise cuidadosa dos fundamentos jurídicos, como leis, precedentes e argumentos jurídicos sólidos que sustentem a reivindicação. 

É importante ressaltar que ela não é uma decisão definitiva, mas sim uma decisão temporária que visa preservar os direitos das partes enquanto o processo judicial tramita.

Os critérios para sua obtenção variam de acordo com a jurisdição e a natureza do caso. 

No entanto, em geral, os tribunais consideram elementos como a irreversibilidade dos danos caso a medida não seja concedida, a proporcionalidade entre o direito pleiteado e os interesses em conflito, bem como a existência de alternativas razoáveis à medida liminar. 

Para que se ilustre esses critérios na prática, alguns exemplos comuns de situações em que se concede uma medida de caráter emergencial incluem: 

  • Casos de violação de propriedade intelectual;
  • Despejo injusto;
  • Interrupção de obras públicas;
  • Suspensão de processos licitatórios;
  • Proteção de direitos do consumidor;
  • Preservação de patrimônio histórico.

Esses exemplos demonstram como a decisão provisória desempenha um papel crucial na proteção dos direitos e na garantia de um processo judicial justo e equilibrado.

1. Os efeitos imediatos e a duração

Uma medida liminar possui efeitos imediatos, ou seja, sua concessão tem um impacto imediato nas partes envolvidas no processo judicial. Assim que se concede a medida de caráter emergencial, ela passa a valer, podendo impor restrições ou determinar ações específicas. 

Por exemplo, em um caso de violação de direitos autorais, essa medida pode determinar a suspensão imediata da comercialização de um produto infrator. 

Dessa forma, a medida liminar tem o poder de alterar a situação vigente, protegendo o direito da parte solicitante enquanto o tribunal analisa o caso.

O juiz responsável determina sua duração, levando em consideração a urgência do caso e os interesses envolvidos. Em alguns casos, pode-se conceder uma medida liminar por um período determinado, como 30 dias, por exemplo. 

Após esse prazo, ela pode ser prorrogada, modificada ou até mesmo revogada, dependendo da análise do juiz e da evolução do processo. 

É importante que se ressalte que uma medida liminar é temporária e não substitui a decisão final do tribunal. Essa será proferida após a análise completa das provas e argumentos das partes.

Os prazos estabelecidos para uma medida liminar variam de acordo com a complexidade do caso e a necessidade de preservação dos direitos das partes. 

É fundamental que as partes envolvidas no processo estejam cientes dos prazos estabelecidos e cumpram as determinações da medida liminar durante sua vigência. 

Caso contrário, podem sofrer consequências legais, como multas ou outras penalidades. 

É responsabilidade do juiz estabelecer prazos razoáveis e proporcionais à situação em questão, garantindo assim a efetividade da medida liminar e a proteção adequada dos direitos das partes envolvidas no processo.

Medida liminar: entenda seu funcionamento

2. Advogado e medida liminar: Estratégias convincentes

A atuação do advogado desempenha um papel fundamental na obtenção de uma medida liminar. 

É responsabilidade do advogado apresentar estratégias sólidas e argumentos convincentes que sustentem a necessidade da medida liminar para proteger os direitos de seu cliente. 

O advogado deve analisar minuciosamente o caso, identificar os fundamentos jurídicos relevantes e desenvolver uma estratégia eficaz para convencer o juiz da urgência e plausibilidade do pedido de medida liminar.

Para sustentar a necessidade da medida liminar, o advogado pode apresentar elementos como evidências claras do perigo iminente, documentação de danos irreparáveis que podem ocorrer sem a medida, precedentes jurídicos favoráveis, além de argumentos sólidos baseados em leis e jurisprudência aplicável. 

Além disso, o advogado deve elaborar uma petição bem fundamentada, com linguagem clara e objetiva, destacando de forma precisa os pontos-chave do caso e a relevância da medida liminar para a proteção dos direitos de seu cliente. 

A habilidade e experiência do advogado desempenham um papel crucial nesse processo, assegurando que a solicitação de medida liminar seja convincente e bem fundamentada perante o tribunal.

Conclusão

A medida liminar desempenha um papel crucial no sistema judiciário, oferecendo uma solução temporária para proteger os direitos das partes envolvidas em um processo judicial. 

Com efeitos imediatos, a medida liminar pode impor restrições, determinar ações específicas ou preservar determinadas condições até que uma decisão final seja tomada. 

No entanto, é importante ressaltar que a medida liminar é uma decisão provisória e não substitui a decisão final do tribunal, que é baseada em uma análise completa das provas e argumentos das partes.

Os critérios para obtenção de uma medida liminar exigem que sejam cumpridos requisitos legais e fundamentos jurídicos. A comprovação do perigo iminente, a plausibilidade do direito alegado e a irreversibilidade dos danos são fatores considerados pelos tribunais ao avaliar essas solicitações. 

Além disso, a atuação do advogado desempenha um papel fundamental na obtenção da medida liminar, por meio de estratégias sólidas e argumentos convincentes que sustentem a necessidade da medida.

Ou seja, a medida liminar serve como um mecanismo de proteção temporária, garantindo a preservação dos direitos das partes e a manutenção do equilíbrio durante o processo judicial. 

Porém, é fundamental que as partes envolvidas no processo compreendam os efeitos e prazos estabelecidos, bem como a necessidade de uma atuação diligente por parte do advogado para obter sucesso na concessão dessa medida.

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.