inteligencia artificial substitui advogados
Tecnologia e Advocacia digital

A inteligência artificial substitui advogados? Qual será o futuro

A IA tem se estabelecido como uma força em diversos setores, revolucionando processos e práticas tradicionais com sua capacidade de análise de dados e automação, o que levanta uma questão comum: será que a Inteligência Artificial substitui advogados?

No setor jurídico, a IA oferece promessas significativas, desde a automação de tarefas repetitivas até a análise avançada de grandes volumes de informações.

Essa transformação levanta uma questão: até que ponto a tecnologia pode realmente substituir os advogados? Pensando nisso, preparamos um conteúdo para abordar como a IA está moldando o cenário jurídico atual, detalhando como ela está sendo utilizada para otimizar processos, melhorar a gestão de casos e apoiar a tomada de decisões. 

A Inteligência Artificial substitui advogados?

A questão de saber se a Inteligência Artificial (IA) pode substituir advogados é complexa e multifacetada. Isso porque tem o potencial de transformar o setor jurídico, principalmente, em lidar com tarefas que envolvem a análise de grandes volumes de dados e a execução de processos repetitivos. 

Ou seja, essa tecnologia pode automatizar a revisão de documentos, realizar pesquisas jurídicas de maneira rápida e precisa e até mesmo ajudar na elaboração de contratos padrão. Apesar das suas capacidades impressionantes, a ferramentas tecnológicas ainda enfrenta desafios no campo jurídico. 

Afinal, a prática do Direito envolve muito mais do que apenas processar informações, exigindo interpretação humana, habilidades de negociação e empatia.

arte de ebook de meios de produção na advocacia

A LETS Marketing, consultoria de Marketing Jurídico, realizou uma pesquisa que mapeou o panorama presente e futuro da inteligência artificial no mercado jurídico.

De acordo com o estudo, seu objetivo principal é responder à pergunta: “A Inteligência Artificial pode substituir o advogado do futuro?”

Já de início, 77% dos entrevistados responderam que sim, em breve a IA irá substituir esses profissionais, pelo menos nas suas funções mais básicas. 

Além disso, 53% disseram que, na verdade, os profissionais do Direito irão continuar desempenhando papéis essenciais, apenas complementando e supervisionando as decisões tomadas pela IA.

Por outro lado, apenas 3% defenderam que, futuramente, com o advento da IA, o advogado deixará de ser importante. 

Por fim, no que se refere aos desafios éticos e legais envolvendo a IA na advocacia, 91% dos advogados entrevistados revelaram não estarem suficientemente capacitados para lidar com a IA no dia a dia. 

Infográfico representando a porcentagem de advogados que estao preparados para lidar com a IA

Quais as principais funções da IA na prática jurídica

Os advogados também apontaram as principais funções nas quais a IA poderá atuar significativamente na prática jurídica. São elas: 

  • Elaboração e revisão de documentos
  • Pesquisa jurídica
  • Gestão de tarefas operacionais e burocráticas

Nesse sentido, é possível perceber que essas funções envolvem tarefas repetitivas, administrativas ou que não requerem um alto nível de expertise jurídica.

Desse modo, as nuances do Direito, as complexidades de cada caso e as questões éticas envolvidas requerem um nível de julgamento e compreensão humana que vai além das capacidades atuais da IA. 

Portanto, enquanto a IA pode assumir muitas tarefas técnicas e administrativas, a função do advogado como conselheiro, defensor e negociador continua sendo insubstituível.

Em resumo, a tecnologia pode ser um parceiro poderoso, mas o papel do advogado na interpretação do direito e na gestão de casos complexos permanece fundamental.

Quais empregos a Inteligência Artificial pode substituir?

A Inteligência Artificial (IA) está avançando rapidamente e tem o potencial de substituir empregos em várias áreas, principalmente aqueles que envolvem tarefas repetitivas e baseadas em regras. Entre os empregos que podem ser mais suscetíveis à automação estão:

  • Atendentes de telemarketing: sistemas como chatbots e assistentes virtuais, podem gerenciar chamadas e responder a perguntas de clientes, substituindo a necessidade de atendentes humanos em muitas situações;
  • Analistas de dados: ferramentas podem analisar grandes volumes de dados e gerar relatórios com mais rapidez e precisão do que os analistas humanos;
  • Assistentes administrativos: tarefas administrativas, como agendamento de compromissos, gerenciamento de e-mails e organização de arquivos, podem ser automatizadas por sistemas de IA, reduzindo a necessidade de assistentes administrativos humanos;
  • Revisores e corretores de texto: softwares já são capazes de realizar a revisão gramatical e ortográfica de textos com alta precisão, substituindo parte do trabalho dos revisores e corretores de texto.

O que a Inteligência Artificial poderá substituir?

Agora, quando falamos sobre as tarefas que a inteligência artificial pode substituir, temos também uma grande quantidade de possibilidades. Certamente, a principal é o processamento de documentos. 

Em setores como o jurídico e o financeiro, a IA pode revisar, classificar e extrair informações de documentos com eficiência, substituindo tarefas manuais que exigem muito tempo e esforço. Além disso, também pode auxiliar no campo da medicina, com diagnóstico médico inicial.

Isso porque, ferramentas estão sendo desenvolvidas para analisar exames médicos e imagens com precisão. Com isso, pode oferecer diagnósticos preliminares que podem auxiliar médicos na detecção precoce de doenças.

Robôs e sistemas de IA podem gerenciar o armazenamento, a embalagem e o envio de produtos em armazéns, realizando tarefas que tradicionalmente requeriam trabalho manual intenso. 

Por fim, quando falamos de suporte ao cliente, os assistentes virtuais e chatbots podem responder a perguntas frequentes e fornecer suporte ao cliente 24 horas por dia. Logo, substituindo parte do trabalho realizado por operadores humanos em centros de atendimento.

Entretanto, embora a tecnologia possa substituir muitos empregos e tarefas, é importante notar que ela também pode criar novas oportunidades e mudar a natureza do trabalho em diversos setores.

Em vez de eliminar empregos, a IA frequentemente transforma as funções existentes e exige novas habilidades dos trabalhadores.

Qual o papel atual da IA no direito?

Atualmente, a Inteligência Artificial (IA) está desempenhando um papel transformador no campo jurídico, com várias aplicações que visam aumentar a eficiência e a precisão.

A IA está sendo utilizada para automatizar tarefas repetitivas, como a revisão de documentos e a geração de contratos padrão, permitindo que advogados se concentrem em atividades mais complexas. 

Além disso, ferramentas de IA ajudam na análise e pesquisa jurídica, oferecendo informações sobre jurisprudência e precedentes. Assim como na previsão de resultados de casos, fornecendo avaliações baseadas em dados históricos.

Como a Inteligência Artificial pode ajudar na advocacia?

A Inteligência Artificial (IA) oferece diversas maneiras de ajudar na advocacia, promovendo maior eficiência e eficácia no trabalho dos advogados.

Em resumo, a IA está se mostrando uma aliada valiosa na advocacia, otimizando processos, sugerindo tarefas, organizando andamentos e auxiliando na captação de clientes

Otimização do tempo

A IA pode automatizar tarefas repetitivas e administrativas, como a revisão de documentos, a geração de contratos e o gerenciamento de prazos. Com isso, reduz significativamente o tempo que os advogados gastam em atividades rotineiras. 

A partir disso, os advogados podem se concentrar em atividades mais estratégicas e de maior valor agregado, como a formulação de estratégias legais e a interação com clientes.

Sugestão de tarefas

Outra ajuda muito importante dos sistemas de IA é a possibilidade de analisar o progresso dos casos e sugerir tarefas prioritárias com base em dados históricos e na situação atual.

Desse modo, ajuda os advogados a manterem o controle sobre as atividades pendentes e a gestão de casos de forma mais eficiente. 

Portanto, a IA pode fornecer recomendações sobre quais ações devem ser tomadas e quando, facilitando uma organização mais eficaz do trabalho.

Classificação de andamentos

Além disso, ferramentas de IA ajudam na classificação e monitoramento dos andamentos processuais, oferecendo uma visão clara do status de cada caso e alertando sobre prazos importantes.

Essa possibilidade melhora a gestão do fluxo de trabalho, garantindo que nada seja negligenciado e que todas as etapas do processo jurídico sejam concluídas de acordo com os prazos estabelecidos.

Redes sociais e captação de clientes

Por fim, a IA também pode ser utilizada para analisar dados de redes sociais e identificar oportunidades de captação de clientes. Isso porque sistemas de IA podem monitorar conversas e interações nas redes sociais para encontrar leads potenciais e entender melhor o comportamento e as necessidades dos clientes. 

Além disso, a IA pode ajudar na criação de campanhas de marketing direcionadas e na personalização de abordagens para atrair e engajar novos clientes.

Quais as limitações da Inteligência Artificial no campo jurídico?

Embora a Inteligência Artificial (IA) esteja transformando a prática jurídica de várias maneiras, ela ainda enfrenta limitações no campo do Direito. A pesquisa trouxe um panorama de como a IA tem sido recebida nos escritórios atualmente.

Resistência por parte dos advogados

Com isso, 71% dos advogados afirmaram ter resistência ao implementar a IA no setor jurídico. Essas limitações destacam as áreas onde a IA não consegue substituir a complexidade e a profundidade do julgamento humano. 

Infográfico representando: os advogados resistes ao uso da IA?

No entanto, aqueles que resistem à ideia do uso da IA representam apenas 1% dos escritórios entrevistados. Na verdade, a maioria já utiliza a IA com alguma frequência, representando 46%.

Além disso, 27% já têm mais familiaridade e utilizam uma integração profunda da ferramenta nas atividades diárias. Por fim, 26% planejam adotar a IA nas ruas rotinas em breve. 

Nuances do Direito

O direito é um campo que lida com uma vasta gama de situações e contextos, muitos dos quais possuem nuances sutis e complexas. Com isso, a aplicação das leis muitas vezes requer uma compreensão detalhada das circunstâncias específicas de cada caso, algo que vai além das capacidades atuais da Inteligência Artificial. 

Isso porque, sistemas de IA podem ter dificuldades em captar e interpretar essas sutilezas, resultando em interpretações que podem não refletir com precisão as intenções legais ou a realidade do caso.

Complexidade da prática jurídica

A prática jurídica envolve a gestão de casos com múltiplas camadas de complexidade, incluindo a interação entre diferentes áreas do direito, a consideração de precedentes e a adaptação às mudanças na legislação. A complexidade das situações jurídicas exige uma abordagem que a IA ainda não pode replicar totalmente. 

Intuição humana

A intuição desempenha um papel importante, ajudando advogados a tomar decisões baseadas em sua experiência e conhecimento acumulado. A IA, por sua natureza, opera com base em dados e algoritmos e não possui a capacidade de desenvolver intuição ou compreender o contexto de maneira subjetiva e experiencial.

Interpretação humana

A interpretação das leis e regulamentos frequentemente exige um entendimento profundo e uma análise crítica que leva em conta fatores subjetivos e contextuais.

Os advogados precisam interpretar a lei e a intenção por trás dela. A IA pode fornecer análises baseadas em dados existentes, mas pode faltar a capacidade de interpretar leis de maneira flexível e adaptativa, levando em consideração a situação específica e o contexto humano.

Questões éticas e morais

Por fim, a aplicação da IA no campo jurídico levanta questões éticas e morais que são difíceis de abordar apenas com algoritmos e dados. As decisões legais muitas vezes envolvem dilemas éticos que requerem consideração dos impactos sociais e humanos, algo que a IA não consegue avaliar de maneira completa. 

Questões como a justiça, a imparcialidade e a equidade são complexas e muitas vezes envolvem julgamentos que vão além da lógica dos dados. Ou seja, exige uma abordagem ética e moral que a tecnologia ainda não pode oferecer totalmente.

Como os escritórios estão se organizando frente à IA?

No que se referem a políticas e regras para o uso da IA pelos colaboradores, 71% afirmaram não ter implementado tais regras. No entanto, 22% se certificaram de ter essas questões bem definidas no escritório.

Por outro lado, existe também a questão dos profissionais capacitados para trabalhar com IA. 60% dos escritórios disseram não estarem buscando esses profissionais, 36% fizeram esse esforço e 4% não souberam opinar. 

Gráficos comparando o uso da IA por colaboradores nos escritórios de advocacia e profissionais capacitados

Qual a melhor IA para advogados atualmente?

Atualmente, há várias ferramentas de Inteligência Artificial (IA) projetadas para advogados que oferecem soluções eficazes para diferentes aspectos da prática jurídica. A escolha da melhor IA depende das necessidades específicas de cada escritório de advocacia e das tarefas que se deseja automatizar.

Entre as principais alternativas destacamos a ROSS Intelligence, uma plataforma de pesquisa jurídica que utiliza IA para ajudar advogados a encontrar precedentes legais e informações relevantes de forma rápida e eficiente. 

Já a LexisNexis é uma ferramenta amplamente reconhecida no setor jurídico que utiliza IA para pesquisa e análise jurídica. A plataforma oferece recursos avançados para a pesquisa de casos, análise de precedentes e gestão de documentos, além de integrar ferramentas de IA para otimizar a busca por informações jurídicas.

ChatGPT e Advocacia: o que advogados já podem fazer com a Inteligência Artificial

A pesquisa também aponta o Chat GPT como a ferramenta mais utilizada, representando 90% de predominância. Em seguida, vem a Microsoft Copilot e o Grammarly, com 29% e 20%, respectivamente.  

O Gemini, Dall-de, ChatBot e Synthesia, também são ferramentas presentes nos escritórios, mesmo que em menor escala.

Qual o investimento em IA feito pelos escritórios de advocacia?”

De acordo com a pesquisa, 69% dos escritórios entrevistados pretendem investir em IA até o final de 2024. É revelada também uma tendência significativa de aumento nos investimentos em IA.

Em 2023, 41% dos escritórios não investiram nessas tecnologias, mas, como dito anteriormente, pretendem investir até o final de 2024. Já o número de escritórios que não planejam fazer nenhum investimento caiu para 31%. 

O aumento do investimento em IA nos últimos dois anos

Como será o futuro da advocacia com a Inteligência Artificial?

O futuro da advocacia com a Inteligência Artificial (IA) promete ser marcado por uma transformação na forma como os serviços jurídicos são prestados. A IA está configurada para revolucionar a prática jurídica, com a automação de tarefas rotineiras e a análise avançada de dados, permitindo que advogados se concentrem mais em estratégias complexas e na interação com clientes. 

Por isso, espera-se que a IA melhore a eficiência dos processos legais, reduzindo o tempo necessário para tarefas como revisão de documentos, pesquisa jurídica e gerenciamento de casos. Além disso, a utilização de IA na previsão de resultados e na análise de risco pode proporcionar informações mais precisas e ajudar na formulação de estratégias jurídicas mais eficazes.

Como será o advogado do futuro?

Em paralelo, o advogado do futuro será um profissional adaptado às mudanças trazidas pela tecnologia, com habilidades para integrar a Inteligência Artificial em sua prática diária. Esse advogado será mais focado em tarefas estratégicas e de alto valor, enquanto delega tarefas repetitivas e baseadas em regras para ferramentas de IA. 

A capacidade de analisar e interpretar dados complexos, utilizar ferramentas de IA para melhorar a pesquisa e a gestão de casos, e adaptar-se às mudanças tecnológicas será crucial. 

Além disso, as habilidades interpessoais e a capacidade de lidar com questões éticas e morais continuarão a ser essenciais. Afinal, a IA não pode substituir completamente o julgamento humano e a empatia necessários para compreender e atender às necessidades dos clientes.

Conclusão

A Inteligência Artificial está transformando o futuro da advocacia, provocando mudanças na forma como os serviços jurídicos são oferecidos e no papel dos advogados.

No entanto, a IA não substitui o papel crucial do advogado na interpretação de leis, no julgamento ético e na interação com clientes.

O advogado do presente e futuro é aquele que sabe integrar a tecnologia de forma eficaz em sua prática. Dessa forma, equilibra inovação com a expertise humana para oferecer um serviço jurídico mais eficiente. 

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Autor
Foto - Eduardo Koetz
Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, escritor, sócio e fundador da Koetz Advocacia e CEO da empresa de software jurídico Advbox.

Possui bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Possui tanto registros na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (OAB/SC 42.934, OAB/RS 73.409, OAB/PR 72.951, OAB/SP 435.266, OAB/MG 204.531, OAB/MG 204.531), como na Ordem dos Advogados de Portugal - OA ( OA/Portugal 69.512L).
É pós-graduado em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011- 2012) e em Direito Tributário pela Escola Superior da Magistratura Federal ESMAFE (2013 - 2014).

Atua como um dos principais gestores da Koetz Advocacia realizando a supervisão e liderança em todos os setores do escritório. Em 2021, Eduardo publicou o livro intitulado: Otimizado - O escritório como empresa escalável pela editora Viseu.

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